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Jeferson Rodrigues realiza audiência pública sobre uso da água

19 de Novembro de 2019 às 13:54
Crédito: Valdir Araújo
Jeferson Rodrigues realiza audiência pública sobre uso da água
Audiência pública sobre o uso consciente da água no estado de Goiás

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) sediou na manhã desta terça-feira, 19, audiência pública para tratar do uso consciente da água em Goiás. A iniciativa foi do deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos) e o evento teve lugar no auditório Costa Lima do Palácio Alfredo Nasser. 

Ao se pronunciar durante a abertura do evento, o republicano chamou todos à responsabilidade de fazer uso do recurso não renovável de forma racional e apontou reflexos da sua escassez para a sociedade, no que tange ao abastecimento público e para a irrigação de lavouras, por exemplo. “O que vai acabar por refletir no bolso da população por causa da compra de alimentos”, disse.

O deputado reiterou que todos precisam ter sensibilidade e atenção. Autor de projetos de lei voltados ao uso racional da água, ele salientou que as propostas não vão ficar apenas no papel. "Temos que ser a voz que clama no deserto", frisou.

O republicano presidiu a mesa, que contou também como a participação do superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento da Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Márcio Menegaz; analista de Obras e Urbanismo Gabriel, Tenaglia Carneiro, representante da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (Amma); gerente de Educação Ambiental e Sustentabilidade da Saneago, Divino Lázaro; representante do presidente da Saneago, Ricardo José Scavinsk e diretor do Instituto Saga das Águas, Guido Juliano Martins.

Menegaz ressaltou a posição do Governo, que segundo ele tem se mostrado “sensível à situação”, além de pontuar que a redução no volume de chuva registrado no último ano foi em torno de 30%, conforme monitoramento da Semad. Ele também lembrou do risco de desabastecimento, da necessidade de unir esforços a fim de promover o uso racional dos recursos hídricos, e da recuperação de bacias, de forma a segurar a água no solo. "Precisamos de todas as forças da sociedade para tentar resolver, principalmente dessa Casa”, salientou.

O superintendente ressaltou que, diante do atual panorama da situação hídrica de Goiás, é importante propor soluções para enfrentar o que vem.

Representante da Amma, Gabriel Tenaglia Carneiro pontuou as ações desenvolvidas pela Prefeitura de Goiânia, diante da situação hídrica. O município trabalha em educação ambiental, principalmente diante do panorama de escassez, em uma ação conjunta da pasta de meio ambiente e da educação, do monitoramento e controle, com atenção especial aos locais em que há lançamento clandestino de esgoto, e recuperação das áreas degradadas.

Tenaglia adiantou ainda que a prefeitura encaminhou à Câmara Municipal de Goiânia duas propostas de lei, uma delas trata do uso da água para lavar calçadas. O objetivo é cobrar do contribuinte alguma forma de reuso de água ou captação de água da chuva, para compensar o gasto para utilização de “vassoura de água”. A fim de encontrar termos para alcançar os objetivos esperados na solução da situação, o governo municipal se espelhou na legislação em aplicação na capital federal. “Pegamos o modelo de uma normativa de Brasília”, explicou.

Por outro lado, o analista informou também que é realizado no órgão um trabalho junto às empresas. "Também trabalhamos no processo de licenciamento. A ideia é de que a empresa, mesmo que tenha outorga para usar determinada quantia de água, faça uso consciente do recurso, de forma a economizá-lo”, ressaltou.

Na sequência, o secretário executivo do Conselho Estadual de Meio Ambiente e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, João Ricardo Raiser, apresentou um panorama da atual do estado. O especialista pontuou a situação encontrada pela gestão estadual, dentre os pontos abordados estava a falta de recurso, de gestão, de planos para as bacias, desorganização de dados e do quadro de pessoal reduzido.

No decorrer da explanação, Raiser ressaltou o fato de a água ser necessária para o desenvolvimento de todas as atividades econômicas. “É importante dar a devida atenção para o uso do recurso, a fim de que o mesmo possa conseguir atender às demandas”, lembrou.

O secretário executivo mostrou o levantamento de como é a concentração do uso do recurso. Pontuou também que o segundo maior conflito pelo uso da água dentro do País está em Goiás. Além disso, falou sobre a importância de uma gestão eficiente para as bacias. “Estamos tendo prejuízo por não termos feito a gestão dos recursos hídricos”, explicou.  

