Notícias dos Gabinetes
PT nunca discutiu cargos
No dia seguinte à publicação de uma matéria que expôs a articulação do PT por cargos da administração municipal, o deputado Luis Cesar Bueno visitou ao DM para desmentir as especulações. Disse que o partido não iniciou a negociação e reafirmou que jamais pediu ao prefeito Iris Rezende cargo algum. Veja:
Diário da Manhã - Quais cargos o PT negocia com o prefeito Iris Rezende?
Luis Cesar Bueno - O debate no PT só começa após a reforma administrativa. Iris não deve ter pressa em compor ou recompor sua equipe.
DM - O sr. tentou negociar a secretaria de Finanças?
Bueno - Não solicitei ao prefeito nenhum cargo. Não abri nenhum debate e não procurei Iris. Ainda não é o momento.
DM - Se for isso mesmo, o PT é o único partido que não discutiu ainda sua participação da administração de Iris.
Bueno - O prefeito conversa com os outros partidos sobre a administração. Eu não tenho notícias de nomes que estão sendo ventilados. E digo mais: imagino que o prefeito vá ter grande dificuldade para substituir os auxiliares, uma vez que o secretariado atual é eficiente. Trata-se de uma equipe responsável por um governo que teve 75% de aprovação. Não sei nem se é o caso de substituir alguém.
DM - O PT deve exigir participação no núcleo central da administração, que inclui Saúde, Educação e Comurg?
Bueno - Esse debate ainda não foi aberto.
DM - O sr. tem base formada entre servidores da Educação. Não te interessaria a pasta?
Bueno - Pessoalmente, defendo o nome da professora Márcia Carvalho [atual titular]. Ela faz um excelente trabalho. É boa secretária. Não postulo o cargo.
DM - Qual sua opinião sobre participação do PT no Paço?
Bueno - Não sabemos qual estrutura administrativa nos espera após a reforma. Não tenho condições de opinar. No momento certo, o PT será chamado a apresentar nomes. Seremos transparentes, A imprensa vai participar de tudo.
DM - Público?
Bueno - Não temos o que esconder. Nossos nomes e divergências são públicas. O PT é muito rico nisso. Não conseguimos esconder nem nossas divergências (Risos).
DM - O sr. está à disposição para ocupar cargos?
Bueno - Terei de debater com minha base política. Não posso afirmar se o meu nome estará à disposição ou não, vai depender muito desse debate.
DM - Se fosse convidado a participar, teria preferência por alguma área?
Bueno - Sou um soldado do partido. Para onde o PT mandar, nós vamos. Na minha opinião, o partido deve comandar uma das políticas públicas da cidade. Não podemos espalhar nossos quadros em vários setores da administração. Opções são Saúde, Educação, Infra-estrutura urbana, Planejamento, Meio Ambiente, Esporte. Tem de ser responsável por um setor, inclusive para ter mais visibilidade, nós sermos chamados na responsabilidade. Mas a decisão é do prefeito.
DM - O PMDB, que apóia Lula, agora flerta com PSDB e negocia apoio a José Serra em 2010. Não é complicado trabalhar com um partido assim?
Bueno - Não é característica peculiar ao PMDB, mas da maioria dos partidos do Brasil. A legislação não fortalece os partidos.
DM - O projeto de Lula fica ameaçado sem o PMDB?
Bueno - PMDB é o principal partido de sustentação do presidente Lula. É o único partido que elegeu mais de mil prefeituras no Brasil. Nosso sucesso nas eleições de 2010 depende muito da presença do PMDB.
DM - O sr. acredita que PMDB e PSDB possam caminhar juntos no plano nacional? Qual reflexo disso para Goiás?
Bueno - Eu acho remota essa possibilidade, tendo em vista que o PMDB ocupa seis ministérios. Mas nós estamos preparados tanto para o plano A quanto para o plano B.
DM - Em Goiás?
Bueno - Em Goiás, nós temos plena confiança de que o PMDB estará presente no grupo que se formara para 2010. Agora, é lógico que o PT é um partido aberto, várias posições serão colocadas à mesa. Imagino que haverá quem defenda candidatura própria ao govenro, outros defenderão aliança com o PMDB e demais partidos do campo de sustentação do presidente Lula.
DM - A aproximação nacional entre PSDB e PMDB fortalece a tese de candidatura própria em Goiás?
Bueno - Esta aproximação é um movimento que nasceu e só se justifica em outros Estados. No Congresso, ela é embrionária. ap, pessoalmente, torço para que o PMDB fique dentro dos partidos que dão sustentação ao presidente Lula e reproduza essa aliança nos Estados.
DM - Na avaliação do sr., a tese da candidatura própria em Goiás ela é de fato forte ou ela não tem fôlego para avançar?
Bueno - Eu, pessoalmente, vou defender a aliança do PMDB. Agora, é um debate que não foi colocado ainda, o PT é um partido aberto e qualquer militante filiado poderá fazer essa proposta. Ela não está sobre a mesa, além do que o processo de articulação política para 2010 ainda não iniciou. São opiniões isoladas. O partido ainda não reuniu para avaliar o processo eleitoral de 2008. na medida que o PT começar a realizar encontros municipais, já contaremos alguns nomes para 2010. E aí, nesse debate, entendo que é necessário defender a sustentação de Lula com o PMDB em Goiás.
DM - A crise fortalece politicamente o presidente do Banco Central? Acredita na candidatura dele em Goiás?
Bueno – A crise não fortalece ninguém. O que se consolidou foi a política econômica do governo federal. Não podemos esperar Godot eternamente para, no final, Godot não aparecer. De qualquer forma, é necessário o entendimento entre os partidos de sustentação ao presidente Lula, com Meirelles, Iris, Maguito Vilela, Alcides Rodrigues... é difícil? É. Mas são homens sábios.
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Perfil
Formado em História pela UCG
Exerce o segundo mandato na Assembléia Legislativa
Foi presidente do PT metropolitano (1989, 1998-2000)
Eleito em 1996 vereador por Goiânia, reeleito em 2000
Colaborou com a reconstrução da UNE em Goiás e dos Diretórios Centrais dos Estudantes da UCG e UFG.