O deputado estadual Daniel Goulart (PSDB) questionou ontem (13), na tribuna da Assembléia Legislativa, a eficácia dos Conselhos de Ética em vista da absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros. Embora o Conselho de Ética daquela Casa tenha aprovado o relatório dos senadores Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) – que recomendava a cassação de Renan por quebra de decoro parlamentar – o presidente do Senado foi absolvido em plenário.

"Não tenho visto muita eficácia nem resultados positivos no trabalho dos Conselhos de Ética e das Corregedorias das Casas de Leis. Eu fico com dúvidas sobre quem realmente está sendo punido", avaliou Goulart. O tucano lembrou que em pronunciamento na tribuna, na semana passada, alertou para a forte possibilidade de Renan Calheiros não ser cassado.

"Eu cantei a pedra de que o Renan seria absolvido, porque o governo estava trabalhando pesado para livrá-lo." Goulart afirmou que o senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e a filha dele, também senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), fizeram um trabalho "de formiguinha" junto aos colegas de parlamento para livrar Renan. "Senadores foram pressionados, ameaçados de perder os cargos que têm no governo federal, e chegaram a negociar seu voto, se abstendo de votar no processo contra Renan."

Segundo Goulart, o PT foi "o fiel da balança" no resultado. "Os senadores do PT definiram aquela situação. O presidente Lula, de sua viagem na Europa, falou que era preciso respeitar a decisão do Senado, num claro indicativo de que já sabia que Renan seria absolvido", declarou Goulart. "O Senado é que saiu punido nessa história."

Apesar de se manifestar contrariado com o resultado do julgamento de Renan, Daniel Goulart disse estar satisfeito com o posicionamento dos três senadores goianos. "Não podemos reclamar da postura dos nossos senadores. O senador Marconi Perillo (PSDB) chegou a apresentar requerimento pedindo voto aberto no Conselho de Ética", ressaltou.

Goulart também elogiou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão. "Deixa-me muito feliz a decisão do STF de colocar a cúpula do PT e deste governo no banco dos réus. Isso mostra que, apesar de ter ali sete ministros indicados pelo presidente da República, aquela Corte não está contaminada", declarou.