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Helder Valin concede entrevista ao Face a Face

22 de Janeiro de 2011 às 14:23
Veja a íntegra da entrevista concedida pelo presidente da Assembleia Legislativa ao Face a Face, de O Popular, publicada neste sábado, dia 22. Na entrevista o deputado Helder Valin faz um balanço de sua atuação à frente do Legislativo goiano.
FACE A FACE

"Falta de quórum no fim do ano foi proposital"

Painel digital online - O presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB), diz nesta entrevista ao Face a Face que a Casa vai instalar até fevereiro um painel digital que permitirá aos cidadãos ter acesso online à presença dos deputados em plenário.

PERFIL:

Helder Valin Barbosa
, 52 anos, 
Natural de Goiânia, empresário, casado, pai de 2 filhos. Foi vereador em Goiânia por dois mandatos (entre 1993 e 1999) e eleito deputado estadual pela primeira vez em 1999. Vai iniciar em fevereiro o quarto mandato como deputado estadual. Atualmente é presidente
da Assembleia Legislativa.

O presidente da Assembleia Legislativa, Helder Valin (PSDB), disse que a falta de quórum nas sessões realizadas no fim do ano passado tiveram um caráter político, para evitar que projetos do ex-governador Alcides Rodrigues (PP) que traziam mudanças significativas no Estado fossem aprovados. "Os deputados que apoiaram o governo que ganhou as eleições entenderam que, restando poucos dias para terminar a gestão passada, não seria justo com a população que aqueles projetos fossem aprovados", justificou ao responder ontem perguntas de internautas por meio do Face a Face.

Valin afirmou que busca aprimorar o acesso dos cidadãos às informações sobre projetos que tramitam na Casa e frequência dos deputados em plenário e nas comissões. Ele informou que, antes do início da próxima legislatura - em 16 de fevereiro - será instalado um novo painel digital, em substituição ao analógico, que vai permitir a verificação de presença dos deputados por meio do portal da Assembleia. "Queremos chegar ao final de 2014 com todas as informações de atos, situações ou ações que acontecem dentro da Assembleia". Na entrevista abaixo ele fala ainda da convocação extraordinária que permitiu a aprovação da reforma administrativa.

Alexandre Morgado de Oliveira - É muito utópico pensar que um dia a Assembleia irá disponibilizar em seu site informações como os projetos de lei em tramitação, os aprovados, os rejeitados, os apresentados por cada deputado, quem votou contra ou a favor em cada projeto, quem compareceu ou deixou de comparecer a cada sessão?

Leandro Lemes - Gostaria de saber porque as informações como projetos de lei, assiduidade em plenário (é disponibilizada, mas é precária), assiduidade nas comissões e viagens não são publicadas pela Casa no site da Assembleia?


