Dia Mundial da Saúde Bucal
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças bucais afetam cerca de 3,5 bilhões de pessoas no mundo e costumam estar associadas a outros problemas graves de saúde. A falta de uma higiene bucal adequada pode causar não apenas a perda de dentes e doenças na boca, mas provocar ou agravar outras enfermidades. Uma prática simples, a visita regular ao dentista, poderia diminuir, substancialmente, esses números.
Diz um antigo ditado que rir é um bom remédio. A ciência já comprovou os vários benefícios que uma boa gargalhada proporciona ao corpo e à mente humana. E uma boa higiene bucal é o que vai garantir um sorriso bonito e saudável.
Mas, para muito além da beleza de um sorrisão de dentes brancos e alinhados, a preocupação com a saúde de toda a cavidade oral está intimamente ligada à prevenção de doenças não só do órgão, como também de outras partes do corpo.
A boca é a maior cavidade do corpo com contato direto com o meio ambiente. Por este motivo pode ser a porta para a entrada de bactérias e outros microrganismos prejudiciais à saúde. O órgão tem ainda papel fundamental na fala, na mastigação e na respiração.
A cirurgiã dentista Karyne Magalhães explica que a boca é uma parte do corpo que está ligada diretamente a partes das vias áreas superiores e ao esôfago. Segundo ela, como os órgãos estão intimamente ligados, o ideal é que se cuide da saúde como um todo e não apenas de algumas partes. “Cuidar dos dentes e do periodonto (gengiva e tecidos que sustentam os dentes) é fundamental para manter a qualidade de vida e o bem-estar, visto que as doenças bucais podem implicar nas doenças sistêmicas. São os dentes que dão o sustento para face, mastigam o alimento, ajudam na fonação, digestão e contribuem, e muito, com a nossa aparência estética e convívio social”, detalha.
As doenças que podem ter origem na boca são as mais diversas, como a herpes labial e a doença mão-pé-boca. Mas a maior preocupação é com situações mais graves, como o câncer bucal, o HPV e todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Temos ainda o diabetes e a endocardite bacteriana, que é uma infecção do revestimento interno do coração, que pode afetar também as válvulas cardíacas. Qualquer processo de infecção bucal que se tenha exposição com sangramento, pode levar a endocardite bacteriana, quando essas mesmas pessoas têm alguma predisposição cardíaca. Sobre o diabetes, a periodontite interfere no controle da doença, assim como o diabetes no controle da periodontite. Por isso, o paciente precisa de acompanhamentos médico e odontológico”, alerta a profissional.
Como o nosso sorriso é uma espécie de cartão de visitas, problemas na boca podem desembocar também em estresse e ansiedade, prejudicando a saúde mental. A dentista lembra que entre as alterações bucais que podem tirar muita gente do convívio social e levar até mesmo à depressão, está a halitose, conhecida como mau hálito.
Karyne Magalhães, que também é presidente da Associação Brasileira de Halitose, explica que, na maior parte das vezes, o desagrado olfativo vem de algum problema que ocorre dentro da boca. O desequilíbrio bacteriano, as alterações salivares, as doenças bucais e a má higienização, figuram entre as principais causas da halitose.
A boa notícia é que todos esses problemas têm prevenção e tratamento. E com atitudes simples. “As visitas semestrais ao consultório do cirurgião-dentista são imprescindíveis. Durante as avaliações da saúde bucal, são realizadas as manutenções preventivas, como a remoção do tártaro, placa bacteriana, detecção precoce de doenças bucais e a adequação restauradora dos dentes quando é preciso”, ensina Karyne.
Segundo ela, nas visitas ao dentista, além dos tratamentos, os pacientes também são orientados sobre como e quais os produtos são mais pertinentes para serem usados em casa na higiene bucal diária. “No entanto, a média ideal é que se use fita/fio dental duas vezes ao dia e mantenha a escovação por pelo menos uns 2 minutos, três vezes ao dia. Ah, também vale lembrar que a limpeza da língua também faz parte da higiene bucal. E mesmo a halitose bucal tem solução, quando bem diagnosticada, tratada e controlada pelo paciente. Um cirurgião-dentista qualificado no diagnóstico e tratamento da halitose deve ser consultado”, lembra ela.
Projetos na Alego tratam do tema
Na Assembleia Legislativa de Goiás, tramitam vários projetos que visam promover a saúde bucal. Uma das propostas mais relevantes, na legislatura passada, foi defendida por três parlamentares, que apresentaram projetos de lei de teor muito semelhante. As proposituras sugeridas por Lissauer Vieira (PSD), Talles Barreto (UB) e Eduardo Prado (PL) tratam da exigência de profissionais de odontologia/cirurgião-dentista em Unidades de Terapia Intensiva (UTI's) nas instituições hospitalares do estado.
