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Dia de amor e cobranças

06 de Maio de 2022 às 08:20
Dia de amor e cobranças
Entre laços de afeto e a invisibilidade do cansaço materno, a data convida à reflexão sobre os desafios da maternidade. Na Alego, projetos buscam resguardar direitos e abrir oportunidades para a mulher mãe.

Todo segundo domingo de maio se comemora o Dia das Mães no Brasil. A data costuma ser festejada, também, pelo comércio, já que a vontade dos filhos em retribuir o amor materno se reflete no movimento das lojas. Os dados mostram que, apesar da crise financeira, ainda há muita gente disposta a presentear as mães. Em 2022, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o volume de vendas decorrente da data atinja R$ 14,42 bilhões no comércio varejista. A marca é 1,8% menor que a movimentação financeira motivada pelo Dia das Mães em 2021, mas supera em R$ 5,6 bilhões os valores registrados em 2020. 

Por outro lado, muito mais que uma data para presentear ou receber presentes, trata-se também de uma oportunidade de fortalecer laços e refletir sobre os desafios da maternidade. 

Reflexões

A atriz e influenciadora digital Lian Tai descobriu na maternidade um mundo de novos sentimentos, principalmente pela felicidade de gerar e ver crescer sua filha, a quem deu o nome de Paz, mas também pelas agruras — muitas vezes silenciadas — da difícil realidade materna. “Você nunca mais estará sozinha, dizem para as recém-mães, sem saber que elas provavelmente nunca estiveram tão sós. É solitário ser a grande responsável pela saúde e bem-estar dos filhos, sendo solo ou tendo o pai da criança ao lado, para supostamente dividir as tarefas. É solitário se dar conta da própria descartabilidade, quando te excluem dos espaços de trabalho, de estudos e de lazer”, exemplifica Lian.

De acordo com a influenciadora, a lista da solidão materna é longa e se torna maior a depender da tonalidade da pele e da classe social. “Toda mãe que se atreve a falar sobre o lado doloroso da maternidade corre o risco de se passar por ingrata ou desnaturada. Sobre ela recai, constantemente, a desconfiança do não amor pelos filhos”, problematiza. 

Para a pediatra neonatologista Márcia Zani, outro grande paradigma que precisa ser desconstruído é o da maternidade compulsória. Ela explica que esse é um padrão social antigo que considera a maternidade como uma regra inescapável do universo feminino. “Criar filhos não é romântico, nem tarefa que a vida exige. Criar filhos nos coloca dentro de uma teia de pessoas e acontecimentos que impactam nossas vidas. Deveria ser uma escolha consciente e refletida”, pondera. 

Mãe de três crianças, a roteirista Ana Alkimim chama atenção para os prejuízos causados pela relação entre machismo e maternidade. Ela acredita que a sobrecarga a que estão submetidas as mães decorre da manutenção de privilégios masculinos. “A divisão de tarefas entre pais e mães ainda é muito precária. Aos homens é dado o privilégio de se abster de muitos dos cuidados que a criação de filhos demanda. Enquanto isso, o trabalho das mães é constantemente invisibilizado. Tudo isso gera um cenário de esgotamento para muitas mulheres”, reflete. 

Sobre o cansaço materno, a empresária Talita Ramos faz questão de reforçar que a situação não atinge o amor que as mães sentem pelos filhos. “Quando uma mãe fala que está cansada, ela não está querendo deixar de ser mãe, tampouco está deixando de amar seus filhos. Uma mãe cansada, muitas vezes, não deixa transparecer o cansaço exatamente por saber que, se falar algo, possivelmente será julgada.” 

A empresária, que é mãe de duas crianças, acrescenta que uma rede de apoio tem fundamental importância e que familiares e amigos podem ajudar de diferentes maneiras. “Quando você ouvir uma mãe falar do seu cansaço, tenha empatia, ofereça ajuda. E se não tiver nada de bom para falar, apenas fique ali e escute o que ela tem para dizer. E você, mãe, não tenha medo ou vergonha de falar do que você sente”, sugere. 

A vendedora Jacqueline Lima é mãe solo da Juliah, de 11 anos. Ela conta que a relação mútua de admiração e cumplicidade com a filha deu um novo sentido para sua vida e declara todo seu amor pela menina. “Às vezes, não sei se estou acertando em tudo que faço, mas estou sempre fazendo o meu melhor. Somos ela e eu, sem nenhum familiar por perto, mas juntas nós somos e sempre seremos mais fortes. Eu por ela e ela por mim. Eu sempre serei sua maior apoiadora, admiradora e fã”, declara. 

Na Alego

Neste ano, a seção de Publicidade, Imagem e Identidade Corporativa (SPI) da Alego desenvolveu um vídeo institucional em homenagem às mães de servidores e às servidoras que são mães. O material foi publicado na TV Alego e nas redes sociais da Casa. “O mote da campanha deste ano é Laço de Afeto e valoriza a relação saudável de respeito e aprendizado entre mães e filhos”, descreve Mirelly Rodrigues, uma das publicitárias responsáveis pelo trabalho. 

Para além das homenagens, o Legislativo goiano também se preocupa em inserir as questões maternas na agenda do debate público. Estão em tramitação diversos projetos que discutem os desafios da maternidade e procuram oferecer melhores condições às mulheres que são mães. 

De autoria da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) — mãe de Verônica, 26, e Helena, de 3 anos —, a proposta 8700/21 pretende priorizar as vagas em escolas públicas, em período integral ou parcial, para os(as) filhos(as) de mães solo. Para isso, a matéria irá alterar a Lei n° 21.070, de 9 de agosto de 2021, que cria o programa Mães de Goiás, inserindo o parágrafo único: “As mulheres que comprovadamente exercem a maternidade sem qualquer auxílio paterno, independente do reconhecimento civil da paternidade, e devidamente cadastradas em programa de empregabilidade e geração de renda em âmbito estadual, terão prioridade na participação de processos seletivos e indicações por intermédio desse”.

Adriana explica que, para as mães nessa condição, além da transferência de renda, é necessário um conjunto de ações para que essas mulheres possam inserir-se no mercado de trabalho. “Medidas como a priorização das vagas em escolas públicas para as filhas e filhos de mães solo, e a inclusão dessas mães na participação de processos seletivos dos programas de empregabilidade e geração de renda estadual, promovem oportunidades para essas mulheres entrarem e permanecerem no mercado de trabalho”, defende a parlamentar. 

Também tramita na Alego o projeto 5425/21, do deputado Paulo Trabalho (PL), que objetiva contribuir para a empregabilidade de mães acima de 40 anos, por meio de incentivos fiscais para empresas. “As empresas que preencherem até 20% de seus postos de trabalho com a contratação de pessoas na forma dessa lei terão direito à redução de 5% no valor relativo ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) que possuam obrigação de recolher ao Estado”, lê-se no artigo segundo do projeto de lei. 

Já o projeto 5684/20 pretende obrigar que maternidades, casas de parto e estabelecimentos hospitalares congêneres da rede pública e privada permitam a presença de fisioterapeutas durante o período de pré-parto, parto, e pós-parto, sempre que solicitado pela parturiente. O autor da matéria, deputado Amilton Filho (MDB), esclarece que “a proposição se coaduna com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e dos direitos sociais à saúde, à proteção à maternidade e à infância”. 

Agência Assembleia de Notícias
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