Na verdade elas são publicadas. Todos os atos administrativos e políticos da Assembleia são publicados no Diário Oficial, que é publicado diariamente e está inclusive disponibilizado na rede. Ali tem todas as autorizações de viagem, projetos que foram aprovados, enfim, todos os atos administrativos da mesa diretora e da Casa em si. Nós aperfeiçoamos o TI da Assembleia, Tecnologia da Informação, e temos algumas ações em andamento para ampliar a transparência da Assembleia. O projeto é de seis anos. Foi dois anos na minha gestão e será nos próximos quatro anos dessa próxima legislatura. É dar transparência total, 100%, em todas as ações que a Assembleia desenvolve. Essa legislatura avançou muito na disponibilização dessas informações. Temos no nosso site hoje a demonstração de despesas, indicativos dos salários, do que gasta a Casa. Temos também a pauta da Assembleia de votação publicada no portal com 24 horas de antecedência. Ou seja, todos os projetos que estão tramitando ou vão estar entrando em votação no dia seguinte já vão estar no dia anterior sendo disponibilizada essa informação também no portal. Até para que segmentos organizados, as pessoas que acompanham o trabalho do dia-a-dia da Assembleia, possam ter uma orientação no sentido dos trabalhos que a Casa estará realizando no dia seguinte. A gente precisa avançar muito principalmente nessas questões das comissões. De tentar dar a mesma transparência, as mesmas informações que nós estamos trabalhando no plenário hoje. Nós temos muitas comissões - são 16 comissões permanentes na Casa - e dentro desse novo programa de TI abrange essas informações das comissões também. Na verdade nós queremos chegar ao final de 2014 com todas as informações de todos os atos, situações, ações que acontecem na Assembleia, que tenha acesso anterior de 24 horas - talvez até de 48 horas - à população do Estado, do Brasil, enfim, quem acessar o portal da Assembleia. Isso em todos os quesitos das perguntas que foram solicitadas, que foram feitas aí: a questão da apresentação de projetos, a origem - qual deputado ou qual deputada que apresentou o projeto, se houve apresentações de emendas. A questão da frequência no plenário nós estamos instalando agora no começo, antes do início da nova legislatura, um novo painel eletrônico. Esse painel atual é analógico. Nós vamos colocar um painel digital, que vai possibilitar que online, num curto prazo, a presença dos deputados sejam registradas automaticamente no portal também. Porque vai ter uma conectividade do painel com o portal. Vai ser possível criar essa condição técnica para que isso possa estar acontecendo. O painel atual vai ser colocado no Solon Amaral, que é onde acontecem a maioria das comissões. Agora lá no Solon Amaral, nas comissões, vai ter como registrar as presenças, vai ter como ter um controle de tempo, enfim, nós vamos estar aprimorando o trabalho, começando a aprimorar os trabalhos das comissões com a instalação desse painel também. Vai ficar muito mais fácil saber quem está presente, as votações nominais...Enfim, vai ser mais fácil a gente estar acompanhando também a presença, quem votou sim, quem votou não. Começando a dar maior transparência nas ações das comissões técnicas permanentes da Casa.

E a TV Assembleia na internet?

A TV na internet consta também desse pacote, assim como a disponibilização de todo o acervo escrito da Assembleia, que está sendo digitalizado e vai ficar num site de busca mais ou menos parecido com o Google. Você vai digitar uma palavra, vai elencar uma palavra, e todos os documentos que estão ligados àquela palavra vão ser disponibilizados também na rede. Com isso a população vai ter acesso a todos os documentos da Assembleia, projetos que foram aprovados nos últimos 20 anos, atas de sessões...Enfim, todos os documentos e as ações escritas que a Assembleia criou, construiu nesses quase vinte anos, vão estar também disponibilizados. É um trabalho lento, é um trabalho difícil de ser realizado, mas nós já estamos chegando no momento final dele. Eu acredito que até o final desse ano de 2011 a Assembleia vai ter condição na nova gestão que começa a partir de fevereiro de estar disponibilizando essas situações também

Alexandre Morgado de Oliveira - O senhor pode me citar três projetos de lei importantes de autoria de deputados aprovados em 2010?

Talvez eu fosse injusto com os deputados de buscar entre quase centenas de projetos apresentados os três mais importantes. Mas eu gostaria de colocar os três mais importantes que a Casa, o conjunto dos deputados, criaram e aprovaram ou trabalharam. Seria a reforma do nosso regimento, que pra mim talvez foi a ação mais importante dessa legislatura, que ela criou uma condição nova de...A Assembleia hoje ela tem um papel diferente do que tinha há anos atrás, na questão do conjunto da sociedade e do próprio trabalho do Legislativo. A adequação da constituição talvez grande parte da população não tenha noção da importância que foi a adequação da constituição, de colocar o Estado de Goiás nas mesmas condições de leis, nas mesmas condições técnicas jurídicas com outros Estados do País, mas principalmente em relação à União. Foi um trabalho grande, demorado, de grande importância. Porque na verdade foram modificados mais de 50 artigos, adequados mais de 50 artigos da Constituição Federal. Então foi um trabalho muito bonito, muito importante para o Estado de Goiás. A emenda à Constituição, que vai tirar a última região do Estado da pobreza, que é o Nordeste goiano, conhecido como corredor da miséria, que foi uma emenda aprovada pela maioria dos deputados. Se não me engano 39 deputados votaram nessa emenda, que cria uma condição técnica-financeira de um porcentual para que o governo possa repassar aos 17 municípios dessa região do Estado. Vai resgatar também desenvolvimento, qualidade de vida, progresso, talvez da última região mais pobre ainda do Estado de Goiás. Acho que esses três projetos, essa emenda constitucional, dois projetos e a emenda, elas representam talvez a importância da dedicação e o trabalho dos 41 deputados desse 16ª legislatura.

