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"Este governo vai passar", diz Thiago Peixoto em O Popular
Vai passar
Em Goiás, os últimos anos serão lembrados como o tempo das políticas públicas equivocadas e das oportunidades perdidas. Tempo em que o Estado ficou sem prioridades e sem estratégias de desenvolvimento. Literalmente sem rumo. Um tempo onde o governo estadual se distanciou da sociedade e não atendeu às necessidades dos goianos.
No final de 2007, o governo anunciou que apresentaria um balanço deste tempo. Nada foi divulgado. Em 2008, a mesma promessa. Como prévia, alardeou, de forma confusa, uma planilha de quase R$ 600 milhões que teriam sido investidos no último ano. Nada de surpreendente, levando-se em conta que este governo tem como hábito apresentar muitos números, mas nunca resultados e realizações.
O balanço detalhado ainda não foi divulgado sob a alegação de que é complexo e trabalhoso. Mas a verdade é que preferem a omissão e o mistério à transparência. Também dizem que o Estado estava quebrado, mas não mostram, com clareza, as contas que provam isso e nem apontam os responsáveis por tais dificuldades.
E ainda se permitem ignorar que a coalizão política que sustenta o atual governo é a mesma há mais de uma década. Logo, é evidente a relação de co-responsabilidade – para não dizer cumplicidade – com a gestão anterior.
Enquanto ficamos na expectativa, faço um balanço sob a ótica da população. Visitando escolas e hospitais, viajando pelas estradas, observando e usando os serviços que deveriam ser oferecidos de maneira satisfatória pelo governo estadual, concluo que o balanço não foi divulgado pelo fato de que nada de significativo foi feito.
Nosso levantamento pode começar pela Educação e as duas recentes greves: 44 dias de paralisação em 2007, 58 dias em 2008 e uma imensurável falta de sensibilidade do Executivo ao cortar os pontos dos professores e ao não conceder uma correção salarial digna. Sem nos esquecermos das escolas completamente abandonadas e sucateadas, como mostrou este jornal em reportagem publicada no dia 16.
2008 também foi o ano em que o governo admitiu publicamente que não cumpria a Constituição e desrespeitava o repasse de 2% do Orçamento – previstos em lei – para a Universidade Estadual de Goiás. Quer repassar agora míseros 0,25%.
Na Saúde, o Tribunal de Contas do Estado revelou que o Executivo não gastou os 12% obtidos com a arrecadação de impostos em 2007 – a conseqüência desta medida é vivenciada por qualquer cidadão que vá a um hospital da rede pública estadual.
Em julho e em novembro de 2008 muito se falou de uma agenda positiva para a Saúde, mas a construção de novos hospitais, a compra de modernos equipamentos, o desafogamento do Hugo e o pleno funcionamento dos Hospitais de Urgências de Aparecida de Goiânia e Trindade não saíram do papel.
Lançado em maio de 2008, o Programa de Recuperação de Estradas Asfaltadas (Prea), que restauraria mais de 1,5 mil quilômetros de rodovias estaduais antes das chuvas, também figura neste nosso balanço. Não pelo que este programa fez, mas pelo que deixou de fazer. Vide a situação das estradas do Sudoeste goiano. E como estamos em período chuvoso, a situação calamitosa não terá fim por agora. Levantamento feito por este jornal e publicado no dia 26 de dezembro do ano passado mostrou o cenário drástico em trechos de GOs como 040, 060, 070, 118, 210 e 530, dentre outras.
Há muito mais a ser registrado desta gestão. Desde a dificuldade em lidar com questões administrativas, como o tempo gasto de mais de um ano entre a elaboração e implantação da reforma administrativa, até a crise (que se tornou pública em 21 de setembro) em relação aos materiais básicos de consumo: faltava água, sabonete e papel higiênico em escolas estaduais; material para curativo e medicamentos em hospitais e centros de saúde.
Nós, goianos, esperamos que em 2009 e em 2010 o governo recupere tanto tempo perdido. Que os compromissos assumidos em campanha sejam cumpridos e não meramente anunciados e esquecidos. Quanto a esta gestão, fica a esperança de dias melhores. Mas sejamos francos. O que fica é uma certeza: falta menos de dois anos para o seu final. Ou seja: vai passar.
Thiago Peixoto é economista e deputado estadual (PMDB).
Publicado no jornal O Popular do dia 24/01/2009