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Proposta por Wagner Neto, audiência pública reuniu autoridades para debater os impactos da reforma tributária em Goiás

15 de Setembro de 2023 às 13:40
Crédito: Will Rosa
Proposta por Wagner Neto, audiência pública reuniu autoridades para debater os impactos da reforma tributária em Goiás
Audiência pública sobre "O impacto da Reforma Tributária no Estado de Goiás

O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e da Frente Parlamentar Pró-Industria (FPPI) do Parlamento goiano, deputado Wagner Camargo Neto (Solidariedade), realizou na manhã desta sexta-feira, 15, audiência pública para debater os impactos da reforma tributária em Goiás.

Além de Wagner Neto, a mesa de debates foi composta pelo deputado Mauro Rubem (PT); a secretária de Estado de Economia, Selene Peres, que representou no evento o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB); o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado Federal, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO); o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Joel Sant'anna Braga Filho; o presidente da Fieg, Sandro Mabel; o presidente da Associação Goiana de Municípios e prefeito de Goianira, Carlão da Fox; o presidente da Federação Goiana dos Municípios e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves; o  procurador chefe da Procuradoria Tributária, Raimundo Diniz, representando o procurador-geral do Estado, Rafael Arruda; a procuradora da Assembleia Legislativa, Maira Melo; o presidente da Goiás Parcerias, Diego Soares.

Durante a audiência pública, Wagner Neto pontuou que o debate é a primeira ação da FPPI. O parlamentar declarou, ainda, que o intuito é avançar no que tange à industrialização do Estado. “A reforma atua de maneira significativa nesse tema e não poderíamos deixar de escutar essas pessoas para aperfeiçoar o texto e entregar um relatório conclusivo ao relator da matéria no Senado. Temos que avançar muito nesse texto, essa matéria ainda está apta a mudanças no Senado, então vamos promover esse debate em alto nível para compreendermos essa matéria”, declarou.

Também fizeram uso da palavra os assessores Victor Mauro e Aterson Mendes, que falaram sobre o foco de atuação da FPPI e os principais pontos abordados no texto da reforma.

Posicionamento da Economia

A secretária de Economia, Selena Peres, afirmou que o tema tem sido muito debatido e estudado pelo governador Ronaldo Caiado, que tomou a iniciativa de defender os estados que estão em desenvolvimento. “A reforma tributária tem fortes efeitos para o desenvolvimento regional do Brasil”. A secretária explicou que atualmente no País os estados podem instituir incentivos fiscais e a eventual aprovação da reforma impedirá essa autonomia, o que pode afastar investidores. “Em vez de nós atrairmos as empresas, elas que serão repelidas, porque isso afetará a estrutura de custos. Hoje nós compensamos esses custos maiores com a concessão de incentivos fiscais”.

Selene, ainda, afirmou que a reforma tributária muda a verba de origem para o destino e impacta os setores produtivos de forma diferentes. “Deverá afetar bruscamente a economia do Estado de Goiás e o nível de empregos, por isso essa reforma como está não pode passar”.

Pontos negativos

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Sandro Mabel, também esteve presente na audiência pública e aproveitou a oportunidade para parabenizar a atuação do deputado Wagner Neto em defesa da indústria goiana. Ele também deixou a FIEG à disposição para trabalhar junto com a FPPI.

Mabel declarou que o Estado de Goiás encontra-se hoje numa situação financeira favorável, mas que pode ser prejudicado pela reforma tributária nos moldes atuais. “Nós todos queremos uma reforma, mas o texto atual não é o excelente para nós, afinal muitas empresas podem deixar o estado por falta de incentivo”, afirmou. Ele elencou pontos que considera adversos para o estado, como a definição de uma cesta básica nacional e o cash back para o consumidor. O presidente da FIEG pontuou que é fundamental especificidade para definir critérios, e concluiu afirmando que cada região possui características financeiras particulares, o que impede a generalização das regras tributárias.

O secretário de Estado da Indústria e Comércio e Serviços, Joel Sant’Anna Braga Filho, expôs sua preocupação com a mudança e afirmou que, "depois que começamos a cogitar essa reforma no Estado, não se tem mais recebido empresários que queiram vir para Goiás, pelo receio e pelo temor da reforma tributária". Ele ainda acrescentou que a reforma repercutiu no orçamento do Estado e dos municípios que já estavam comprometidos. A ausência de arrecadação necessária irá contribuir para a falta de recursos essenciais para garantir o funcionamento dos municípios.

Já o presidente da Federação Goiana dos Municípios e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves declarou que “a associação defende que 35% dos tributos sejam definidos por legislações estaduais”. Além disso, ele elencou vários pontos reivindicados pela associação de prefeitos, que são: autonomia financeira aos municípios, a definição de membros do Conselho Federativo com paridade populacional, contas públicas sem incidência de tributação para redução de custos e exclusão da possibilidade de o estado reter fundos municipais.

Esvaziamento de competências

Ao analisar a viabilidade jurídica da matéria, o procurador-chefe da Procuradoria Tributária, Raimundo Diniz afirmou que a reforma tributária esvazia a competência dos estados e municípios e fere a garantia constitucional das Casas de Leis em definirem suas cargas tributárias, o que irá engessar o contencioso administrativo dos contribuintes e dos estados. Para ele, se aprovada no Congresso Nacional, a reforma deverá enfrentar pedidos de judicialização por diversas entidades, ocorrendo possível análise por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Esse engessamento tem por consequência o enfraquecimento das forças políticas locais e das realidades dos estados. A união tem o dever de promover o desenvolvimento regional, mas é preciso dar espaço para a possibilidade de autonomia. Não há investimentos sem recursos financeiros, não há programação de políticas sem acesso a autonomia de captação de recursos”. Por fim, o procurador ressaltou que a reforma tributária, tal qual apresentada, tira a possibilidade de resistência aos modelos pré-estabelecidos.

O senador por Goiás, Vanderlan Cardoso, parabenizou o deputado Wagner Neto pela iniciativa e o trabalho que vem realizando no Estado de Goiás. O senador afirmou que essas ocasiões são extremamente necessárias e enriquecem o debate sobre o tema. “No Senado Federal, nós criamos um órgão, um grupo de trabalho dentro da Comissão de Assuntos Econômicos, por meio de audiências públicas como essa, e tem sido muito produtivo para conseguirmos debater, ouvir sugestões e entender a dificuldade de cada setor e segmento”, declarou.

 Vanderlan explicou que não é totalmente contra a reforma tributária, mas é contra o texto que foi aprovado na Câmara dos Deputados. “Muitas áreas foram esquecidas nesse projeto, porém podemos pegar o que ele tem de proveitoso e aplicar, e estamos estudando o que é benéfico”. O congressista ainda disse ser um defensor da reforma administrativa no país e ressaltou seu posicionamento de que ela deveria ser feita antes da reforma tributária. “ Nós temos que trabalhar primeiro a administrativa, porque nós temos que coibir, parar com excessos, supersalários. Da forma como está, quem carrega o País não vai dar mais conta de carregar”. 

Ele encerrou sua fala lembrando que ainda há muito a ser discutido sobre os assuntos que ramificam a reforma tributária e não se pode esquecer da saúde financeira dos municípios e estudar logísticas que priorizam o desenvolvimento do Estado.

Agência Assembleia de Notícias
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