Notícias dos Gabinetes
O trânsito nosso de cada dia
* Padre Ferreira é deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia
Não é preciso recorrer a matérias de jornais ou acessar o site do Detran em Goiás para se ter ideia da quantidade absurda de veículos que circulam em Goiânia nos dias de hoje. Numa Capital de aproximadamente 1,2 milhão de habitantes, já são cerca de 905 mil automóveis. É quase um carro ou motocicleta por pessoa.
Nas ruas apertadas e estreitas, veículos de duas e quatro rodas travam uma briga constante por espaço. Briga esta que custa vidas diariamente. E não apenas vidas de motoristas e condutores de motos, mas também de pedestres e passageiros. Cenas de acidentes podem ser vistas em todas as regiões da cidade, desde o Centro até a periferia.
Segundo estatísticas mais recentes, pelo menos um motociclista morre todos os dias em Goiânia. Levando em conta as mortes nos veículos de quatro rodas ou mais, são pelo menos duas mortes por dia. Apenas as doenças do coração matam mais do que o trânsito caótico e perigoso das grandes cidades.
E não adianta construir viadutos, fazer monumentos. É preciso repensar o trânsito de Goiânia imediatamente. E repensar de uma maneira global, envolvendo todas as secretarias da cidade, desde o Planejamento, o Trânsito até o Meio Ambiente, além de convocar a sociedade civil organizada para o debate. Do jeito que está, vai chegar um dia em que os engarrafamentos vão parar a cidade, literalmente.
Goiânia, edificada para receber 50 mil habitantes, vive problemas estruturais desde a sua fundação. Porém, em décadas, pouca coisa foi planejada de fato. As principais ruas da Capital, por exemplo, têm a mesma estrutura de 30 anos atrás, e com uma “pequena diferença”. Neste período, o número de veículos em circulação mais do que duplicou.
Uma das vias construídas para desafogar o trânsito da região central, a Marginal, por exemplo, tem 20 anos de “vida”, e vive problemas não só de engarrafamento, mas também de construção. A pista já cedeu em vários locais e, quando chove, sofre com alagamentos. O que era uma avenida de melhoria, hoje se transformou em mais um problema.
E para piorar, além de não ter planejamento, Goiânia deixa passar o bonde da história. A Prefeitura Municipal poderia ter feito investimento pesado na melhoria do transporte coletivo. Este é o primeiro passo para melhorar o trânsito urbano em qualquer lugar do planeta. Grandes cidades como Nova Iorque, Londres e Paris só desafogaram o trânsito com metrô e ônibus eficientes.
Esta promessa de solução para o transporte coletivo urbano, inclusive, foi feita durante a campanha para a eleição e reeleição do atual prefeito. Mas o que se vê hoje nos terminais são pessoas amontoadas à espera do ônibus coletivo. Dentro dos veículos, os passageiros viajam em uma verdadeira lata de sardinha, sem o mínimo de conforto e respeito.
E isso tudo, pasmem, ao preço de R$ 2,25, um dos valores mais altos de passagens de ônibus coletivo do País, conforme reportagem feita por um jornal em Goiás. O valor e a precariedade do sistema afastam o cidadão, que prefere investir na compra de um veículo para se deslocar ao trabalho. Mais carros e motos nas ruas, mais problemas. A situação piora para todos.
Sem falar no prejuízo ao meio ambiente. São cerca de 400 mil toneladas de poluentes expelidas diariamente por automóveis na Capital. É mais do que o dobro do recomendado. A piora no ar que respiramos é visível, principalmente nos dias mais quentes, quando é possível ver nuvens de fumaça e poeira sob o céu da Capital.
Goiânia clama por soluções urgentes para o trânsito, que devem passar, necessariamente, por melhorias no transporte coletivo urbano. De outra forma é embelezar a cidade para que os motoristas possam admirar durante os engarrafamentos.
Padre Ferreira é deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia (www.padreferreira.com.br)