Porangatu: uma senhora cidade

Neste dia 25 de agosto de 2008 o município de Porangatu chega a uma idade especial de vida: completa 60 anos de criação e emancipação política. Poderíamos dizer que Porangatu chegou a sua terceira idade. Mas se lembrarmos que uma cidade, como bem nos colocou Levi Straus, é um ser vivo, um ente biológico, uma mistura de emoções e ações humanas, não tenho a menor sombra de dúvida que Porangatu está em pleno processo de nascimento, de ressurgimento e que é apenas uma jovem cidade com muito a oferecer a todos os seus cidadãos.

Surgida nos sertões de Amaro Leite, tem sua origem discutida ainda nos dias atuais. O historiador Bertran nos coloca o ano de 1570 como o ponto de partida, as histórias orais nos fascinam com a saga do Negô Dunga, do bandeirante e de seu amor por Angatu. As lembranças nos trazem a aventura dos tropeiros e comerciantes do norte e do sul do país chegando e se instalando com as suas famílias ao final do século XIX e início do XX. Todos acreditando que na imensidão daquele sertão era possível vencer e construir uma cidade.

Assuntos que ainda irão gerar muita discussão e teorias entre nós. Mas que em comum possuem a magia de nos fazer sentir uma Porangatu jovem, dinâmica, pronta para enfrentar os novos desafios que se apresentam e com certeza vão se constituir em uma nova frente de desenvolvimento, de melhoria da qualidade de vida e de crescimento econômico, social, cultural, ambiental e histórico.

A história é clara. Do surgimento do Arraial do Descoberto da Piedade à decadência de Goiás com a extinção do ouro das minas. Da nova conquista dos sertões nos anos 1940/50 às crises dos anos 1980/90. A partir do final do século passado, podemos afirmar com absoluta certeza que Porangatu passa a entrar nos trilhos certos e que deles não sairá.

Com a participação de toda a população, este período marca a entrada de Porangatu na busca do desenvolvimento e de uma nova concepção de vida. Acompanhando Goiás no caminho de uma nova dinâmica nas relações entre poder público e sociedade, Porangatu parte em busca de sair das páginas policiais dos jornais para se destacar nas editorias de economia, cultura, política, turismo e se fazer mostrar por aquilo que melhor tem: a sua gente. Que sonha, que acredita e que luta e se orgulha de ser e pertencer a Porangatu.

Nestes últimos doze anos muito foi feito. Não caberia aqui citar obras realizadas, pois precisaríamos bem mais que este espaço para enumerá-las. Cabe, sim, lembrar a maior obra implantada em Porangatu: o respeito ao Porangatuense, a retomada do sentimento de orgulho que hoje cada cidadão e cidadã carrega dentro de si. A incrível capacidade de respeitarmos o passado para que possamos ter garra de lutarmos pelo futuro. E o futuro é agora.

O futuro chegou nestes doze anos com novos investimentos públicos que trazem em suas políticas públicas a garantia do investimento privado. O futuro se faz presente quando analisamos os dados econômicos, os índices de melhoria da vida de nossa população colocados na diminuição de problemas de saúde e no acesso e nível de qualificação do sistema básico e superior de educação. O futuro se mostra no engrandecimento do poder de crescimento econômico do Porangatuense, propiciando que sua família tenha acesso a bens e serviços que antes se mostravam distantes. O futuro vem correndo nos trilhos da Ferrovia Norte-Sul, cujos vagões já estão chegando carregados de novas esperanças, sonhos e realidades. Como diria o caboclo, “eitâ trem bão sô”.

Por tudo isto e muito mais, Parabéns Porangatu pelos seus 60 anos de vida. Parabéns a todos os Porangatuenses, que morando aqui ou não trazem dentro de si a semente de construir uma sociedade mais justa e humana. E que todos, mais cedo ou mais tarde, possamos estar embebidos das águas do Descoberto, para que nunca possamos ir embora e que estejamos sempre voltando para a senhora que tanto amamos. Nós, os seus filhos, cuidamos de ti, Porangatu.

Júlio Sérgio de Melo, Júlio da Retífica é deputado estadual (PSDB). Prefeito de Porangatu por dois mandatos (1997-2004), empresário, produtor rural e cidadão Porangatuense que dedica a sua vida pela defesa e desenvolvimento de Porangatu.

Artigo publicado no Jornal Diário do Norte, edição de domingo, 24 de agosto de 2008.