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História do auditório Costa Lima

09 de Agosto de 2018 às 16:00
Crédito: Denise Xavier Lemes
História do auditório Costa Lima
Dep. Costa Lima
Assembleia homenageou o ex-deputado Manoel da Costa Lima nomeando o principal auditório com o nome do parlamentar, que morreu em 1981 em acidente aéreo. A resolução teve a assinatura do então presidente, deputado Eurico Barbosa.

No dia 30 de outubro de 1981, uma quinta-feira chuvosa, o líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Costa Lima, deixa o plenário para pegar avião com destino a Paranaiguara, no Sudoeste do Estado. Estava em campanha pela reeleição e era considerado um dos maiores expoentes da oposição em Goiás, ao lado de Derval de Paiva, João Divino Dornelles, Juarez Magalhães e Línio de Paiva.

No embarque, por volta das 15 horas, no Aeródromo Brigadeiro Mário Eppinghaus, antiga Escolinha de Aviação, Costa Lima estava acompanhado, além do piloto José Rosa, do vereador Edmundo Rocha (PMDB) e dos suplentes de deputado federal José de Oliveira e Sebastião Júlio de Aguiar.  Pouco tempo depois, ao desviar da rota por causa de uma forte tempestade, a aeronave caiu na cidade de Bom Jesus de Goiás, não deixando nenhum sobrevivente.

A morte prematura de Costa Lima, neste trágico acidente aéreo, provocou à época uma grande comoção na classe política de Goiás, especialmente na campanha do PMDB ao Governo do Estado. O parlamentar, assim como Edmundo Rocha e José de Oliveira, era considerado da mais estrita confiança do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, tido e havido como imbatível na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, graças à cassação de seu mandato pelo regime militar em 1964. Sebastião Aguiar, por sua vez, era um empresário bem-sucedido, porém carregava a fama de ser muito ingênuo na arte de fazer política.

Trajetória

Manoel da Costa Lima, filho de Augusto César de Lima e Lezita Maria de Lima, nasceu em Serranópolis, então distrito de Jataí, Sudoeste do Estado, em 8 de novembro de 1943. Era contador e advogado diplomado pela Faculdade de Direito de Uberlândia (MG). Após a eleição para deputado estadual, em 1979, na 9ª legislatura, ele mostrou habilidades de um grande articulador político, além de bom orador na tribuna. Indicado para a liderança da bancada do PMDB, engajou-se na campanha de Iris Rezende e ajudou o PMDB a se transformar em depositário das esperanças de dias melhores para Goiás e também das frustrações dos brasileiros com a ditadura e o arbítrio de duas décadas.

Costa Lima testemunhou, naquele mesmo ano, o lançamento da candidatura de Iris Rezende ao Governo do Estado, na chácara do deputado João Divino, saída para Inhumas, patrocinado pelo polêmico vereador Daniel Antônio, que era cunhado do anfitrião. O gesto foi considerado precipitado porque ninguém, naquele momento, tinha certeza da realização de eleição direta para o Governo.

Pouco tempo depois, já com a pré-candidatura de Henrique Santillo nas ruas e ganhando força entre intelectuais e setores organizados da sociedade, Costa Lima ajudou a celebrar um pacto com Derval de Paiva e Fernando Cunha, avalizado pelo ex-governador Mauro Borges, criando condições concretas, de respaldo partidário, para viabilizar a eleição de Iris Rezende. As primeiras propostas de Governo, também testemunhadas por Costa Lima, foram apresentadas três anos antes do pleito de 1982, em Miracema do Norte, incluindo o asfaltamento ligando o município à BR-153, numa extensão de 20 quilômetros.

Homem de diálogo, o líder do PMDB na Assembleia Legislativa deixou suas digitais em praticamente todos os eventos para consolidar a vitória de Iris Rezende, inclusive nas articulações para a adesão do ex-governador Irapuan Costa Júnior ao partido, que era repudiada por Henrique Santillo. Poucos dias antes de morrer, Costa Lima também esteve presente na cidade de Goiás, onde Derval de Paiva armou um teatro em seu principal reduto eleitoral para encenar, de forma definitiva, a unidade do PMDB. Tudo a ver com a troca de abraços, entre Irapuan e Santillo, apesar da cara amarrada do combativo senador de 347.298 votos ao deixar o Hotel Vila Boa.  

Hoje, 38 anos depois, a conclusão que se tira é que o trágico acidente aéreo que vitimou o deputado Manoel da Costa Lima, em Bom Jesus de Goiás, matou também uma das mais promissoras carreiras políticas do Estado de Goiás. Daí a iniciativa da Assembleia Legislativa em homenagear a sua memória com a denominação de “Costa Lima” ao seu principal auditório, que fica à esquerda da entrada principal do Palácio Alfredo Nasser. O projeto de resolução teve a assinatura do então presidente, Eurico Barbosa, e foi publicado no dia 1º de outubro de 1986, 14 dias antes de Henrique Santillo ser eleito governador de Goiás, com apoio de Iris Rezende e Irapuan Costa Júnior.

Além de homenagem da Casa de Leis, onde destacou-se como figura pública, apesar do breve mandato, Costa Lima foi também reverenciado pelo povo da cidade em que passou sua infância e juventude. Jataí, no Sudoeste Goiano, abriga rua com seu nome. Ainda, escola municipal denominada Deputado Manoel da Costa Lima mantém viva a memória do parlamentar. O Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos, que preserva e difunde a história da cidade, é outro que tem espaço dedicado ao ilustre expoente. Fotos e recortes de jornais da época destacam a atuação política do parlamentar.

Documentário produzido pela TV Assembleia, a ser lançado em breve, esmiuçará a vida e o legado do deputado estadual, cujo nome foi eternizado nas paredes do Poder Legislativo. Antônio Cândido, seu irmão mais velho, hoje com 92 anos de idade, será um dos que rememorará os feitos de Costa Lima. Wander Arantes, ex-deputado da 9ª Legislatura, amigo pessoal e oponente na tribuna, e Helenes Cândido, colega de bancada na mesma legislatura, também contribuirão com suas lembranças.


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