Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
É tempo de ampliar a participação da mulher na política

08 de Setembro de 2009 às 14:55
*Artigo publico no Jornal Diário da Manhã, em 06/09/09, na coluna Política e Justiça.
            

            O encontro de mulheres parlamentares em Brasília reforçou o desejo de se ter um quadro político mais feminino no Brasil. O evento realizado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República em parceria com as bancadas femininas da Câmara e do Senado Federal e com apoio da Secretaria de Mulheres da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale) reuniu cerca de 30 deputadas estaduais, mobilizadas pela Unale; deputadas federais e senadoras, além de 280 gestoras de políticas para mulheres de todo o país. Foi um momento em que todas nós chegamos a conclusão da necessidade urgente de ampliar a nossa participação no cenário político, afinal, somos mais de 50% da população (De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE - 2007, a população brasileira em 2006 era de 187,2 milhões de habitantes. Desse total, 96 milhões eram mulheres).

            Um estudo do Instituto Patrícia Galvão, de São Paulo, mostra que o Brasil hoje está no 142º lugar entre 188 nações em relação à mulher na política, uma realidade que contrasta com o protagonismo feminino na sociedade brasileira nas áreas econômica, cultural e social. Logo depois da última eleição, uma pesquisa divulgada pela União Parlamentar mostrou que na América Latina, a presença das mulheres na Câmara Federal em Brasília só era maior que no Haiti, Guatemala e Colômbia. Apesar disso, o número de parlamentares subiu de 32 para 45, menos de 10% das 513 cadeiras na Câmara. A estatística revela que a cota de 30% (Lei nº. 9.504, em vigor desde 1997), para candidatura de mulheres em cada partido, ainda não surtiu o efeito esperado. Somando o número de prefeitos e deputados federais no Brasil, as mulheres são apenas 9%, quando elas representam 51,7% do eleitorado (TSE, 2008). O ideal, segundo a lei, seria uma mulher indicada para cada três candidatos homens.             O cenário é instigador e ao mesmo tempo curioso, tendo em vista que na pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, a resposta dos entrevistados (ao todo duas mil pessoas ouvidas em fevereiro deste ano) levou ao seguinte resultado: 9 de cada 10 brasileiros votariam em mulheres, e 83% deles acreditam que a presença de mulheres melhora a política e os espaços de poder e de tomada de decisão. O perfil político brasileiro, segundo a pesquisa, mostra o contrário do que o eleitor, pelo menos a priori, acredita e deseja.            

Às vésperas de finalizar o prazo para a filiação partidária antes das eleições do ano que vem (30 de setembro de 2009), faz-se necessário conclamar todas as mulheres que sentem e percebem uma forte vocação para a atuação pública, e têm disposição para assumir um posto que já está preparado para elas no mundo da política. É hora de ter coragem para questionar a nós mesmas, nos confrontar e entendermos que, talvez o que se está fazendo no momento, pode não ser o suficiente em favor de uma população inteira que precisa de pessoas idôneas, sensíveis para a carreira política. Em nosso país existe um péssimo costume de reduzir a auto-estima feminina para que ela se sinta desacreditada, inferiorizada diante da tradição masculina de controlar os meios políticos.
           

Já se passaram quarenta anos da revolução sexual, da “libertação da mulher”, e há de se reconhecer que muitas conquistas estão nos registros da história feminina contemporânea. Vitórias sócio-econômicas, culturais, na família, no entanto, como agente político o processo não seguiu o mesmo ritmo. Ainda estamos muito aquém da situação ideal. Num breve teste podemos provar isso. Quem hoje saberia dizer, por exemplo, quantas são e os nomes das prefeitas em exercício no Estado de Goiás? Para que todos saibam, são apenas 15 exercendo seus mandatos (ver lista completa no site
www.betinhatejota.net).
            Por constatação, se sabe que a mulher decide diferente do homem em todas as situações. Isso porque usa de uma sensibilidade inerente ao universo feminino, de raízes matriarcais, que naturalmente visa promover a aglutinação de pessoas. Ela é por si só contra a injustiça, e por isso age de forma leal, honesta, o que às vezes pode até provocar certa demora para tomar decisões, mas quando o faz tem plena convicção do que está fazendo. Outra vantagem da mulher é que ela busca muito mais o ensino do que o homem, e assim se torna mais preparada. Um estudo do IBGE mostrou que 59,9% das mulheres entrevistadas na pesquisa estudaram onze anos ou mais que os homens trabalhadores. O que se percebe é que a mulher, na maioria dos casos, acaba entrando na política por vocação, com uma bandeira forte para defender no contexto social, bem diferente do interesse de muitos políticos que lutam para se inserir na carreira por convenção, por ambições particulares de ter o poder pelo poder, e conseguir atender uma causa específica voltada para o bem individual e não para o propósito da coletividade. Não digo com isso que a mulher deve fazer oposição ao homem, mas ao contrário, elas podem somar forças e provocar mudanças positivas para a sociedade brasileira.             A mulher legitima o voto da democracia eleitoral e pode fazer do contexto político um espaço muito melhor. A grande briga em nosso tempo é para que ela mesma acredite que pode fazer a diferença na política, não simplesmente pela força da voz, da imposição do jeito masculino de fazer política, mas pela sensibilidade e o bom senso de lutar contra as injustiças e defender os direitos de todos, homens e mulheres.   Betinha Tejota Deputada Estadual Líder do PSB na Assembléia Legislativa de Goiás www.betinhatejota.net 
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.