Dia Mundial do Cinema

A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) realizou sessão especial extraordinária para homenagear cineastas goianos, como parte das comemorações do Dia Mundial do Cinema, celebrado anualmente em 5 de novembro. Por iniciativa da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), foi entrege o Certificado de Honra ao Mérito Legislativo a 57 profissionais do mercado cinematográfico. O evento teve lugar no Plenário Getulino Artiaga, na noite desta terça-feira, 5.
Compuseram a mesa diretiva, além da deputada que presidiu a sessão: o prefeito municipal de Acreúna, Edmar Oliveira Alves Neto; a produtora cultural e realizadora do Festival Curta Canedo, Maria Carmelita Gomes Ferreira; o ator e produtor de teatro e cinema, Ivan Lima; e o professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás, Marcelo Costa.
Adriana Accorsi abriu os discursos da noite e falou da sua satisfação em realizar a sessão solene, destacando que, considerado a sétima arte, o cinema inspira milhões de pessoas ao redor do mundo.
Ela lembrou ainda da sua criação em 1895 pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, que apresentaram o cinematógrafo, um aparelho que filmava, copiava e projetava. E teve como sua primeira exibição a saída dos trabalhadores da fábrica Lumière, em um café em Paris.
“No Brasil, o cinema teve seu pontapé inicial em 1896, quando foram exibidos no Rio de Janeiro uma série de filmes curtos retratando o cotidiano nas cidades europeias. Depois dessa primeira exibição, o país construiu uma história cinematográfica rica e variada, que atravessou muitas fases e conquistou reconhecimento ao redor do mundo”, recordou a deputada.
Adriana Accorsi disse ainda que, ao longo de seus diferentes períodos históricos, as obras cinematográficas brasileiras acompanharam e incorporaram influências dos contextos social, econômico, cultural e político do Brasil. Enfatizou que a história do cinema Brasileiro pode ser dividida em épocas distintas, que moldaram as produções nacionais no decorrer de mais de um século da sétima arte no País.
“Em nossa historiografia cinematográfica, esses períodos incluem os primeiros filmes e o domínio de Hollywood, o surgimento do cinema sonoro, as chanchadas, o Cinema Novo e o “udigrúdi”, a Embrafilme, a crise dos anos 1980, a retomada e a pós-retomada”, registrou.
Ainda, contou que, em Goiás, a primeira projeção aconteceu no dia 13 de maio de 1909. A sessão aconteceu no Theatro São Joaquim, na antiga capital Vila Boa de Goyaz, sob os auspícios da empresa Recreio Goyano, que projetou “Comédias Dramáticas e Phantasticas”, como dizia o cartaz colocado no saguão do teatro.
“Segundo a crônica da época, a estreia da sala cinematográfica aconteceu em clima de grande euforia e expectativa. Em Goiânia, o primeiro cinema foi inaugurado no dia 13 de junho de 1936. Seu nome, Cine Teatro Campinas, foi escolhido através de concurso público. A sugestão vencedora foi de Antônio Leão Teixeira. Já no Setor Central de Goiânia, a primeira sala de cinema a ser aberta foi o Cine Popular, em outubro de 1939. Mais tarde passou a ser denominada Cine Santa Maria, na Rua 24”, contou.
A parlamentar reforçou a honra de prestar homenagem a diversos cineastas, produtoras goianas e produtores goianos. Segundo ela, são mulheres e homens, profissionais talentosos que desempenham sua função com grande maestria e perfeição. “Produzem belas obras, as quais têm o poder de nos proporcionar o sentimento de diversas emoções, entreter, alegrar, refletir e despertar uma consciência crítica sobre os mais diversos temas”, disse.
Adriana encerrou, afirmando que esses profissionais atualmente sofrem com o descaso do Governo Federal, que está, na visão dela, está promovendo um duro e covarde ataque contra a indústria audiovisual em nosso país. “Em mais uma ofensiva contra a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu atacar a principal fonte de fomento de produções audiovisuais no País. Recentemente, encaminhou ao Poder Legislativo um projeto de lei que prevê para 2020 um corte de quase 43% do orçamento do fundo setorial do audiovisual, reduzindo-o para R$ 415,3 milhões. É a menor dotação nominal para o fundo desde 2012”, apontou.
Agradecimentos
A produtora cultural Maria Carmelita Gomes Ferreira ocupou a tribuna para cumprimentar a deputada Adriana Accorsi (PT) pela homenagem e disse que a parlamentar nunca a decepcionou como política, pois faz da voz do povo a sua, e traz a voz do povo para esta Casa. “É uma noite memorável, a primeira vez que o cinema goiano é homenageado em Goiás pela Assembleia Legislativa. Obrigado Adriana”.
