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Notícias dos Gabinetes
Mauro Rubem: perdemos uma militante da liberdade, dos Direitos Humanos

05 de Outubro de 2009 às 18:14
Deputado era fã incondicional da cantora, que morreu nesta manhã de domingo
”Proibida durante a ditadura argentina (1976-1983),  Mercedes Sosa conheceu a dor do exílio, em Paris e Madri, uma experiência que marcou sua vida e reafirmou o compromisso social na defesa da liberdade e dos direitos humanos. Ela nos deixa o recado para seguir sempre em frente com amor, liberdade, democracia e solidariedade", disse Mauro Rubem.

Mar Marín. Buenos Aires, 5 out (EFE).- Entre lágrimas, aplausos e canções, uma multidão se despediu hoje nas ruas de Buenos Aires da cantora Mercedes Sosa, cujas cinzas serão espalhadas por sua família nas três cidades que marcaram sua vida: San Miguel de Tucumán, Mendoza e a capital argentina.

Milhares de pessoas esperaram a saída do cortejo fúnebre do prédio do Congresso, onde "La Negra" foi velada durante 24 horas com honras reservadas às maiores personalidades da política e a cultura.

Com flores e lágrimas nos olhos, os fãs aplaudiram e cantaram as músicas de Sosa durante o traslado do corpo até o cemitério de Chacarita, onde centenas de admiradores a receberam dançando e cantando gêneros tradicionais do norte argentino, e aos gritos de "No se va, la Negra no se va".

Aos acordes de "Luna tucumana" e "Solo le pido a Dios" os fãs se despediram da artista, cujas cinzas serão jogadas em San Miguel de Tucumán, sua cidade natal, em Buenos Aires, onde viveu a maior parte de sua vida, e ainda em Mendoza, lugar que consolidou seu projeto musical.

Sua morte ao amanhecer do domingo após vários dias de agonia, comoveu várias gerações latino-americanas que sofreram com ditaduras nos anos 70 e 80.

Sosa levou o nome da Argentina pelos mais importantes palcos do mundo, cantou no Vaticano em 1994, trabalhou com alguns dos melhores cantores da sua época e, embora tenha impulsionado o Novo Cancioneiro e durante toda sua vida reivindicou as raízes do folclore argentino, experimentou todos os gêneros.

Dividiu o palco como os mais diferentes artistas, de Luciano Pavarotti a Sting, passando pelo roqueiro Charly García, os espanhóis Joan Manuel Serrat e Joaquín Sabina, a colombiana Shakira e Gal Costa.

Sua voz transformou em hinos os versos de Pablo Neruda, de Violeta Parra, de Víctor Jara, de Gabriela Mistral.

Gritou "Hasta la victoria siempre", "Corazón Libre" e "Gracias a la vida", embora em algumas ocasiões reconheceu que a sua foi uma vida muito boa, mas muito triste, e chegou a se definir como uma sobrevivente de ignomínias e doenças.

Os 70 anos de carreira a transformaram em um ícone na América Latina e o reconhecimento do público e as numerosas distinções recebidas compensaram o começo difícil - com 15 anos ganhou o primeiro concurso radiofônico -, a solidão do exílio e a doença que a acompanhou durante boa parte da sua vida.

"Talvez a ideia do carinho despertado esta no fato de sua voz passar pelo coração e expressar as raízes muito profundas no tempo e do povo com quem viveu", disse Joan Manuel Serrat, um dos músicos que participou de seu último disco, "Cantora", campeão de vendas na Argentina.

"Sua voz demonstra sua atitude, seu compromisso político, seus ideais, sua firmeza diante da vida. Não havia vincos em sua posição política e isso é essência do que se pode resgatar", lembrava hoje o ator argentino Héctor Alterio em declarações a televisões locais a partir da Espanha.

Como escreveu Teresa Parodi, uma das amigas mais próximas, em seus versos de despedida: "Mercedes, oração amorosa, mãe, mulher da América ferida, tua canção nos põe asas e faz com que a pátria toda e desolada não morra ainda porque sempre cantarás em nossas almas".
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