“É preciso quebrar essa cultura machista”, afirmou a delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Aparecida de Goiânia, Cybelle Tristão, durante a audiência pública para debater o feminicídio em Goiás. Para ela, é necessário investir em educação para combater o crime. 

“Acho que a violência contra a mulher é uma construção social oriunda de uma sociedade patriarcal onde a mulher sempre foi submissa ao homem. Enquanto não investirmos mais em educação e tratar junto com as crianças que estão dando seus primeiros passos nas escolas, vamos estar enxugando gelo. É preciso quebrar essa cultura machista”, ressaltou.

Ela mostrou números sobre o problema. “Nas audiências nós trazemos dados que o Brasil mata e está em quinto lugar em número de feminicídio e Goiás está em segundo lugar. Acho que isso não é mais segredo para ninguém".

Cybelle também falou das dificuldades para trabalhar. "Muitas vezes, nós delegadas, pelo amor que temos pela profissão, trabalhamos em prédios locados. Em Aparecida de Goiânia não temos sede própria, mas já estamos mobilizando isso junto com o prefeito, que é um grande parceiro”, contou.

Ela trata sobre a necessidade de uma equipe multidisciplinar nas delegacias. “Eu tenho uma psicóloga que atende na delegacia uma vez por semana por um período. Isso dificulta muito, não só na área psicológica, mas também na área de assistência social. Não temos juizado da mulher em Aparecida, não há casas de passagem nem abrigo para mulheres vítimas de violência”, reclamou.   

Por fim, Cybelle Tristão ressaltou que para poder atender bem as mulheres vítimas de violência, o Estado deve investir em ações preventivas. “Temos que sair da audiência pública com encaminhamentos. Acredito que ações de repreensão devem ser intensificadas, mas o Estado deve investir em prevenção, há muita falha nesse aspecto.”

Audiência ocorre na manhã desta terça-feira, 21, no Auditório Solon Amaral da Assembleia Legislativa de Goiás.