Fagner Borges - Durante muito tempo matérias importantes foram votadas pela Assembleia nas madrugadas, bem longe dos olhos da sociedade. Essa prática continua? Se não, o que mudou?

Olha, na verdade vem de encontro ao que respondi agora sobre a mudança no regimento interno na Assembleia, que criou a condição diferente na tramitação dos projetos na Casa. Vou dar um exemplo na reforma administrativa que nós aprovamos antes de ontem, em última votação. Em tempos passados, talvez em um dia ou dois essa votação de uma reforma administrativa já teria sido aprovada aqui na Casa. Com a reforma do regimento...Porque a gente fala reforma do regimento e vai focar no sentido no trabalho no plenário. Mas a reforma no regimento é muito mais ampla do que isso, porque ela atingiu também as comissões permanentes da Casa, que é onde realmente se elabora, se trabalha com mais tempo e com maior participação dos segmentos organizados todos os projetos que tramitam na Casa, independentemente se é do Executivo, se é de outro poder, do Judiciário, ou se é de origem da própria Casa, da própria Assembleia. Nós tivemos aí uma tramitação rápida, em regime de urgência...Porque o regime de urgência da Casa quebra certos parâmetros de uma tramitação normal. O líder do Governo tem ações, ele pode solicitar algumas ações dentro do regimento que numa tramitação normal não seria permitido. Mas mesmo em regime de urgência nós tivemos um prazo suficiente para discutir a reforma administrativa. Para que a sociedade pudesse tomar conhecimento sobre o que o governo queria com a reforma administrativa. Fizemos audiência pública, deputados pediram vista, foram apresentadas mais de 60 emendas; dessas quase 30 foram acatadas. Na verdade a Assembleia tem condições hoje de aprimorar os projetos que aqui estão tramitando, principalmente do Executivo. Então eu entendo que essa época das aprovações em toque de urgência, as votações que aconteciam na Casa e eu participei de várias - porque estou completando o 13º ano como deputado estadual -, que acabavam quatro horas da manhã, que acabavam cinco horas da manhã, que lá por volta da meia noite chegava aqui na Casa um monte de pizza e as pessoas falavam que as convocações da Assembleia terminavam em pizza, não é que terminavam em pizza, é que serviam pizza pra que os deputados pudessem, né, tomar um lanche de madrugada. Isso acabou, isso não acontece mais. Além da gente ter uma economia grande com essa questão das pizzas, que a gente quase não compra isso mais, lanches que não são necessários...O principal disso tudo é dar tempo para que a sociedade possa conhecer, possa participar, ajudar a modificar, elaborar, trabalhar melhor os projetos que tramitam na Casa.

Quais atos o líder pode fazer em regime de urgência?

Ele pode convocar sessões extraordinárias uma atrás da outra. Os prazos de tramitação são menores, alguns interstícios também. Os das vistas não, continuam sendo de 24 horas tanto nas extras quanto nas sessões ordinárias. Mas outros parâmetros são diferentes, sessão extraordinária, convocação extraordinária, de um trabalho numa sessão ordinária, uma sessão normal aqui da Casa.


