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Presidente Lissauer Vieira: "Assembleia precisa é de trabalho e resultados efetivos"

06 de Fevereiro de 2019 às 10:21

Menos sensacionalismo e mais trabalho – Em síntese, essa é a filosofia do novo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Lissauer Vieira (PSB). Em entrevista publicada no jornal O Popular nesta quarta-feira, 6, ele deixa claro que sua eleição para comandar a Mesa Diretora, com respaldo de 37 dos 41 deputados, é fruto de um desejo coletivo de resgatar a imagem e as prerrogativas do Poder Legislativo.

“De nada adianta chegar na Assembleia, ser deputado, para ficar gritando, falando coisas que não são verdade, acusando colegas. Não vou falar mal do meu local de trabalho. Se tiver problema, vamos tentar corrigir internamente. Não precisamos ficar fazendo sensacionalismo, isso não leva a lugar nenhum. Não é esse tipo de mandato que a gente precisa, precisamos de resultados efetivos”, afirmou o presidente ao jornal diário.

Lissauer Vieira falou ainda sobre os maiores desafios de sua administração, prometeu decisões colegiadas e negou que a proposta de independência do Poder Legislativo, que serviu de mote para sua vitória, seja entrave para o bom relacionamento com o governador Ronaldo Caiado (DEM). “O deputado que optar por ser oposição ou situação vai ter o mesmo tratamento do presidente”, enfatizou ele, ressaltando: “O Governo vai ter toda a liberdade para trabalhar.”

A entrevista

Quais serão os maiores desafios da Assembleia para o ano?

Como vários Estados em dificuldade, Goiás passa por problemas com a folha de pagamento e atrasos com terceirizados e fornecedores. Nos próximos meses e anos, teremos que ter alguns ajustes, como cortes de gastos e melhoria na arrecadação. Ninguém consegue sobreviver com prejuízo. E o déficit é muito grande. Para conseguir zerá-lo, não será fácil. Só muita austeridade e trabalho. Por isso, tenho pregado sempre para os deputados que não vamos fazer uma Assembleia radical contra o governo. Vamos fazer uma Assembleia independente, porém harmônica e aberta ao diálogo para podermos trazer projetos importantes para Goiás. E, claro, dando a devida celeridade e liberdade para os deputados poderem decidir.

Mesmo tendo derrotado o candidato do governo?

Os poderes têm que se respeitar. Têm que ser harmônicos e ter diálogo. É isso que nós queremos. Agora, a bancada quem tem que fazer é o governador, com o seu líder. O deputado que optar por ser de oposição ou de situação vai ter o mesmo tratamento do presidente. Vão ter condições de trabalhar para poder desempenhar cada um o seu papel, representando seus segmentos e regiões, defendendo os temas de seu interesse. O governo vai ter toda a liberdade para trabalhar, mas o presidente não vai interferir nisso.

O sr. concorda com a avaliação de que sua eleição foi uma derrota para o governador?

Acho que foi uma eleição histórica no Estado de Goiás. Nunca vimos um deputado que não era o candidato do governo conseguir ganhar uma eleição da Assembleia, principalmente no começo de mandato, em que ele está com todo o gás. Mas nosso trabalho foi muito bem costurado. Fizemos um trabalho intenso para convencer os deputados. O sentimento de todos era o de independência, o que não significa radicalismo nem ser oposição. Significa cobrar o que é de direito nosso e estar trabalhando no que é da prerrogativa dos deputados. Falar para o governo: “Olha, na Assembleia, quem manda são os deputados”.

O que a Assembleia pode fazer para ajudar o Estado a sanar as dificuldades nas contas?

Essa questão dos salários dos servidores é o que mais gerou polêmica até hoje. Mas é preciso entender e separar Executivo e Legislativo. Não temos condições de pagar a folha dos servidores, mas temos de dialogar com o governo e tentar convencê-lo. Não sei a real situação fiscal do Estado e o fluxo de caixa do dia a dia.

E a situação da Assembleia, como está?

Recebemos a Assembleia muito equilibrada, com fluxo de caixa tranquilo, sem nenhum débito. O deputado José Vitti é uma pessoa muito responsável e séria. Nos entregou com todas as condições de podermos dar sequência e tocar nosso trabalho. Sobre o governo do Estado, nosso papel é cobrar e ajudar. Para isso, às vezes, vamos ter de pautar projetos de contenção de despesas.

Alguns projetos aprovados pela Assembleia nas gestões de Marconi Perillo e José Eliton causaram polêmica. A Casa não precisa de maior rigor técnico na hora de analisar projetos que lidam com orçamento, por exemplo?

Por isso insistimos em falar da independência da Assembleia. Darmos liberdade para os deputados optarem por fazer oposição ou situação. Proporcionar as condições de trabalho, assessoria jurídica, para que projetos possam tramitar dentro do regulamento interno. Isso nós vamos priorizar. Não vamos votar projetos sem dar a oportunidade de serem discutidos e debatidos. Depois disso, cabe a cada deputado tirar sua conclusão e tentar fazer o melhor para o Estado de Goiás.

O sr. acha que a Assembleia tem responsabilidade sobre a atual situação fiscal do Estado?

Creio que não. A situação fiscal não é um problema de Goiás apenas. O Brasil está em crise. Quantos Estados não estão ainda situação pior que Goiás? Agora, não adianta ficarmos chorando o que passou, remoendo o passado. O governo tem que olhar para a frente, fazer projetos que possam beneficiar a população. E para fazer isso tem que trabalhar muito.

Pela sessão que elegeu a Mesa Diretora, vislumbra-se um clima de embates na Assembleia.

Vejo que as coisas vão se acalmar. A gente vai ter condições de conduzir com pulso firme, cumprindo o regulamento. Não vamos deixar banalizar a Casa. Não vamos, todavia, deixar de dar a oportunidade também para qualquer deputado se expressar. Isso não significa que terá espaço para tumultuar, causar problemas. Não vamos aceitar. Os ânimos estão acirrados não só dentro da Assembleia. Acho que a população está esperando respostas dos seus representantes.

Alguns deputados acusaram, por meio das redes sociais, que houve acerto de cargos em troca de apoio para a eleição da Mesa Diretora. Como avalia?

Nossa articulação se deu com base no diálogo, mostrando a importância de termos uma Casa independente, com condições de trabalho para todos. Às vezes, alguns falam, mas não estão dentro da Casa para saber a realidade dos servidores. Temos pessoas sérias e de bem. Os deputados, na sua grande maioria, são pessoas centradas, comprometidas com o desenvolvimento do Estado. De nada adianta chegar na Assembleia, ser deputado, para ficar gritando, falando coisas que não são verdade, acusando colegas. Não vou falar mal do meu local de trabalho. Se tiver problemas, vamos tentar corrigir, mas internamente. Não precisamos ficar fazendo sensacionalismo. Isso não leva a lugar nenhum. Não é esse tipo de mandato que a gente precisa, precisamos de resultados efetivos.

Sobre o concurso, tem previsão de quando vão ser chamados os aprovados? Hoje também há um grande número de comissionados, haverá cortes?

Vamos convocar nos próximos meses. Com relação a comissionados, contratos, vamos rever tudo. Vamos ver o que é útil, o que está sobrando, o que é necessário. Se não for, é óbvio que vamos cortar. Temos prioridades na Assembleia. Temos que investir em tecnologia da informação, para melhorarmos as condições de trabalho. Temos um prédio antigo. Uma prioridade enorme é poder retomar as obras da nova sede.

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