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Notícias dos Gabinetes
Impeachment não é golpe, é democracia

28 de Março de 2016 às 14:43
Artigo escrito pelo deputado Lincoln Tejota (PSD) e publicado no Jornal "Diário da Manhã", edição de 26 de março de 2016, página 6.
* Deputado estadual Lincoln Tejota - PSD 

É inaceitável dizer que impeachment seja golpe. As maiores conquistas da democracia são a possibilidade de escolhermos quem nos governa, mas também ter os meios legais de demovê-lo(a) caso seja cometido algum crime.

O processo de impeachment é avaliado e decidido em um mecanismo que fortalece ainda mais a democracia: através de representantes que foram escolhidos pelo voto popular. Não há que se falar em golpe diante de tantas provas de desvio de conduta no cerne do governo federal. Não foi golpe com Fernando Collor que, mesmo após a renúncia, teve impeachment referendado pelo Congresso. E não será golpe agora.

Diante de nossos olhos, o governo federal tentar impedir uma investigação conduzida pelo Ministério Público Federal e com pedidos referendados pela Justiça Federal, por meio do juiz Sérgio Moro. A situação atual é bem adversa dos tempos sombrios que culminaram no golpe militar em 1964.     É o governo federal que está envolto pela corrupção e destituí-lo do poder seria um ato democrático.  

Tentam se esconder atrás de foro especial garantido aos ministros de Estado um homem investigado. Criticam o trabalho de órgãos e servidores públicos que têm o respaldo da Nação, trocam ministro por acharem que ele não "põe redeas" na polícia. Diante de tantos atos, pergunto: se for falarmos em golpe, quem seria seu protagonista?

Afora as questões policiais, legais e fiscais que envolvem a má condução do governo federal, temos que ouvir alguns dizerem que não há crise. O leitor pode não acreditar, mas já ouvi e li tal argumento por aí. Um argumento também inadmissível. 

Basta conversar com qualquer pessoa de qualquer ramo. Conheço gente que trabalha em concessionária que, um tempo atrás, vendia cerca de 200 carros por mês. Hoje, não passam de 80. Precisaram demitir um terço dos funcionários. Outro amigo, que há 25 anos trabalha com toldos e tendas, foi à falência no ano passado. O ramo imobiliário esfriou. A crise existe e é real, proveniente da falta que faz todo o dinheiro que foi tirado de circulação através da corrupção, do assalto à Petrobras, ao BNDES, dentre outros.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta semana, o Brasil fechou 104.582 vagas formais de trabalho em fevereiro. O pior resultado para esse mês desde 1992.

A Petrobras também anunciou prejuízo de mais de R$ 34 bilhões, isso referente apenas ao ano de 2015, o ano em que estourou o escândalo envolvendo a empresa. Imagine o quanto era roubado nos anos em que a imprensa e as entidades de controle e investigação não estiveram focadas ali?

Precisamos de mudança, e não só de um partido, não só de uma pessoa, não só de um governo, mas de todos os brasileiros. A verdade é que precisamos mudar a prática política, e isso, ao meu ver, começa em casa. Começa a partir de atos simples. Essa semana fui com minha família e amigos a uma restaurante. O garçom trouxe a conta mas esqueceu de cobrar uma pessoa. Pedi a ele que adicionasse uma a mais e ele ficou me olhando, incrédulo, provavelmente não está acostumado a lidar com pequenos atos de honestidade. 

A ideia de se dar bem, de crescer em cima da infelicidade, da desgraça e da miséria dos outros tem que ser extirpada de nós. Não podemos admitir alguém pedir para quebrar multa estando errado, furar fila, aceitar troco errado, pegar ou emitir nota fria. Não existe nada de graça. O que eu deixo de pagar, alguém paga - geralmente a pessoa que tem menos condições de arcar com esse pagamento. No fim, todos nós pagamos pela "esperteza" de alguns. E pagamos muito caro.

O Brasil está acordando, e não apenas em relação a um partido, mas a todos os políticos. O povo está cumprindo o seu papel, pagando caro por IPVA, IPTU, imposto de renda e etc. Quem nunca cumpriu o papel, nunca fez o dever de casa somos nós, governantes. Então está na hora de acordarmos e mudar. Chega! Basta! O sangue do povo, que escorre nos Cais, nos assaltos, nas estradas, fruto da inoperância, da incapacidade, do egoísmo e da falta de compromisso com a confiança que nos foi conferida está nas mãos de todos os governantes, de todos os partidos, eleitos para mudar essa realidade.

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