Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
Um País de todos

21 de Janeiro de 2010 às 16:16
Artigo publicado no jornal Diário da Manhã desta quinta-feira, 21
O slogan da administração do presidente Lula  - “Um país de todos” – é a síntese clara e direta de como deve ser um país democrático, livre e cidadão. O Brasil só é este país maravilhoso, o melhor do mundo para se viver, porque realmente é de todos nós. Com raras exceções aqui não tem discriminação e muito menos conflitos étnicos ou sociais. Somos uma nação única e democrática. De norte a sul, de leste a oeste, o brasileiro sente-se em casa. Ricos e pobres se cruzam por esse “brasilzão” afora porque exercem livremente o inalienável direito de ir e vir. Pena que às vezes nos deparamos com atitudes que tentam tirar do brasileiro mais humilde a sua liberdade de escolher onde quer lutar por sua sobrevivência.

Vejam o que está acontecendo em Goiânia e em muitas outras cidades do Brasil. Administradores públicos literalmente expulsam pedintes e mendigos de “seus” municípios, devolvendo-os, de forma forçada, ao local de onde saíram. Ora, eles saíram de lá porque a situação não era boa. E com um detalhe, eles têm todo o direito de viver em qualquer canto deste País. As condições de vida na cidade de origem eram desfavoráveis, e por essa razão, por total falta de perspectiva, essas pessoas foram em busca de algo melhor. Infelizmente não encontraram. Mas não é por isso que podem ser considerados fracassados, “lixos” humanos a serem despachados como uma mercadoria para o local de onde saíram atrás do sonho de uma vida melhor.

Fico imaginando se esses mesmos mendigos que estão sendo “deportados” fossem ricos empresários e anunciassem que iriam embora de Goiânia. Com toda certeza o poder público faria das tripas coração para mantê-los na cidade. Imploraria de joelhos. Gastaria até dinheiro público para “segurar” os endinheirados na Capital. Mas como se tratam de pobres mendigos, a saída é dar um pontapé no traseiro de cada um e mandar pra bem longe. É mais fácil, mais barato e tem o apoio de uma pequena parcela da população que pensa que pobre bom é pobre longe.

Certa vez, no programa que faço diariamente na Rádio Difusora, das 10h ao meio-dia, uma mulher oriunda do Rio Grande do Norte me procurou. Vivendo na total miséria, queria dinheiro para ir embora, deixando os dois filhos pequenos com famílias goianas. Não aguentava mais o sofrimento provocado pela fome, a falta de apoio e de esperança. Em vez de dar a passagem e dinheiro, fizemos uma campanha na rádio e, graças ao bom coração do povo goiano, essa mãe conseguiu – através de doações – construir e mobiliar um modesto, mas aconchegante barraco. Também conseguiu um emprego e felizmente não precisou dar os filhos pequenos a outras famílias. Com um pouco de ajuda, conseguiu recuperar a dignidade e tocar sua vida adiante no local que escolheu para viver.

É isso que falta a esses mendigos e pedintes que chegam a Goiânia e a tantas outras cidades, sonhando encontrar a felicidade. Se tiverem apoio, emprego e a perspectiva de uma vida melhor, certamente não vão ficar nas ruas atrás de esmolas. O brasileiro é trabalhador e quer manter a família com o suor do rosto. É só o poder público “dar a vara” que as pessoas pescam. Em vez de tratar essa gente como um “entulho”, o poder público precisa é dar o apoio que eles necessitam para se estabelecer e crescer. Mas apoio de verdade. Sem enganação ou projetos “meia-boca”, que servem apenas para a promoção do governante. Se houver boa vontade e respeito à dignidade humana, qualquer administração resolve facilmente – e de forma cristã – o problema dos mendigos e pedintes. Basta querer e ter em mente que este País, este Estado e a nossa Cidade são, indistintamente, de todos nós.
                                                                                            Humberto Aidar é deputado estadual (PT)
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.