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É grave, mas tem cura!

17 de Novembro de 2022 às 08:00
É grave, mas tem cura!
Celebração neste 17 de novembro é maneira de conscientizar a população acerca das formas de contágio, tratamento e prevenção da doença, que tem vacina e cura, mas ainda é um problema de saúde pública mundial.

Você sabe o que Dom Pedro I, os escritores Manuel Bandeira, Franz Kafka e George Orwell e os músicos  Frédéric Chopin e Noel Rosa têm em comum? Infelizmente, todos eles morreram em consequência da mesma doença: a tuberculose. E esses são apenas alguns exemplos de personalidades que padeceram, em épocas diferentes, do mesmo mal. 

O Dia Nacional do Combate à Tuberculose, 17 de novembro, busca conscientizar a população acerca das formas de contágio, tratamento e prevenção da doença, que tem vacina e cura, mas ainda é um problema de saúde pública mundial.

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Apesar de ela poder atingir vários órgãos, é mais comum que se instale no pulmão, logo, é comumente considerada uma doença respiratória. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia de covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose e, pela primeira vez em mais de uma década, as mortes pela doença aumentaram. O Relatório Global da Tuberculose 2022 aponta que, em 2021, cerca de 10,6 milhões de pessoas contraíram a doença, um aumento de 4,5% em relação a 2020, e 1,6 milhão de pessoas morreram em virtude da enfermidade. Entre 2019 e 2021, houve redução de 25% no diagnóstico e aumento de 26% da mortalidade pela doença no mundo.

No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de Tuberculose Drogarresistente, foram registrados 68.271 casos novos de tuberculose em 2021. Em 2020, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença. 

Em Goiás, dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) apontam decréscimo nos números de casos, mas avalia-se que essa redução pode ser em função das restrições impostas pela pandemia de covid-19, que impactou na detecção de novos diagnósticos. Nos anos de 2019, 2020 e 2021, foram registrados, respectivamente, 960, 925 e 900 novas ocorrências em Goiás, que, no entanto, concentra os menores coeficientes de incidência dentre os demais estados do País.

Compreendendo a doença

O médico da Seção de Serviços Sociais da Alego, Wilson Antônio Torrano, explica que, na fase inicial, os principais sintomas são a tosse persistente, falta de ar, cansaço, emagrecimento repentino e crises de suor noturno. Entretanto, faz um alerta: “Não é apenas a tosse que deve guiar uma suspeita de tuberculose, muitas doenças causam esse mesmo problema. É importante estar atento ao conjunto de sintomas, principalmente com a presença da perda de peso e do suor inesperados”. 

O contágio se dá por via respiratória, isto é, a pessoa inala aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa sem tratamento.  

Desta forma, destaca Torrano, a prevenção é “relativamente simples”: usar máscaras faciais em ambientes de risco (como hospitais), fechados, lotados e com pouca ventilação (por exemplo, no transporte público). Além, é claro, da vacina BCG (sigla para “Bacilo de Calmette-Guérin”) em dose única, logo após o nascimento ou até os 4 anos de idade, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação. 

Conforme o Ministério da Saúde, a melhor forma de prevenir a transmissão da doença é fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível. Com 15 dias após iniciado o tratamento, a pessoa já não transmite mais a doença. O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, diariamente e sem nenhuma interrupção. O tratamento só termina quando o médico confirmar a cura total do paciente.

Antes da pandemia de covid-19, a tuberculose era a principal causa de morte de um único agente infeccioso, classificado acima do HIV/AIDS. 

Desafios no combate

Caso os exames laboratoriais específicos confirmem o diagnóstico, o tratamento é feito com três medicamentos diferentes e dura, em média, seis meses. O uso dos fármacos deve ser mantido pelo tempo indicado pelos profissionais de saúde mesmo que os sintomas desapareçam. 

“O grande desafio é justamente esse. Os remédios são eficazes e a taxa de cura é bem alta, mas o tempo de uso prolongado faz com que as pessoas acabem abandonando os cuidados antes do tempo recomendado”, analisa o médico da Alego. 

Estimativas do Ministério da Saúde apontam que cerca de 11% dos brasileiros diagnosticados com tuberculose em 2019 abandonaram o tratamento. A taxa é considerada alta diante dos 5% de abandono de tratamento estimados pela OMS. 

O boletim epidemiológico da Fiocruz aponta que Goiás e Rondônia são os estados com maiores proporções de abandono do tratamento entre os anos de 2019 e 2021. 

Conforme explica o médico Wilson Antônio Torrano, essa situação faz com que a bactéria responsável pela infecção se torne resistente aos medicamentos, o que dificulta a erradicação da doença e aumenta os riscos de morte. Ou seja, ainda não curado, o paciente pode voltar a apresentar sintomas e fica mais vulnerável às formas graves da enfermidade. 

A distribuição de medicamentos, de forma totalmente gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é feita em qualquer unidade básica de saúde. Entretanto, é preciso comparecer diariamente ao posto de saúde para retirar a dose do dia.

População em risco

De acordo com o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, a ocorrência da doença é influenciada por fatores sociais, sendo uma das enfermidades mais prevalentes entre as pessoas em situação de pobreza, privadas de liberdade e minorias étnicas. 

Assim, além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa e à exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida, afetando grupos populacionais em situações de maior vulnerabilidade.

Por isso, a luta contra a tuberculose passa pela garantia do acesso universal à saúde e melhora dos  níveis de proteção social, bandeiras que têm prioridade na Alego.

Conforme já afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom: “Se a pandemia nos ensinou alguma coisa, é que com solidariedade, determinação, inovação e o uso equitativo de ferramentas, podemos superar graves ameaças à saúde. Vamos aplicar essas lições à tuberculose. É hora de acabar com esse assassinato antigo. Trabalhando juntos, podemos acabar com a tuberculose”. 

Em seu poema “Pneumotórax”, Manuel Bandeira diz: “Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos,/ A vida inteira que poderia ter sido e não foi./Tosse, tosse, tosse./Mandou chamar o médico”. À sua época, não havia opções de cura e o escritor sofreu com a doença durante toda a vida. Hoje, a tuberculose é tratável. 

Agência Assembleia de Notícias
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