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Inesquecível a comemoração dos 30 anos da Lei da Anistia em Goiás
Antes do evento, o presidente da Assembleia Helder Valin recebeu Paulo Vanucci, o deputado Mauro Rubem, o jornalista Pinheiro Salles e outros convidados para um rápido encontro na Sala da Presidência. Na conversa foram abordados temas como a situação dos ex-invasores do Parque Oeste Industrial, crimininalidade em Goiânia e a atuação da Polícia na Capital.
A abertura da Sessão foi realizada por Valin, que recebeu elogios de Mauro Rubem. “Graças a Jardel Sebba e a vossa excelência, esta Casa esta cada vez mais democrática, aberta para os seus legítimos donos, o povo”, disse Mauro Rubem a Helder Valin.
Em seu pronunciamento, Paulo Vanucci deu uma aula de história do Brasil, começando nas primeiras violações, tempos de Cabral, até concluir que o Brasil precisa processar toda a verdade do que ocorreu nos anos da ditadura militar. Ele citou o exemplo da Alemanha, onde a questão do nazismo é até hoje amplamente retratada em museus, escolas e outras instituições para que o tema mantenha sempre vivo e sirva de exemplo para as novas gerações. “Se o Brasil insistir em acobertar todos aqueles fatos, corre o risco de repeti-los”, salientou.
Durante a cerimônia, o Diploma do Mérito Democrático foi entregue ao ministro Paulo Vanucci, e a pessoas e familiares de vítimas da repressão. Estavam presentes entre muitas outras autoridades, a vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Sueli Aparecida Belatto; o reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira Brasil.
Da mesma opinião compartilha o jornalista e advogado Pinheiro Salles, que também foi preso e torturado nos porões da ditadura. Para ele, ainda falta indentificar os torturadores, apurar os crimes e punir os autores. “Não é questão de revanchismo. Punir os torturadores é importante para evitar que se cometam crimes parecidos no presente".
Mauro Rubem também destaca este aspecto. "Trata-se de um fato extremamente importante para ajudar na instituição da democracia no Brasil e, principalmente, na punição dos torturadores". Segundo o parlamentar, o evento é um marco no Estado. “É necessário promover ações que resgatem a memória da luta de mulheres e homens que não negaram esforços na busca de libertar o Brasil da violência implantada pelo Regime Militar”, ressaltou.
Após a sessão, foi relançado o livro “Confesso que peguei em armas”, do jornalista Pinheiro Salles, publicado pela Editora da Universidade Federal de Goiás. A obra foi publicada pela primeira vez quando Salles completava nove anos de cárcere. Ele foi preso pelos militares em 1970, em Porto Alegre. A partir do AI–5, o jornalista passou a viver na clandestinidade e entrou para a luta armada.
30 anos
Assinado em 28 de agosto de 1979, o decreto do presidente João Batista Figueiredo que instituiu a Anistia representou um importante avanço pela redemocratização do País. A medida concedeu o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos.
Ainda hoje, as marcas da repressão e suas consequências, bem como a luta pela democracia, suscitam discussões. A punição aos torturadores e as reparações aos anistiados políticos constituem focos de debates, e seus múltiplos significados representam um diálogo importante entre passado e presente.