José de Paula Itacaramby - Caro presidente, a sociedade como um todo não compartilha com a pouca produtividade do Legislativo e os altos salários que os deputados recebem, isto é fato incontroverso. Pergunta-se: o que será feito nesta atual gestão para mudar este cenário, seria possível dar uma resposta sem meias palavras? Ou será que o senhor entende que nada precisa ser mudado e os deputados estaduais justificam com trabalho produtivo os salários que recebem?

Primeiro eu não entendo e não posso...Até porque eu acho que quem diz que a Assembleia é improdutiva é porque não participa de forma direta dos trabalhos da Casa. Eu estou terminando agora minha terceira legislatura e essa legislatura até agora foi a mais produtiva das três. O que podemos medir como produtividade? Vários itens: presença, trabalhos que são desenvolvidos, as situações que são criadas buscando a participação da sociedade, da população, do cidadão. E essa legislatura sem dúvida se sobressai sobre as outras duas que eu participei, mas assim muito longe em termos de produtividade, quesitos que poderíamos medir produtividade: número de projetos que foram apresentados, requerimentos, o que foi votado ou não. Essa legislatura apresentou muito mais projetos do que as outras duas que eu participei. Foram votados muito mais projetos do que os votados nas duas legislaturas que participei. Nós não tivemos talvez um número maior de projetos enviados pelo governo. Até porque esse governo que terminou no dia 30 de dezembro ele teve uma característica diferente dos outros dois que eu participei. Então nós tivemos realmente menos projetos do governo tramitando na Casa. Não assim uma diferença expressiva, mas realmente foi menos. Nós tivemos muito mais audiências públicas do que nas outras duas legislaturas. Tivemos muito mais eventos buscando a participação da sociedade nas comissões permanentes do que nas outras legislaturas. Trabalhamos muito para criarmos essas condições. Hoje a Assembleia disponibiliza muito mais informações, principalmente vocês da imprensa são testemunhas disso, do que as outras legislaturas disponibilizavam essas informações. Você mesmo, o POPULAR, outros jornalistas tiveram dificuldades em buscar informações na Casa. Nos últimos quatro anos eu tenho certeza que vocês não encontraram essa dificuldade. Até porque grande parte das informações já estão disponibilizadas no nosso portal. Então eu entendo que nós precisamos aprimorar, porque a vida é muito dinâmica. Tanto a vida profissional de cada um como a vida política dentro do Legislativo. Precisamos criar melhores condições de disponibilizarmos as ações e estamos trabalhando para que isso possa acontecer. Precisamos buscar ainda mais a participação da sociedade. E vamos trabalhar para que isso possa estar também acontecendo. Mas existe uma evolução, ela não pode ser negada. Porque ela está à mostra da sociedade. A Assembleia vem buscando se aprimorar, e eu ouso até dizer assim talvez que a Assembleia de Goiás hoje no Brasil é a que mais busca a integração com a sociedade e a que mais busca dar transparência dos seus atos. E volto a repetir, porque é muito importante isso. Você chegar e dizer que 100% de qualquer ação, de todas as ações, isso numa atividade profissional já é muito difícil; numa atividade política é mais difícil ainda. E a Assembleia vai conseguir - porque existe um programa para que isso possa estar acontecendo - no máximo até final de 2014 (mas eu acredito que até final de 2012 início de 2013), nós vamos estar disponibilizando 100% - não é 99,9%, não - é 100% de tudo que acontece na Casa no portal. O cidadão não vai ter que vir na Assembleia pra buscar informação, pra saber o que está acontecendo, não. Ele na residência dele, no trabalho dele, enfim, onde estiver, e não é só em Goiás, não, em qualquer lugar do mundo ele vai poder saber em tempo real o que acontece ou o que aconteceu aqui na Casa.
O senhor falou em produtividade, mas no ano passado teve eleição e houve uma queda no número de sessões com quórum.

