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Pensões às vítimas do Césio-137

13 de Julho de 2018 às 09:11
Crédito: Marcos Kennedy
Pensões às vítimas do Césio-137
Dep. Helio de Sousa
Deputados Helio de Sousa e Simeyzon silveira comemoram sanção de lei que reajusta pensões para as vítimas do Césio-137. Ambos afirmar que a medida aprovada pela Assembleia Legislativa promove justiça para estas famílias.

Os deputados estaduais Helio de Sousa (PSDB) e Simeyzon Silveira (PSD) manifestaram satisfação e alegria com o gesto do Governador José Eliton (PSDB) em sancionar o Processo Legislativo nº 2938/2018 aprovado em segunda e última votação na sessão extraordinária do dia 03 de julho durante o período de autoconvocação da Assembleia Legislativa. Após a sanção governamental o PL se transformou na Lei Ordinária nº 20.181, de 04 de julho de 2018, e prevê o reajuste dos valores das pensões especiais decorrentes do acidente com o Césio-137 ocorrido em 1987, na cidade de Goiânia, instituídas pela Lei nº 14.226, de 08 de julho de 2002.

De acordo com a proposição da Governadoria, enviada para a Alego por meio do Ofício Mensagem nº 109/2018, os valores constantes dos incisos I e II do artigo 1º da referida lei foram reajustados para R$ 1.908,00 e R$ 954,00, respectivamente. E mais: em decorrência do disposto no artigo 1º, parte final, as pensões especiais permanentes dos demais beneficiários também passaram a ser devidas no valor mensal de R$ 954,00.

O deputado Helio de Sousa, que foi um dos articuladores da aprovação do reajuste dos valores das pensões, explica que a melhoria nos vencimentos atende a pessoas de baixo poder aquisitivo e que tem um custo elevado para tratar da saúde. “Os valores são reajustados toda vez que se altera o salário mínimo e ainda estão abaixo do necessário”, destaca. Helio de Sousa ainda critica as diferenças de valores das pensões. “Não deveria ter categorias e valores diferenciados. Acredito que ainda vamos alcançar a isonomia. Essas famílias tem várias queixas na área da saúde e apesar de contar com o Ipasgo ainda sofrem para cuidar de doenças relacionadas ao contato com o Césio”, ponderou.

Na Comissão Mista o processo foi relatado pelo deputado Simeyzon Silveira. O parlamentar também comemora a sanção da lei. “Tive a grata satisfação de relatar essa matéria. Acho que promovemos justiça para essas famílias. A defasagem nos valores prejudicava muito a vida delas. Simeyzon ainda destacou que o acidente radioativo colocou Goiás numa situação muito ruim na época e que atender as necessidades dos Radioacidentados também é uma forma de contribuir com a recomposição da imagem do Estado diante do que considera uma das piores tragédias do Estado.

O acidente

Um dos maiores acidentes com o isótopo Césio-137 teve início no dia 13 de setembro de 1987, em Goiânia. O desastre fez centenas de vítimas, todas contaminadas por meio de radiações emitidas por uma única cápsula que continha Césio-37.  O instinto curioso de dois catadores de lixo e a falta de informação foram fatores que deram espaço ao ocorrido. Ao vasculharem as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia (também conhecido como Santa Casa de Misericórdia), no centro de Goiânia, tais homens depararam-se com um aparelho de radioterapia abandonado e tiveram a infeliz ideia de remover a máquina com a ajuda de um carrinho de mão. Eles levaram o equipamento até a casa de um deles. 

O maior interesse dos catadores era o lucro que seria obtido com a venda das partes de metal e chumbo do aparelho para ferros-velhos da cidade. Leigos no assunto, não tinham a menor noção do que era aquela máquina e o que havia realmente em seu interior. Após retirarem as peças de seu interesse, o que levou cerca de cinco dias, venderam o que restou ao proprietário de um ferro-velho. O dono do estabelecimento era Devair Alves Ferreira, que, ao desmontar a máquina, expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um pó branco parecido com sal de cozinha que, no escuro, brilha com uma coloração azul.

Ele se encantou com o brilho azul emitido pela substância e resolveu exibir o achado a seus familiares, amigos e parte da vizinhança. Todos acreditavam estar diante de algo sobrenatural e alguns até levaram amostras para casa. A exibição do pó fluorescente ocorreu durante quatro dias, e a área de risco aumentou, pois parte do equipamento de radioterapia também foi para outro ferro-velho, espalhando ainda mais o material radioativo.

Conforme dados do Centro de Apoio aos Radioacidentados (Cara), quatro pessoas morreram em decorrência da radiação que receberam. Outras 22 tiveram radiolesões, que são ferimentos que não cicatrizam por causa do efeito da radiação no corpo, podendo ser quase imperceptíveis, ou levar a perda de membros. O número total de pessoas que tiveram alguma radiação encontrada no corpo foi de 129.

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