Segundo as justificativas apresentadas, pacientes internados, principalmente aqueles que estão em UTIs estão mais suscetíveis a infecções, e, por isso, devem receber cuidados especiais e constantes. A argumentação ainda é de que a atuação de dentistas visa tratar, além da causa da internação, outras possíveis portas de infecção e inflamação do organismo, e com isso melhorar as condições do tratamento e agilizar a recuperação.
Além disso, o tratamento preventivo pode evitar complicações como a endocardite e outras enfermidades.
Os parlamentares alegaram que diversos estudos comprovam a redução na incidência de infecção hospitalar e a melhora dos pacientes de UTI, com a consequente redução do tempo de internação e os custos hospitalares. “Assim, o atendimento dos profissionais de odontologia em ambiente hospitalar de internação, busca manter a higiene bucal e a saúde de todos os órgãos do paciente durante sua internação, prevenindo e tratando a cárie, entre outras doenças e infecções bucais que possam agravar o quadro-clínico. O tratamento preventivo acarreta a exigência de menos medicamentos e cuidados, reduz o risco de infecções e o tempo de internação, e consequentemente o número de óbitos”, argumentou Talles Barreto, na justificativa de seu PL.
Durante a tramitação, os projetos foram apensados (reunidos em uma única proposta), aprovados e viraram um autógrafo de lei. O governador Ronaldo Caiado não sancionou e devolveu o autógrafo à Casa, mas os deputados derrubaram o veto e a exigência virou lei estadual.
Troca dos dentes por ‘lentes de contato’
Se por um lado muita gente desenvolve doenças bucais por conta da negligência com a higiene dessa parte do corpo, outras exageram na busca por dentes perfeitos.
A colocação das chamadas facetas ou lentes de contato odontológicas é um procedimento que tem lotado os consultórios de dentistas. Realizado por muitos artistas e influencers, acabou popularizado também entre os não famosos, até pelas condições de parcelamento oferecidas por alguns profissionais, já que se trata de um tratamento relativamente caro.
Para a dentista Karyne Magalhães, mudar os dentes virou sinal de status. “Lembra da época dos dentes contornados ou revestidos por ouro? Então, estamos retrocedendo, só que agora, com ‘ouro branco’”, diz ela.
Mas para a profissional, a troca dos dentes naturais saudáveis por outros materiais como o vidro (cerâmica) ou o plástico (resina) não é aconselhável. “Dê a preferência ao seu dente natural. Ainda hoje não temos na odontologia mundial nenhum material que seja permanente”, ensina.
Além disso, segundo a profissional, os dentes perfeitos sonhados com as “lentes”, podem virar um pesadelo quando não executadas com esmero.
Para a profissional, esse tipo de tratamento só deve ser feito em casos específicos e depois de uma avaliação com mais de um dentista. “Pode ser que a pessoa realmente tenha necessidade de qualquer desses materiais para cuidar do sorriso e se sentir bem. Na dúvida, sempre consulte alguns profissionais antes de qualquer decisão precipitada, porque dente não é cabelo, que a gente corta, mas ele cresce de novo”, compara.
O que deve se ter sempre em mente quando o assunto é saúde bucal, é, primordialmente, o cuidado com a saúde de toda a cavidade oral. A regrinha básica é a visita periódica a um dentista que seja de sua confiança.
A técnica de enfermagem Marizete Martins de Oliveira tem seguido essa regra à risca. Depois de passar por vários consultórios, encontrou uma profissional que lhe transmite confiança e credibilidade.
Ela conta que desde a primeira consulta, recebeu informações claras e precisas, sobre o cuidado diário com a boca. Detalhes para os quais ela nunca tinha se atentado, como a forma correta e o tempo de escovação e os produtos adequados.
Agora, seguindo as orientações, está observando uma mudança profunda na conservação da saúde bucal. “Quando a gente vai escovar os dentes, não pode ser com pressa, porque não vai sair bem feito. Você tem que tirar aquele tempinho para você. Quando você faz a higienização correta, da forma que você recebeu aquela explicação e você chega em casa e continua, você vê a transformação”, afirma.
Com a ajuda da dentista, Marizete também compreendeu que a saúde da boca reflete em todo o seu organismo, além de aumentar a autoestima. “A nossa saúde começa pela boca. E quando você faz um tratamento que você fica satisfeito, que você vê o resultado, é gratificante! É uma parte muito importante na vida da pessoa, você ter um hálito puro, você sorrir para as pessoas com segurança. Eu estou muito satisfeita. Eu estou realizada com o atendimento que estou tendo”, resumiu.