A deputada Isaura Lemos irá participar em Anápolis, nesta terça-feira, 16, da abertura da Marcha das Margaridas com as trabalhadoras rurais goianas. Na quarta-feira, 17, Isaura Lemos se encontrará com as manifestantes em Brasília. Cerca de 100 mil trabalhadoras rurais de todo o Brasil engrossarão, nos próximos dias 16 e 17, a Marcha das Margaridas, cujo destino é a capital federal. Elas querem entregar uma pauta de reivindicações para a presidenta Dilma Roussef.
A Marcha é uma ação estratégica das mulheres do campo e da floresta que integra a agenda permanente do Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais (MSTTR) e de movimentos formados por mulheres. “Realizada desde o ano de 2000, tem revelado grande capacidade de mobilização e organização”, afirma a deputada Isaura Lemos. “Tem o objetivo de mobilizar as trabalhadoras rurais para que possam lutar por seus direitos”, explica Isaura. Seu caráter formativo, de denúncia e pressão, mas também de proposição, diálogo e negociação política com o Estado, tornou-a amplamente reconhecida como a maior e mais afetiva ação das mulheres no Brasil.
O movimento das trabalhadoras rurais se consolidou na luta contra a fome, a pobreza e a violência sexista, com grandes mobilizações nacionais nos anos de 2000, 2003 e 2007. Agora, em 2011, sua plataforma política com o lema ‘Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade’, parte da constatação de que a pobreza, a desigualdade, a opressão e violência predominam entre as trabalhadoras do campo e da floresta. E para reverter essa situação se faz necessário e urgente um conjunto de ações e medidas estruturantes que componham, articuladamente, um projeto de desenvolvimento que reconheça as mulheres como sujeitos políticos e em seu protagonismo econômico, político, social e cultural.
É coordenada pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais composto pela Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), por 27 federações e mais de 4 mil sindicatos, sua realização conta com ampla parceria.
A Marcha das Margaridas 2011 está em processo de construção e revela um crescente amadurecimento político, de caráter feminista, ao abraçar os desafios que a conjuntura atual apresenta para todas as mulheres trabalhadoras do país. É necessário desafiar os padrões tradicionais que reproduzem na sociedade brasileira, de modo a qualificar e ampliar a agenda das mulheres trabalhadoras do campo e da floresta em toda a sua diversidade cultural, étnica, racial e geracional.
Um legado e uma homenagem
Dirigente sindical, Margarida Maria Alves (1943 – 1983) é o grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. Rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, estado da Paraíba. À frente do sindicato, fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.
Os principais objetivos políticos da Marcha das Margaridas são:
- fortalecer e ampliar a organização, mobilização e formação sindical e feminista das mulheres trabalhadoras rurais;
- contribuir para a democratização das relações do MSTTR, com a superação das desigualdades de gênero;
- atuar para que as mulheres do campo e da floresta sejam protagonistas de um novo processo de desenvolvimento rural voltado para a sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente;
- dar visibilidade e reconhecimento à contribuição econômica, política, social das mulheres no processo de desenvolvimento rural;
- denunciar e protestar contra a fome, a pobreza e todas as formas de violência, exploração, discriminação e dominação e avançar na construção da igualdade para as mulheres;
- propor e negociar políticas públicas para as mulheres do campo e da floresta