Notícias dos Gabinetes
Mauro Rubem fala ao Jornal Hoje
HOJE – Com a reeleição de Valdi Camárcio como presidente do diretório estadual do PT, o que mudará na articulação do partido para as próximas eleições?
Mauro Rubem – Vamos ter com certeza uma discussão de maior profundidade e não somente de um grupo, mas do PT como um todo. Valdi Camárcio foi reeleito com menos votos, então, mostra uma tendência de virada dentro do partido e nós entendemos que essa mudança é qualitativa. O PT vai ter uma discussão mais acalorada, naturalmente para contribuir com o projeto nacional, mas, sobretudo, preservando a identidade do PT em Goiás.
HOJE – O que muda no PT municipal com a eleição de Luiz César Bueno?
Mauro Rubem – Consolida um pouco mais o que tinha sido feito por fora do partido, que é a aliança com o PMDB. Primeiro ela foi feita fora e depois foi oficializada dentro do PT. Não altera a minha opinião de que o partido deveria ter tido candidatura própria naquele período, mas já estamos em outra fase.
HOJE – O casamento do PT com o PMDB pode descaracterizar sua linha de atuação?
Mauro Rubem – A realidade brasileira, sobretudo o processo eleitoral, exige alianças e, o PT flexionou no seu projeto anterior, fazendo alianças, como é o caso do PMDB. O PT faz uma aliança de responsabilidade com o interesse do Brasil porque não temos o centro na política brasileira. Ou temos a esquerda ou a direita. O centro nunca se firmou. Aí é PT ou PSDB. Ou se agrupa mais à direita ou mais à esquerda. O PMDB está se agrupando à esquerda. Essa aliança nos interessa, é óbvio. O que efetivamente não pode acontecer é nós pegarmos o programa do PMDB que seja rebaixado em relação ao nosso. Se tiver alguma proposta melhor ou acima do nosso programa, deverá ser incorporada.
HOJE – O PT crescerá com essa aliança?
Mauro Rubem – Crescerá, mas é óbvio que isso não é automático. Não podemos ficar numa posição de partido manipulado, em que o pessoal do PMDB pega no nosso braço e nos leva para onde quiser. O PT não pode acreditar que vai crescer apenas na popularidade do (presidente) Lula (PT), vamos ter de estar presentes. Quando a gente discute, por exemplo, a apresentação de Rubens Otoni (deputado federal) como candidato a governador com o apoio do PMDB, é porque entendemos que temos conteúdo programático para gerir o Estado, capacidade de liderança e credibilidade para formar uma maioria.
HOJE – Existe um consenso no PMDB e no PT de que o deputado federal Rubens Otoni deva ser candidato a vice-governador do prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) ou do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB)?
Mauro Rubem – Não existe. Rubens é o nosso candidato a governador. Porque quando se discute três nomes mais falados, Rubens, Iris e Meirelles, nós também temos de discutir três coisas importantes. Política se faz com programa. A outra coisa é nome. E a terceira questão é a aceitação desse nome. Uma pesquisa, como agora, você está vendo Rubens embaixo, Meirelles no meio e Iris liderando. Não vou discutir ainda os adversários. Agora, você tem de relacionar quem está no teto e quem está no piso. Temos de discutir muito quem tem capacidade de crescimento, de agregar.
HOJE – Existe a possibilidade de aliança do PT com o PP, como vislumbrou o governador Alcides Rodrigues (PT)?
Mauro Rubem – O próprio governador Alcides vê confiabilidade e segurança numa aliança também com o PT. Acho um pouco difícil isso acontecer. Porém, na hora de efetivamente apresentar o nome, não podemos apenas ver o passado, temos de ver o presente, o futuro, quem agrega e quem pode crescer mais para derrotar o (senador) Marconi Perillo (PSDB), que é o grande inimigo nosso. Não podemos deixar acontecer um retrocesso em Goiás, que seria o retorno de Marconi.
HOJE – Por que o senhor considera difícil a aliança entre PT e PP?
Mauro Rubem – Porque o PT hoje tem uma relação e aproximação maior com o PMDB e, o PP, com outros partidos.
HOJE – Historicamente, não seria mais fácil a composição de aliança com o PP do que com o PMDB?
Mauro Rubem – O PMDB é o partido estratégico, vários outros são também, mas o PMDB pelo seu tamanho e, é um partido estratégico para o nosso projeto nacional. As nossas alianças estaduais têm uma lógica nacional. Mas tudo pode acontecer. Vamos dizer que não é Meirelles, não é Iris e que é uma outra candidatura do PMDB. É possível o PT ir junto? Acho que num cenário desses é quase impossível. Poderíamos estar vendo uma outra opção. O que está posto nesse momento, eu trabalho com a hipótese de um bloco do PFL (DEM) e PSDB; um bloco em torno do PP e seus partidos mais próximos; e um bloco em torno do PT e PMDB. É claro, há outros partidos também importantes, mas menores, que concorrerão.
HOJE – O senhor acredita que num eventual segundo turno, o PP se uniria ao PT ou vice-versa?
Mauro Rubem – Acho que sim, porque o governador Alcides tem mostrado claramente para a sociedade que ele tem razões profundas e sérias para o distanciamento desse projeto que originalmente ele estava participando e pelo qual foi eleito. No início de 2007 eu não acreditava que houvesse uma ruptura, mas a política é cheia de surpresas.
HOJE – Essa frente partidária capitaneada pelo governador teria chances de vitória em 2010?
Mauro Rubem – Acho que existe consistência, sim. Existem interesses muito fortes nesses partidos em torno do governador hoje. Porque ele não tem possibilidade natural de ir para o seu leito anterior, como também é muito mais difícil ir para o PMDB. Entendo que para o Estado é bom que se tenham três projetos para apresentar para o eleitor. Assim o governo de Goiás vai ser mais discutido.