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Mauro Rubem critica repressão policial, agronegócio e trabalho análogo ao escravo em Goiás em evento sobre Conflitos no Campo 2024

Como defensor da reforma agrária e das populações do campo, o deputado Mauro Rubem (PT) participou, durante a Agro Centro-Oeste Familiar 2025, da mesa de debate que marcou o lançamento do relatório Conflitos no Campo 2024 – Análise dos Dados Registrados em Goiás.
Na ocasião, o parlamentar reafirmou seu compromisso com a defesa dos direitos das populações camponesas, quilombolas e dos trabalhadores rurais. O evento foi realizado nesta semana, no Centro de Cultura e Eventos Prof. Ricardo Freua Bufáiçal, na Universidade Federal de Goiás (UFG), como parte da programação oficial da Agro Centro-Oeste Familiar 2025.
A publicação Conflitos no Campo é fruto do trabalho do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, vinculado à Comissão Pastoral da Terra (CPT), e apresenta um retrato preocupante da situação rural em Goiás. Em 2024, mais de 4 mil famílias foram afetadas por conflitos no campo, com 57,14% dos casos de violência ligados a ações de fazendeiros e do Governo estadual.
Para Mauro Rubem, os dados revelam uma realidade que contrasta com a imagem de modernidade do agronegócio goiano. “O modelo do agronegócio, apesar da alta tecnologia, tem usado, cada vez mais, práticas análogas à escravidão. Em Goiás, trabalhadores foram resgatados no chamado campo moderno e desenvolvido”, denunciou o parlamentar.
Segundo informações destacadas no relatório, 83 trabalhadores foram libertados de condições degradantes de trabalho no estado somente no último ano. A publicação também aponta o uso indevido da força policial para favorecer interesses privados em conflitos fundiários, prática criticada por Rubem: “Estamos vendo o desvio da Polícia Militar para proteger propriedades de forma ilegal e irresponsável, enquanto comunidades inteiras sofrem com a violência e o abandono.”
Além das denúncias, o relatório traz reflexões de autores como o professor Cláudio Maia, da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), que analisa os conflitos como parte de uma estratégia de “contrarreforma agrária”. Segundo Maia, “a violência no campo em Goiás não é acidental, mas sim parte de um projeto político de exclusão e grilagem de terras”.
Outros nomes também contribuíram com a publicação, como Dom João Justino (arcebispo de Goiânia), Dom Jeová Elias (bispo da Diocese de Goiás), Evandro Rodrigues (Campanha De Olho Aberto para Não Virar Escravo/CPT) e Dê Silva (Via Campesina), reforçando a pluralidade de vozes em defesa dos povos do campo.
A publicação ainda resgata a história de Nativo da Natividade, líder camponês assassinado em 1985, homenageado nos 40 anos de seu martírio. Sua memória, segundo os organizadores, segue como símbolo de resistência diante da crescente repressão aos movimentos de luta pela terra.
Encerrando sua fala na mesa de debate, Mauro Rubem destacou a importância de políticas públicas que fortaleçam a agricultura familiar e protejam os direitos humanos: “É inadmissível que, em pleno século XXI, comunidades inteiras ainda vivam sob ameaça, perseguição e exploração. Nosso mandato está ao lado dos que resistem e lutam por justiça no campo.”
A Agro Centro-Oeste Familiar 2025, promovida pela UFG, é reconhecida por reunir experiências de produção, comercialização e organização de agricultores familiares, sendo um espaço estratégico de debate e articulação política em defesa da reforma agrária e da dignidade no meio rural.