Ainda, a produtora cultual contou que firmou uma parceria entre o Festival Curta Canedo e a Universidade Estadual de Goiás para ministrar cursos para 32 alunos daquela instituição na próxima edição do Festival.
“Muita gente faz cinema por entretenimento, mas quando as imagens são transformadas em filme dá voz e empodera as pessoas, as fazem ser vistas. Vejo que aqueles que fomentam a arte e a cultura, neste País, como guerreiros, resistentes e que lutam. Em Goiás, já era tempo de ocuparmos esta Casa, esta tribuna” comentou Carmelita.
Por fim, a homenageada reforçou que somente as artes e o esporte podem salvar o Brasil. “Vamos continuar produzindo, vamos acordar e lutar contra a censura e ditaduras. As dificuldades vêm para levantar guerreiros. Cada um de nós pode plantar sementes no Estado. Não podemos aceitar um governo doente, em nenhuma esfera. Temos que nos fazer respeitados e representados. O cinema constrói a história”, concluiu.
O diretor, roteirista e produtor audiovisual, Cristiano de Oliveira Sousa, proferiu discurso em nome dos homenageados e agradeceu a oportunidade de estar na Assembleia Legislativa nesta noite. Ele lembrou que o tema da redação do último Enem foi A Democratização do Acesso ao Cinema. “Como chamar milhões de jovens a pensar a democratização do acesso ao cinema se já estamos vivendo uma época de censura velada neste país? ”, questionou.
Ainda, o cineasta tornou a enfatizar que, a cada dia que passa, editais e concursos em Goiás estão passando por censura velada, excluindo o diferente e o que vai de encontro à velha política.
“Centenas de projetos no Estado são excluídos sem resposta, na forma de uma censura velada. Pessoas que passam pelos processos legais e burocráticos estão sendo deixadas de lado sem explicações e motivos. Não queria defender o obvio aqui, mas passamos por tempos escuros e malcheirosos, que deveriam ter sido excluídos da nossa história”, criticou Cristiano.
Por fim, o roteirista defendeu que o cinema ajuda a população a deixar de “ser gado” e o torna um cidadão de fato, com pensamento crítico e de difícil alienação, e que é preciso ao profissional do audiovisual não se vender e não se render a essa caça às bruxas e à velha política, na qual quem é amigo do rei leva.
“A maior riqueza do Brasil é sua diversidade cultural e sua pluralidade. Queremos respeito e dignidade. É preciso continuar a fazer filmes em Goiás e não ter que sair do Estado para viver de cinema. O Brasil é o terceiro mercado mais lucrativo do mundo e é preciso respeitar nossa arte. Nos deixem trabalhar em paz e incentivem a cultura”, pediu.
Os 57 profissionais do mercado cinematográfico homenageados
Aldene José
Alice de Fatima Muniz
Almir Pereira de Amorim
André Luiz Machado
Ângelo Lima
Boanerges Filho
Carmelita Gomes
Cirlene Pereira de Jesus
Cristiano de Oliveira Sousa
Danilo Milhomem Kamenach
Daya Laryssa
Déborah Tomaselli
Diogo Diniz
Dustan Oeven
Edson Barbosa
Edson Luís de Almeida
Eduardo Carli de Moraes
Ellen Stephany
Erick Eli
Eudaldo Guimaraes
Fabiana Assis
Francisco Lillo
Hugo Batista da Luz
Isaque Brum
Itamar Borges
Itamar Gonçalves
Jacob Alexandrino
Júlio Motta
Kassio Kran
Lázaro Ribeiro de Lima
Lidiana Reis de Oliveira
Luiz Eduardo Rosa Silva
Luzia Mello
Marcelo Costa
Marly Mendanha
Martins Muniz
Mel Gonçalves
Naira Rosana
Noe Luís da Mota
Pedro Afonso Allyen
Pedro Augusto de Brito
Pedro de Diniz
Pedro Novaes
Rafael Sepúlvera
Raphael Gustavo Silva
Rochane Torres. Diretora
Rooberchay Rocha
Rosa Berardo
Ruyter Fernandes
Samuel Peregrino
Silvana Belini Teixeira
Silvana Maria Silva
Úrsula Ramos
Vanessa Goveia
Weber Ferreira Santana
Weslle Fellippe de Araujo
Willian Alves dos Santos