Sim, normal. O período eleitoral numa Casa Legislativa é atípico. E depois desse período eleitoral a Casa continuou não tendo frequência, mas foi uma não-frequência política. Na verdade o governo que terminou - não quero entrar aqui nas razões - enviou um grande número de projetos do governo que iriam mudar a vida do Estado, a vida de muitas categorias, atividades profissionais. Projetos que iam mexer na estrutura tributária do Estado. Os deputados que apoiaram o governo que tinha vencido as eleições em 30 de outubro no segundo turno, entenderam que naquele momento, restando poucos dias para terminar o governo passado, não seria justo com a população do Estado que aqueles projetos pudessem ser aprovados. E utilizaram o processo da falta de quórum. Então nós tivemos uma falta de quórum proposital nos meses de novembro e dezembro para que aqueles projetos não pudessem ser aprovados. Porque faz parte do processo legislativo, da atuação dos grupos de situação e oposição, a falta de quórum. Em determinados momentos se não tiver a falta de quórum o projeto vai ser votado. O governo tem em algumas situações a maioria, e tinha naquela época a maioria também em alguns momentos na Casa. Então foi uma utilização técnica-política para que esses projetos não pudessem ser aprovados. Porque no entendimento da maioria não seria interessante para o Estado nas ações do próximo governo. E faltava pouco mais de 40 ou 50 dias para o novo governo assumir.

Thaís Franco - Por que a reforma administrativa teve de ser votada em convocações extraordinárias? Não seria possível fazer uma autoconvocação, sem custo para o Estado?

Miguel Cançado - É inconstitucional receber salário extra por convocação?

Na minha gestão em procurei em todas as ações, principalmente as que mexiam ou mexem com o dinheiro público, ter o parecer da procuradoria da Casa. Especificamente neste caso eu solicitei da procuradoria a questão da legalidade. E consta da nossa constituição a autorização para o pagamento de sessões extraordinárias convocadas pelo Executivo. Então a questão no quesito da legalidade a Casa age sempre. Não só nessa questão das convocações, mas sempre. Poderia ser estritamente no quesito da legalidade jurídica, constitucional, etc. Eu não assino nenhum ato...A minha chefe de gabinete é ex-procuradora-chefe da Casa. Eu não assino aqui nenhuma autorização, nenhuma, administrativa, financeira, técnica, política, sem o parecer, sem a autorização da procuradoria ou de pessoas que trabalham de forma efetiva - não são funcionários comissionados, não - funcionários efetivos da Casa para que eu possa estar fazendo esses atos. Então no quesito da legalidade eu tenho o parecer autorizando o pagamento da procuradoria da Casa. Na questão da convocação extraordinária. A Assembleia já havia encerrado o período legislativo. Nós fizemos uma autoconvocação nos três primeiros dias de janeiro para votar o orçamento. Nós terminamos o período legislativo. Tecnicamente, legalmente, eu não poderia fazer uma autoconvocação mais. O projeto não se encontrava na Casa, o projeto era de outro poder, nós já tínhamos encerrado o período legislativo...A única forma de votar o que nós estamos votando seria através de uma convocação extraordinária do governo. O governo tinha duas opções. Ou convocada a Assembleia ou esperava o início dos trabalhos em 16 de fevereiro, da nova legislatura. Conversei isso com o Marconi. Toda vez que acontece uma convocação extraordinária aqui na Assembleia nós temos um desgaste. Porque quem convoca é o governo, mas o desgaste é da Casa, da Assembleia. Perguntei se ele não poderia aguardar o início das atividades de fevereiro. Ele afirmou que poderia. Mas o governo passado criou uma estrutura administrativa concentradora. Várias ações do governo foram todas concentradas na Secretaria da Fazenda. Modificações importantes na visão desse novo governo, na visão administrativa do Estado, teria que ter modificações importantes. Teria que ter uma redistribuição de tarefas, de atribuições. E que se fosse aguardar o início do trabalho em fevereiro...Porque na verdade a gente diz fevereiro mas não é verdade. 16 de fevereiro nós não temos nenhuma comissão constituída. Porque todos os projetos que tramitam na Casa primeira coisa o projeto chega, é lido no plenário e vai para as comissões e depois volta para o plenário. A gente demora aqui quase 15 dias para formatar as comissões, ver os membros, indicações de partidos, presidência, eleição. Existe uma disputa político-partidária para participar dessas comissões. Principalmente as mais importantes: comissão de finanças, comissão de constituição e justiça, e outras comissões que têm um trabalho mais predominante dentro da Casa. Dificilmente a gente consegue resolver isso em menos de duas semanas. Membros, disputas internas, disputas dentro dos próprios partidos. Tem partido que tem 8,. 4, 10, 5 deputados. E existe uma disputa interna dentro do partido sobre quem vai participar das comissões. Depois a gente disputa entre os partidos pra ver quem vai ser o presidente, quem vai ser o vice, quem vai estar participando das comissões mais importantes, enfim, dificilmente a gente consegue elaborar essas comissões no prazo de duas semanas. Então na verdade esses projetos começariam a tramitar de forma efetiva em março. Então na verdade o governo estaria recebendo esses projetos aprovados final de março, mais certeza início de abril. Porque como eu disse, a formatação da tramitação de um projeto num procedimento normal é um, num procedimento de convocação extraordinária é outro. Então o governo teria talvez esses projetos no início de abril. O governador me explicou que pra ele o prazo era muito grande para poder modificar principalmente o orçamento. Porque a reforma administrativa deu condições para que o Estado pudesse remanejar dotações orçamentárias. Pegasse os recursos de determinadas pastas e secretarias e repassasse isso para outras que na visão do novo governo seria mais importante que na visão do governo que terminou, que foi quem confeccionou o orçamento. Então o Marconi explicou que no entendimento do governo seria importante que em janeiro mesmo tivesse uma definição sobre a reforma administrativa do governo. Foi por isso que governo convocou sobre a reforma administrativa do governo.

