No Dia Mundial de Combate ao Diabetes, médicas e parlamentar falam sobre a importância de se prevenir da doença
Neste sábado, 14, é comemorado o Dia Mundial do Combate ao Diabetes. A intenção da data é lembrar da importância de se prevenir e controlar a doença por meio de uma alimentação adequada e da prática de atividades físicas. No Brasil, a campanha do Dia Mundial do Diabetes é organizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), com oficial apoio de outras entidades, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM); a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Diabetes (IDF).
O diabetes é a incapacidade do pâncreas em produzir a quantidade de insulina necessária e, consequentemente, causa um aumento anormal do açúcar ou da glicose no sangue. Entre alguns sintomas da doença estão: sede excessiva, rápida perda de peso, fome exagerada, cansaço inexplicável, muita vontade de urinar, má cicatrização, visão embaçada e falta de interesse e de concentração.
Visão dos especialistas
A médica endocrinologista Monike Lourenco Dias Rodrigues, professora adjunta em Endocrinologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), explica que “diabetes é uma condição onde você tem um aumento da glicose no sangue. Esse aumento pode ser por falta de insulina ou pode ser a insulina que não faz sua função adequadamente. Há dois tipos principais de diabetes, que é o diabetes insulino dependente e o diabetes insulino não dependente”.
Monike elucida que há quatro tipos da doença, atualmente. “Os mais conhecidos são o tipo 1, onde a pessoa tem uma agressão nas células que produzem insulina por anticorpos. Trata-se de uma doença autoimune. Para essa pessoa, o tratamento é a inserção de insulina desde o princípio. Já o diabetes tipo 2, acontece quando a pessoa tem insulina suficiente, porém ela não funciona, ela tem um estado chamado ‘resistência a insulina’, que pode ser por obesidade, sedentarismo, genética e, principalmente, dentro da obesidade, a gordura abdominal que aumenta a resistência à insulina”, disse a endocrinologista.
Outros tipos de diabetes é o gestacional e o ligado às síndromes genéticas. “O gestacional acomete 5% das gestações e depois do fim da gestação, a mulher tem um risco posterior de ter diabetes, podendo, por outro lado, não desenvolvê-la. Há também diabetes ligada à síndrome genética. Por exemplo, a síndrome de Down é uma condição mais associada com diabetes”, explicou Monike.
Ela explica que o tipo 2 da doença é o mais comum, que corresponde a 90% dos casos de diabéticos. É ligado à síndrome metabólica, que é o nome que se dá a um conjunto de problemas trazido pelo excesso de peso. “Recomenda-se fazer atividade física aeróbica, pelo menos três vezes por semana. Isso ajuda na queima de calorias, na facilitação da ação da insulina. Você deve manter seu peso corporal, evitando acumular gordura abdominal. A atividade física ajuda nisso, mas também é imprescindível a dieta. É preciso ter condutas para adotar uma dieta saudável, evitando gordura trans, excesso de carboidratos simples que são os açúcares, farinha branca, açúcar e também a frutose. Ressalta, aqui, que a fruta não é um problema, mas sim, os sucos adoçados com açúcar simples.”
De acordo com Monike, o Dia Mundial de Combate ao Diabetes é uma data muito importante, pois traz conscientização. “Essa data é um dia onde o Brasil se mobiliza em campanhas, mutirões de detecção de diabetes em pacientes assintomáticos. Esse ano, devido ao coronavírus, esses mutirões estão suspensos. Mas é uma prática de todo ano em Goiás. A rede pública de saúde, através do Hospital das Clínicas da UFG, do Hospital Geral de Goiânia, todos se mobilizam a detectar mais indivíduos assintomáticos. Assim conseguimos diagnosticar quem está com uma alteração, podemos tratar mais cedo e evitar as complicações. É uma oportunidade para que estejamos falando da doença e das formas de prevenção”, ressaltou.