Raiser abordou ainda a utilização de ferramentas tecnológicas como suporte eficaz no momento da emissão de outorgas para o uso da água. Ele ressaltou o plano do Governo estadual para o enfrentamento à crise hídrica. E lembrou que o problema tem como causa, além da redução do volume de chuvas, a concentração do uso do recurso, principalmente para a atividade produtiva.

Ao concluir sua palestra, ele demonstrou os principais desafios enfrentados para lidar com o problema, tais como: evento hidrológico crítico, usos irregulares do recurso, impactos econômicos, sociais e ambientais, e ainda restrições e conflitos no uso da água.

Raiser ressaltou a necessidade de regularizar e organizar os usos da água. Monitoramento, fortalecimento do sistema de gestão do Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte são pontos acentuados pelo secretário, junto ao desenvolvimento de estratégia de enfrentamento, que possua as seguintes abordagens: mobilização, orientação e punição, a fim de que as metas possam ser alcançadas.

Raiser abordou ainda o que foi feito pelo Governo estadual para contornar a crise hídrica, que contou com levantamento por geoprocessamento, que possibilitou o aproveitamento de barragens. “Isso garantiu o abastecimento na região Metropolitana, com vista para o rio não secar. As manobras permitiram a estabilização da vazão mesmo sem chuva”, disse.

Ele falou ainda da preocupação do uso de águas subterrâneas, principalmente na região Central do estado. “Essa não é uma boa opção. O recurso é uma reserva que não pode ser vista como primeira opção”, alertou.

Conscientização

Convidado a falar, Divino Lázaro abordou a escassez de água e combate ao desperdício, além de pontuar as ações desenvolvidas pela Saneago, a fim de que a população aprenda como utilizar o recurso hídrico da melhor forma. Ele explanou sobre os usos múltiplos da água — para consumo e desenvolvimento de outras atividades. Além de falar sobre a distribuição das fontes de água versus a concentração da população, principalmente na região Metropolitana da Capital.

Ao abordar o plano de rodízio, ressaltou que não é uma boa alternativa, já que podem surgir vazamentos na distribuição do produto, ao fazer a mudança no sistema, o que eleva o custo operacional.

O gerente aproveitou a oportunidade para alertar que o uso de água, principalmente no banheiro, precisa ser racional. “Ele é o maior vilão, seguido da lavagem de carro com a mangueira aberta".

Ao finalizar, Divino apresentou a campanha de conscientização sobre os cuidados com o Meia Ponte e sua importância para a atender às demandas na região atendida pela bacia. O vídeo que irá ao ar em 2020 mostra, desde a nascente do rio, seus usos, como para uso dos animais, plantações, industrias, e o abastecimento da região Metropolitana, além de ressaltar a importância da preservação, fiscalização para combater a captação clandestina, e ainda o represamento. Mas na opinião do gerente, as ações de recuperação do solo para possibilitar a infiltração da água e reposição do lençol, são essenciais.

Outra vertente

Guido Juliano, que é engenheiro agrônomo, explanou sobre a bacias do Alto Meia Ponte e do Rio Piracanjuba. Ele também apresentou um levantamento, realizado pelo instituto. O levantamento teve início há cerca de cinco anos. “Usamos tecnologia de ponta para marcar 190 nascentes (imagem de satélite e drone), o que possibilitou um mapeamento da concentração populacional e das áreas remanescentes de vegetação. O trabalho foi fundamental para se traçar estratégias para enfrentar o problema hídrico a partir do conhecimento real das circunstâncias que o envolvem."

Juliano informou que a origem do problema na Bacia do Meia Ponte data de cerca de 50 anos, com a destruição dos buritizais. Além de ressaltar a importância do monitoramento para acompanhar o problema, Guido também levantou a questão da qualidade da água produzida. Ele alertou para os perigos da contaminação da água que, em muitos casos, mesmo com tratamentos, não é possível reverter a situação gerada em decorrência do uso indiscriminado de produtos químicos como glifosato, antibióticos, dentre outros, porque tais elementos se encontram no formato de nanomoléculas.

O especialista informou ainda que, além da quantidade, é necessário que o recurso tenha qualidade. Guido ressaltou a importância de um monitoramento adequado. “Problema da água é de saúde pública. Temos que olhar como transpor essas dificuldades.”

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