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História da Sala Solon Amaral

20 de Julho de 2018 às 10:37
Crédito: Arquivo de família
História da Sala Solon Amaral
Documentário Deputado Solon Amaral
Matéria lembra as razões que levaram a Assembleia homenagear o ex-deputado Solon Amaral, dando seu nome à sala das Comissões Técnicas da Casa. Relator da Constituição Estadual, Solon morreu em 1990, no auge da carreira.

Domingo, 30 de dezembro de 1990, por volta das 15 horas, o deputado Solon Amaral (PMDB) retornava de Formosa, no Entorno de Brasília, onde foi representar a sua bancada no sepultamento de Mário de Castro, pai do deputado Mário Filho (PMDB). Ele estava acompanhado da mulher, Heloísa Amaral, 33 anos; do filho, Paulo Henrique Pires de Carvalho Amaral, 19 anos; e da namorada dele, Renata Monteiro Gomes, 17 anos. De repente, o carro em que viajavam, um Santana branco, placa AS-5280, colidiu com um ônibus Scânia, placa TF-8158, do Expresso São Luiz, que trafegava na BR-060, no trecho ligando Alexânia ao Distrito Federal. Solon teve morte instantânea, enquanto os demais passageiros foram encaminhados para o Hospital de Base, em Brasília – Paulo Henrique morreu durante o deslocamento, Heloísa foi submetida a uma cirurgia no braço e Renata sobreviveu aos traumatismos.

A tragédia, acontecida às vésperas da virada do ano, provocou uma grande comoção em Goiás, especialmente na classe política. Naquele mesmo ano, em razão da campanha eleitoral, já tinham sido vítimas de acidentes automobilísticos os deputados Roberto Balestra e Délio Braz, além o próprio governador eleito, Iris Rezende.

Solon Amaral, um advogado dedicado, estudioso e defensor intransigente das prerrogativas parlamentares, tinha acabado de ser reeleito, com 11.745 votos, e estava vivendo o ápice de sua carreira política. Tinha sido nada mais, nada menos, do que o relator da Comissão de Sistematização da Constituição do Estado de Goiás (promulgada em 1989) e sua atuação imparcial, apesar de representar a bancada governista, mereceu elogios de todas as correntes políticas. No PMDB, seu nome  era apontado como imbatível para a sucessão da Assembleia Legislativa, à época presidida por Brito Miranda, também do PMDB. Ironia do destino, vale registrar que a presença de Solon Amaral em Formosa, naquele fatídico dia, foi a pedido da própria Mesa Diretora até como forma de massificar o nome dele para a disputa. Aliás, no dia de sua morte, 30 de dezembro, a coluna Fio Direto, do Diário da Manhã, já registrava que ele já estava se articulando para ocupar o cargo.

Bastante consternado, após comparecer ao velório realizado na Assembleia Legislativa em companhia da mulher, Iris Araújo, o governador recém-eleito, Iris Rezende, distribuiu nota à imprensa destacando as qualidades políticas e pessoais de Solon Amaral. Segundo ele, Goiás tinha acabado de perder um parlamentar honrado, inteligente e dotado de grande espírito público, “Uma perda irreparável que deixou ao Estado uma Constituição que representa grande parte de seu esforço, de seu trabalho e de sua competência”, acrescentou.

A tragédia, segundo a imprensa

A morte de Solon Amaral foi noticiada com destaque em todos os jornais e revistas da época. A cobertura do acidente em O Popular, que nesta época não circulava às segundas-feiras, só saiu no dia 1 de janeiro de 1991, ilustrada por uma foto de Iris Rezende na primeira página, observando os deputados Brito Miranda e Virmondes Cruvinel carregando o caixão com a ajuda do Coronel Limongi. A reportagem foi feita pelo jornalista Ivan Mendonça, da Editoria de Política. No Diário da Manhã, a morte de Solon dividiu a manchete com uma foto do presidente Fernando Collor ao lado do goiano Joaquim Roriz, que seria empossado governador do Distrito Federal naquele mesmo dia. Na página 5, os jornalistas Ulisses Aesse e Benevides de Almeida assinaram a matéria sobre o acidente e a trajetória do parlamentar. O Jornal da Segunda, que era semanal, trouxe a manchete “Morreu Solon Amaral, fica seu trabalho”. Já o Correio Braziliense, que tinha sucursal em Goiânia, fez uma análise das fortes ligações do falecido deputado com Iris Rezende e ainda antecipou dois detalhes que tinham sido ignorados pelos jornais goianos: a posse do tocantinense Célio Costa para cumprir o restante da 10ª legislatura, que só terminaria em 1º de fevereiro, e a convocação do suplente Barbosa Neto para exercer o mandato da 11ª legislatura que a morte de Solon Amaral interrompeu.

Solon Amaral, na época do acidente estava com 48 anos, era natural de Anápolis, tendo nascido em 2 de agosto de 1942. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e foi presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE). Brilhante na argumentação, ele se tornou professor de Direito Administrativo e de Legislação Urbanística por mais de duas décadas na Universidade Católica de Goiás, onde atuou também como chefe da Assessoria Jurídica. Antes de se eleger deputado da 11ª legislatura (1987 a 1991), ele chefiou também a Assessoria Especial do Governo do Estado de Goiás, de 1983 a 1986. Reeleito para novo mandato, que só terminaria em dezembro de 1994, morreu pouco dias antes de ser empossado.

Versátil e dono de um bom texto, Solon Amaral atuou também como redator em O Popular, Tribuna de Goiás e o Última Hora, de São Paulo. Na Assembleia Legislativa, integrou as Comissões de Constituição e Justiça, Saúde, Redação e Bem-estar do Menor, além de ter sido presidente das Comissões Reunidas. Em 1989, um ano antes de morrer, recebeu o título de “Deputado do Ano” do Clube dos Repórteres Políticos de Goiás.

Sala Solon Amaral, a homenagem da Assembleia Legislativa

Em 26 fevereiro, 27 dias após o falecimento de Solon Amaral, saiu publicado no Diário da Assembleia a Resolução nº 847 dando o nome de “Deputado Solon Amaral” à Sala das Comissões Técnicas do Poder Legislativo. O projeto foi assinado pelo deputado Rubens Cosac que, após a morte precoce do parlamentar, conseguiu apoio majoritário da bancada governista para se eleger presidente da Mesa Diretora.

No dia 10 de abril de 1991, através da lei nº 11.432 aprovada pela Assembleia Legislativa, os filhos menores de Solon Amaral, do casamento com Heloísa Amaral, Mylene Pires de Carvalho Amaral e Renato Pìres de Amaral, ganharam pensão especial equivalente a cinco vezes o menor salário pago a servidor público. A matéria foi sancionada por Iris Rezende e pelo secretário de Governo à época, Haley Margon Vaz.

Em 9 de novembro de 1992, o governador Iris Rezende sancionou uma nova lei aprovada também pela Assembleia Legislativa, que recebeu o nº 11.823, dando o nome de “Deputado Solon Amaral” ao Salão Comunitário do Núcleo de Apoio às creches, localizado no Jardim Nova Esperança, em Goiânia.

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