A médica Ana Carolina Fonseca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, também sustenta que ter um dia específico para lembrar da necessidade de combater o diabetes é fundamental pois, atualmente, ocorre uma verdadeira pandemia da doença. “Um a cada 11 adultos no mundo tem diabetes, ou seja, a doença afeta mais de 460 milhões de pessoas. E o maior problema é que a metade dessas pessoas desconhece o diagnóstico, estando expostas aos riscos da hiperglicemia por falta de tratamento. Hoje o diabetes e suas complicações são responsáveis por 11% das mortes no mundo, ceifando vidas precocemente e deixando sequelas graves, como amputações, cegueira, necessidade de hemodiálise, por exemplo”, destacou.
Ana Carolina, ainda, afirmou que, diante desse cenário, “quanto mais falarmos sobre a doença, orientarmos sobre os sinais e sintomas e, sobretudo, sobre as mudanças de estilo de vida que podem ajudar na prevenção, conseguiremos atingir e informar mais pessoas que podem evitar a doença ou, se não for possível evitar, que sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.”
Para o deputado estadual Helio de Sousa (PSDB), a data é oportuna para despertar a população sobre a necessidade de prevenção. “A patologia é silenciosa, mas ao mesmo tempo traz uma série de comprometimentos. As estatísticas mostram dados preocupantes, 30% dos infartos do miocárdio acontecem nos diabéticos. As lesões que a doença deixa ataca, não só o sistema cardiovascular, mas também o rim do paciente e, consequentemente, diminui a sua qualidade de vida”, explicou o médico.
Helio de Sousa afirmou também que todas essas lesões citadas anteriormente não acontecem se o tratamento da diabetes for iniciado o mais cedo possível. “Despertar o cidadão para que ele tenha bom controle de sua glicemia, para que ele busque a prevenção e observação de sua saúde. É preciso evitar diversos alimentos e também é necessário ter uma vida ativa. Feito o trabalho preventivo, é possível ter uma ótima qualidade de vida”, explicou o peessedebista.
Projetos
Os parlamentares da Casa de Leis goiana buscam, por meio dos projetos de lei, garantir os direitos do cidadão goiano. Em relação aos portadores de diabetes, inúmeras proposituras já tramitaram no Legislativo como, por exemplo, o projeto de n° 4758/20, de autoria do deputado Helio de Sousa (PSDB), que altera a lei de 2018 que instituiu o Estatuto do Portador de Diabetes. O objetivo é garantir ao portador de diabetes o direito de monitorar sua glicemia e realizar aplicação de insulina em locais públicos ou privados de uso coletivo.
O parlamentar ressalta que a lei vigente já dá aos diabéticos o direito de ingresso e permanência nos locais públicos ou privados de uso coletivo portando insulina, insumos, aparelhos de monitoração de glicemia, pequenas porções de alimentos e bebidas não alcoólicas necessárias à proteção de sua saúde. "No entanto, esse estatuto não prevê, ainda, o direito de monitorar a glicemia e aplicar insulina em locais públicos e privados de uso coletivo. Para aprimorar a legislação é que decidimos apresentar essa proposição, ampliando os mecanismos de proteção e defesa da saúde das pessoas com diabetes", justifica.
Atualmente a proposta está na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) sendo avaliada pelo relator, o deputado Álvaro Guimarães (DEM).
Outro exemplo de projeto é o nº 6699/19, do deputado Delegado Humberto Teófilo (PSL). A proposta tem o objetivo de criar o Centro Estadual de Atenção ao Diabetes na região do Entorno do Distrito Federal, mais precisamente na cidade de Valparaíso de Goiás. A matéria foi aprovada em segunda votação em agosto último.
A propositura em questão dispõe sobre a instalação de centros especializados em diabetes pelo território goiano, com o padrão do Centro de Diabéticos de Goiânia. Esses lugares deverão dispor de atendimento médico para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença e suas complicações. Isso inclui assegurar o acesso aos medicamentos e aos insumos para o tratamento do paciente.