Paulo Henrique - Gostaria de saber a opinião do senhor sobre a diferença entre os vencimentos dos servidores do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, braço direito da Assembleia na fiscalização do gasto público, e os vencimentos dos Tribunais de Contas estaduais praticados em outros Estados brasileiros, principalmente entre os que apresentam PIB semelhante. No Estado de Goiás os vencimentos estão bem abaixo da média nacional, principalmente os vencimentos dos técnicos de controle externo.

Vou responder de forma mais genérica. Não vou me focar muito no TCE porque eu até não sei como funciona essa questão de aumento lá dentro. Mas eu vejo que em Goiás, nos últimos anos, nós estamos buscando um aprimoramento no serviço público. Em todos os sentidos. Eu vejo que principalmente a questão financeira temos de trabalhar com estatísticas. Trabalhar com dados...Nos últimos anos em Goiás existe uma forte intenção de aprimorar o trabalho do servidor público à população de Goiás. E esse melhor atendimento, melhor serviço prestado, tem de acontecer através de diversas medidas. Primeira seria o próprio aprimoramento no trabalho do servidor público. Seja de uma empresa do estado de Goiás, de uma secretaria, dos tribunais de contas, da própria Assembleia, e todas as pessoas que trabalham com o público. Seria o aprimoramento profissional. Junto com ele uma melhor condição de trabalho que passa inclusive pelo aumento de salários. Nos últimos anos existe essa convicção por parte do poder público de Goiás. Se nós formos analisar o que vem acontecendo nos últimos 20 anos em Goiás, com certeza nos últimos dez anos foram os anos de maior aporte financeiro nos salários dos funcionários públicos de Goiás de um modo geral. Isso é um resgate. A gente não consegue mudar as coisas de forma instantânea. O que era ruim não pode passar a ser bom de um dia para o outro. Isso é um trabalho paulatino, constante, de uma administração para outra. Se nós pegarmos o que foram feito de concursos públicos nos últimos dez anos no Estado de Goiás com certeza será infinitamente maior dos que os que foram feitos nos últimos 20. Concurso público visa trazer pessoas mais aprimoradas, com maior conhecimento, dar estabilidade para que essa pessoa possa desenvolver um bom trabalho também para a sociedade do Estado de Goiás. Eu entendo que de forma contínua nós vamos continuar trabalhando para buscar esse aprimoramento, melhora de salários e condições de trabalho para os funcionários públicos de um modo geral. A Assembleia tinha muitos anos que um funcionário efetivo não tinha um aumento efetivo. Aqui na Casa era comum a gente fazer as correções através da data-base, que é feita todos os anos. Agora em janeiro pela primeira vez em 12, 15 anos, os funcionários tiveram um aumento efetivo de salário, fora a data-base. Isso vem acontecendo também no governo do Estado, no Tribunal de Justiça, e tenho certeza também que no próprio TCE e TCM.

