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Construção e desenvolvimento
Construção e desenvolvimento
Helder Valin
Apesar da tempestade que se anuncia no mercado externo, ainda de dimensões imprevisíveis, o Brasil tem condições reais de continuar crescendo forte nos próximos anos. Um setor que dá mostras de ter fôlego é o de construção civil. Estudo do BNDES aponta para a possibilidade de que o setor responda pela injeção de R$ 535 bilhões na economia brasileira no próximo triênio, o que corresponde a 44% de todo o investimento previsto para o período.Há varias razões para esse crescimento. A mais significativa é a demanda represada. Por 20 anos, o governo federal deu as costas para a habitação. De acordo com o estudo realizado em parceria entre o Ministério das Cidades, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil tem um déficit habitacional estimado em 7,903 milhões de moradias. Só em Goiás, seriam necessárias mais 220.198, que correspondem a 13% do total de domicílios.
Nos últimos anos, o setor de construção civil voltou a crescer ancorado na expansão do crédito, dos programas para financiamento de imóveis para famílias de menor renda, e no aumento da destinação de recursos do FGTS e da caderneta de poupança para o financiamento da construção.
Pesquisa realizada pela Ademi Goiás mostra que o segmento cresceu 9,5% no ano passado, em relação a 2006, e projeta um crescimento de 12% para 2008.
É preciso evitar interferências nesse ciclo virtuoso. O segmento de crédito imobiliário precisa de um volume maior de recursos, e que o governo não ouse mudar abruptamente as regras do jogo. Prazos longos de financiamento e juros baixos são fundamentais para que a casa própria deixe de ser apenas um sonho e se transforme em realidade. O crédito no Brasil ainda é escasso, e as taxas de juros abusivas se comparadas a outros países em desenvolvimento.
É necessário lembrar ainda que o setor de construção civil pode ter o seu desenvolvimento tolhido pela escassez de mão-de-obra qualificada. Faltam especialmente técnicos de nível médio. Não se formam trabalhadores sem ações coordenadas entre o poder público e a iniciativa privada.
O direito à moradia é constitucional. Todo cidadão precisa morar com dignidade, assim como precisa de escola, de saúde e alimentação. Nossos governantes devem olhar com responsabilidade e sensibilidade para o setor, especialmente neste momento em que ele volta a ganhar mais força no Brasil.
Helder Valin é líder do governo na Assembléia Legislativa.