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Setembro Amarelo

11 de Setembro de 2019 às 18:21
Crédito: Valdir Araújo
Setembro Amarelo
Audiência pública sobre prevenção ao suicídio e valorização da vida
A audiência pública sobre “Prevenção ao Suicídio e a Valorização da Vida” promovida pelo deputado Thiago Albernaz fechou a agenda de ações da campanha “Setembro Amarelo” desta 4ª, 11. Pela manhã, Diretoria de Saúde também discutiu o assunto.

O deputado Thiago Albernaz (SD) coordenou, na tarde desta quarta-feira, 11, debate sobre “Prevenção ao Suicídio e a Valorização da Vida”, dando prosseguimento à programação da Assembleia Legislativa do Setembro Amarelo. Os debates aconteceram no auditório Costa Lima. Na abertura do evento, o deputado Thiago Albernaz destacou os altos números de incidência de depressão, ansiedade e tentativa de suicídio em Goiás, principalmente entre jovens e adolescentes em idade escolar motivou a proposta. “Precisamos discutir a prevenção ao suicídio, em especial, com os jovens. Precisamos participar dessas discussões para esclarecer dúvidas e conseguirmos levar uma mensagem de valorização da vida”.

A psicóloga Mara Suassuna apresentou o projeto Mundo de Dentro, voltado para jovens de 10 a 19 alunos de escolas públicas. Em sua explanação, Mara chamou a atenção para a necessidade do comprometimento social para construção de uma base sólida de inteligência emocional. “Nossa proposta é acolher o professor na execução do programa dentro da escola, e garantir sustentação psicológica àqueles que estão com emocional fragilizado”, pondera. Mara, que também é professora, falou da importância de prevenir a violência nas escolas e do envolvimento dos pais e da comunidade escolar no processo de transformação da vida na juventude. “O programa na sala de aula é bom, mas o que gera impacto de verdade na vida do aluno, é o acompanhamento psicológico oferecido semanalmente por profissionais voluntários que agregam o projeto e que se movimentam para discutir, debater e coibir o desequilíbrio emocional que, na maioria das vezes, termina com o suicídio”, completou.

Na sequência, o doutor em psiquiatria e professor da UFG, Sávio Teixeira, trabalhou o tema “Suicídio do Ponto de Vista Psiquiátrico” que, segundo ele, não é apenas o ato de se matar. “Suicídio é uma síndrome com sintomas e avisos de sofrimento que pode chegar ao resultado final da morte”, esclareceu. Sávio destacou que 97% da população sofre de algum tipo de transtorno mental, desses, apenas 10% conseguem se livrar completamente dos problemas acometidos por ansiedade, depressão, esquizofrenia, traços de personalidade e genética. “Para tratar esses transtornos é preciso mais envolvimento do sistema de saúde para acolher, prevenir e tratar”, explicou. Para finalizar sua apresentação, o psiquiatra apresentou números surpreendentes sobre o percentual de suicídio. “De cada 100 habitantes, 17 são suicidas, cinco planejam se matar, três tentam se matar e apenas um é atendido nos prontos socorros”, finaliza.

O tema “Suicídio: Panorama Global, Mitos e Estratégias de Solução”, ficou a cargo do médico psiquiatra Adelman Azevedo Filho, que deixou a mensagem de alerta dentro e fora do nosso convívio familiar e social porque a sociedade vive um momento de instabilidade emocional desmedida. “No Brasil são registrados pelo menos 30 suicídios por dia. Em Goiás, pelo menos uma pessoa tira a própria vida a cada 24 horas”, afirmou. Segundo ele, os números são alarmantes e nos remete à reflexão e nos alerta aos sinais dessa síndrome. “Precisamos ter mais empatia com o outro, principalmente com nossos filhos, netos e jovens como um todo. Porque o suicídio é um ato impulsivo, e pode ser evitado se os sinais forem percebidos. Precisamos ver o suicídio como um problema pessoal, porque se alguém próximo a você cometer suicídio, você terá responsabilidade sobre isso, por omissão e inércia”, alertou.

A primeira-dama e secretária de Assistência Social de Quirinópolis, Zélia Teodoro Alves, fez uma breve apresentação dos projetos sociais de inclusão esportiva para jovens e adultos. “Estamos mudando a vida da juventude de Quirinópolis com uma política de construção de vidas através do programa 'Mais Jovem', que oferece mais de 20 modalidades esportivas aos alunos da rede pública de educação. É assim que acaba com o ócio emocional do jovem: esporte e oportunidade”, finalizou.

A última palestra foi proferida pela mestra em psicóloga Maria Aparecida de Oliveira, que tratou das “Ações em Saúde para a Prevenção ao Suicídio”. A mensagem repassada pela convidada fez uma crítica ao convívio pessoal social e familiar. “Ninguém escolhe ter problema psicológico e nossa criação não nos permite reconhecer e expor nossos medos, anseios e culpas. Isso vira uma bola de neve, que precisa ser tratada continuadamente. Precisamos nos envolver na vida dos filhos, dos amigos e da sociedade como um todo, como se fosse um jogo de doação natural. Só assim iremos quebrar o paradigma de que o problema do outro não é problema meu”, completou.