Paulo Henrique Souza - A Assembleia Legislativa sempre foi acusada de ser um poder submisso ao Executivo. Nessa Legislatura, porém, a Casa bancou CPIs por conta própria e prolongou o debate das matérias como a que autorizava o governo a contrair empréstimo para salvar a Celg. Essa postura mais independente foi somente porque o ex-governador Alcides Rodrigues não tinha maioria na Casa ou daqui para a frente a Assembleia vai realmente ser mais atuante?

Na verdade o doutor Alcides teve todos os projetos que ele enviou à Casa aprovados. Independente de em determinados momentos ele ter maioria ou não. Muitos desses projetos, importantes, foram modificados. Nós trabalhamos dentro do prazo técnico para trabalhar. Aqui a gente não faz nada mais no afogadilho, na imposição. É um poder que busca realmente mostrar e trabalhar com coerência, dentro do papel que é seu de legislar. Lógico, são 41 deputados, cada cabeça tem o seu pensamento, tem seu encaminhamento político, tem as suas convicções. Mas o pluralismo ele é do Legislativo e faz a democracia se fortalecer. Não foi pelo governo não ter maioria em determinadas situações que a Casa fez ou deixou de fazer. E não vai ser nesse novo governo que nós vamos modificar também. Exemplo disso está aí com a vinda da reforma administrativa, que tramitou de forma normal, respeitando os prazos, no nosso regimento. Foram apresentadas 60 emendas, pouco mais que isso, quase 30 foram acatadas, quer dizer, quase 50%. Modificações importantes e que asseguraram a autonomia da população, do Estado - não do governo, do Estado - c omo a retirada de algumas situações que provocavam privatizações, e outras situações da reforma administrativa que a Casa buscou trabalhando o consenso, de forma democrática modificar e essas modificações foram aprovadas pela maioria dos senhores deputados. Divergências existiram e vão continuar existindo. É como eu disse, nós fazemos do contraditório o fortalecimento da democracia.

Larissa Ximenes - A iniciativa do senhor de criar um fórum de discussões sobre os problemas do Estado em seu site pessoal foi muito elogiada. O senhor acredita que isso influenciou na sua votação expressiva no pleito de 2010?

Eu tenho convicção da importância dos instrumentos das redes sociais. É uma situação que não vai ser modificada, pelo contrário, a tendência é ser ampliada cada vez mais a cada ano. Não tenho como dimensionar se influenciou ou não. Mas pra mim, como político e cidadão, foi uma experiência gratificante e prazerosa ter a oportunidade de participar de todos esses momentos e situações diferentes nos programas das redes sociais. Uma situação pra mim nova, tem só alguns anos que comecei a exercitar, mas está sendo muito gratificante. E repito: tenho a convicção da importância desses instrumentos na formatação da democracia, na condição de estar trocando experiências, disponibilizando informações em todos esses momentos.
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