Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
Seminário discute perspectivas da Reforma Agrária no atual governo

06 de Agosto de 2011 às 11:54
Na manhã desta quinta-feira (4), segundo dia de atividades do seminário “Reforma Agrária em Goiás: Desafios e Perspectivas”, o presidente nacional do INCRA, Celso Lacerda, e o superintendente da SR-04, Jorge Tadeu Jatobá fizeram uma análise de conjuntura estadual e nacional sobre as dificuldades e potencialidades enfrentadas pela Reforma Agrária no país e se posicionaram sobre a falta de interesse dos governos com o tema. Na ocasião, o deputado Mauro Rubem (PT/GO) esteve presente e cobrou posicionamento das autoridades do INCRA sobre proposta apresentada pelo petista e lideranças de movimentos sociais que prevê a realização de conferência sobre a Reforma Agrária em Goiás.

Celso Lacerda começou sua fala destacando a dificuldade enfrentada pela autarquia para deliberar alternativas de avanço da Reforma Agrária no país, que vem acontecendo graças à pressão e movimentação social. “O Brasil deveria ter um plano de assentamento com condições de desenvolvimento e proteção aos assentados, além de políticas estruturantes. No lugar disso, temos um orçamento baixo, estrutura escassa e concentração de terras. O ano de 2011 está sendo difícil porque temos o menor orçamento desde 2004. Estamos lutando por suplementação de 700 milhões, mas não temos garantia nenhuma de que isso vai acontecer”, lamenta.

Segundo o presidente nacional do INCRA, o governo tem compromisso com a causa, mas um plano de ações comum sobre o tema ainda não foi acertado. Uma das justificativas seria a falta de entendimento sobre o processo pelos que compõem a alta cúpula do governo. “A nossa parte é atualizá-los sobre a necessidade desta política para a sociedade, de forma que eles mesmos se convençam. A Reforma Agrária hoje, infelizmente, se dá sob pressão. Precisamos usar esta ferramenta para mostrar que a Reforma Agrária deve ser o principal instrumento de combate à pobreza do meio rural”, reforça.

Descontentamento
Outro tema que tomou conta dos debates foi a desmotivação e inquietação que os defensores da Reforma Agrária passam atualmente com a estagnação da pauta de reivindicações e encaminhamentos do grupo. Para o superintendente do INCRA SR-04, Jorge Tadeu Jatobá, já é perceptível a retomada de debates, participações e motivação dos movimentos sociais depois que ele assumiu a gestão da SR-04, mas para que isso tenha continuidade, “será preciso colocar a pauta da Reforma Agrária na frente pra que o mínimo de avanço aconteça ainda este ano”, afirmou Jatobá.

Atentos às exposições de Celso e Jorge Tadeu, os militantes mostraram descontentamento com a falta de uma análise de conjuntura mais estruturada e encaminhamentos práticos sobre as demandas já identificadas. Para o deputado Mauro Rubem, um bom momento para pactuar relações, hierarquizar problemas e principalmente responsabilizar atores seria a realização de uma conferência sobre a Reforma Agrária em Goiás – proposta apresentada na última semana ao presidente do INCRA. O petista acredita que não existe equipamento que substitua a força dos movimentos sociais. “Esta é uma luta de classe, por isso, precisamos de unidade para combatermos o modelo capitalista. A realização de conferência têm representado avanços na saúde e em outras áreas. A Reforma Agrária também merece este destaque”, ressalta.

Questionado sobre vários assuntos, Celso Lacerda reforçou que ‘se a Reforma Agrária fosse fácil, já teria sido feita’, ao responder as lideranças, e lembrou que o INCRA já está produzindo seu diagnóstico (plano de trabalho) e propostas sobre os problemas vivenciados hoje pelos apoiadores da Reforma Agrária. Quanto a proposta do deputado Mauro Rubem, Celso afirmou que esta é uma fase de contrução de propostas, mas adiantou que a presidenta Dilma Rousseff tem mostrado interesse em se aproximar, cada vez mais, da sociedade civil. Todavia, a realização de uma conferência sobre a Reforma Agrária em Goiás é ponto a ser analisado pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Ao final da reunião, o bispo emérito da diocese de Goiás, dom Tomás Balduíno, fez uma síntese destes dois dias de atividades, falou sobre a privatização de terras no país e reconheceu, com tristeza, que a Reforma Agrária não faz parte da pauta do governo. “A constatação é dolorosa, mas não tem como nos enganarmos. Como desconhecer este processo?”, pergunta dom Tomás. Na parte da tarde, integrantes do Fórum Estadual pela Reforma Agrária e Justiça no Campo se reuniram para discutir assuntos pertinentes a organização interna do Fórum.
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.