Para falar sobre o amor e da necessidade de amar mais, foram convidados: Fernando Bacelar (Guardiões do Amor); Guilherme Batista (Céu que Alcança Criança); e Robert Trajano (Grupo Alegria). Todos eles são engajados em projetos sociais voltados à resgate e valorização da vida e tiveram experiências vitoriosas, tendo como ferramenta principal o “amor”. “A ignorância sobre o assunto faz a gente ser preconceituoso com o outro e nos negamos a ouvir, sorrir, abraçar, olhar, cuidar e principalmente, a amar”, contextualizou Trajano.

Para Fernando Bacelar, o amor e a atenção é um poderoso aliado do tratamento psiquiátrico e tem tudo para gerar bons resultados juntos. “O que falta aos nossos jovens é amor. Falta amar! Tudo o que nossos jovens querem é sentirem-se amados, cuidados e respeitados. Quer salvar alguém do suicídio? Ame-o”, finalizou.

Diretoria de Saúde

Na manhã desta quarta-feira, 11, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou extensa programação da campanha Setembro Amarelo, no salão nobre da Casa, entre às 8h30 e 11h30. O objetivo da campanha é chamar a atenção para a valorização da vida e prevenção ao suicídio, que, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), faz uma vítima no mundo a cada 40 segundos, e é a segunda causa de morte entre jovens até 30 anos. O assunto, que ainda é um tabu social, foi abordado por especialistas em palestras e mesa-redonda. 

Setembro Amarelo é uma realização da Diretoria de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho da Alego, visando oferecer informações sobre o tema para os trabalhadores do Legislativo. Conforme salientou o diretor Marcos Antônio Nogueira, assim como na sociedade em geral, muitos servidores da Casa sofrem com problemas depressivos, além de enfrentarem problemas com os filhos por causa de suicídio. “Temos constatado a gravidade do problema entre nossos funcionários e seus filhos. É um tema vivo aqui dentro”, explicou.

Psiquiatra pós-graduado em dependência química, Luís Gonzalo Gómez Barreto foi o primeiro a fazer uso da palavra. Ele discorreu sobre "Transtornos Psiquiátricos e Suicídio", e afirmou que os fatores são diversos, além de salientar a importância do “Não!”, na formação das crianças, para que estas aprendam a lidar com as frustrações, e sua importância na formação da personalidade da pessoa. “Elas não são treinadas a lidar com a frustração. É preciso dar oportunidade para seu crescimento”, orientou.

A segunda palestra teve como tema “Jovem, não morra no Golden Gate”, ministrada pela escritora, psicopedagoga e psicanalista especialista em prevenção ao suicídio Clara Dawn. Um dos pontos abordados por ela se refere à falta de capacidade, principalmente dos adolescentes, de lidar com as frustrações. Ela também recomendou que a saúde mental seja vista como prioridade desde a infância. “Nós trabalhamos a prevenção desde o ventre materno. E temos a família como base para fazermos esse trabalho”, salientou. “Também é preciso o respeito à dor provocada pela depressão”, afirmou.

Clara falou da necessidade de os pais acompanharem mais de perto o que as crianças assistem na TV, o que leem e o que acessam na internet. Disse que esse acompanhamento deve seguir por toda a vida. “A internet facilita a ocorrência de cyberbullying, que provoca muita dor psíquica e os jovens acabam por optar pelo autoextermínio, por não saberem lidar com essa dor.”

Ao final, Clara compartilhou uma experiência pessoal com a perda de um filho, aos 19 anos, Arthur Miranda, que sofria de esquizofrenia potencializada pelo uso de substâncias alucinógenas. Diante da própria experiência, a especialista alertou para o risco de tais substâncias como coadjuvantes da prática do suicídio.

A terceira e última palestra teve como tema “Prevenção ao Suicídio”. Representantes do Centro de Valorização da Vida (CVV), Maria de Jesus e Manoel Messias de Jesus, falaram sobre o trabalho desenvolvido pelos voluntários da entidade. “As pessoas precisam ser ouvidas por pessoas com os corações abertos”, salientou.

Maria informou que a maioria das pessoas busca ajuda do CVV com profunda dor na alma. “A pessoa se sente excluída. Precisamos ajudar a não desistir”, reiterou.

Manoel contou que a demanda pelo atendimento voluntário realizado pela instituição, por meio do telefone 188, por e-mail ou pessoalmente, tem superado a quantidade de atendentes. Além disso, apontou que apesar de o atendimento alcançar cerca de 10 mil pessoas por dia, mais de 5 mil não conseguem ser ouvidas por falta de atendentes.

Ao final das palestras, o público pôde participar de uma mesa-redonda, na qual receberam orientações mais detalhadas a respeito do que fazer para auxiliar um paciente antes que esse consuma o suicídio.

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