Alego sedia evento em celebração aos 40 anos da associação Agentes de Pastoral Negros do Brasil
A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) sedia, nesta sexta-feira, 28 de abril, evento que tem como objetivo celebrar os 40 anos da associação Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs). Sócio-política, formativa e cultural, a festividade acontece no auditório 2 do Palácio Maguito Vilela, a partir das 14 horas, e conta com o apoio do deputado Karlos Cabral (PSB). O encontro tem como objetivo expor a atuação da associação no enfrentamento ao racismo e a colaboração na construção de políticas afirmativas para reparação e justiça social ao povo negro.
Instituição do Movimento Negro Brasileiro, com tradição macroecumênica e inter-religiosa, a APNs surgiu nas década de 70 e 80, com o lema: Conscientização, Organização, Fé e Luta! No Parlamento goiano, o encontro visa refletir temáticas que dizem respeito à atuação da associação, a militância no enfrentamento ao racismo, a colaboração na construção de políticas afirmativas para reparação e justiça social ao povo negro.
Ao todo, o evento contará, de forma direta e indireta, com cerca de 300 pessoas, pertencentes a grupos organizados de 15 estados. São eles: Goiás, Tocantins, Pará, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul.
Dentre as atividades previstas na Casa de Leis, estão a reunião da Coordenação Ampliada Nacional, ato público em comemoração aos 40 Anos da entidade, com convidados do Movimento Negro de Goiânia e autoridades municipais, além de lançamento do Vídeo “Projeto Ecoar das Vozes - Tradição, Cultura e Ancestralidade”.
Combate ao racismo
Coordenadora estadual do movimento por Goiás, Neuza Maria ressalta a importância da celebração dos 40 anos dos APNs, visto que a organização trabalha em redes, com o objetivo de desenvolver ações para combater o racismo estrutural na sociedade.
“Busca-se, de forma contínua, a melhoria da qualidade de vida de mulheres, homens e crianças. Nesses 40 anos, ainda temos muitos desafios para que políticas públicas efetivas transformem, de fato, a vida da comunidade negra”, pontua.
A dirigente salienta que a escolha de Goiás para a realização do evento se deu pelo fácil acesso de representantes de outros estados. De acordo com a profissional, os encontros promovidos pela ANPs são realizados em Goiânia desde a década de 90. A programação segue até o dia 1º de maio, em diversos locais da capital goiana, com amplas atividades.
A ANPs
Criada em um momento em que leigos, padres e religiosos negras e negros sentiram a necessidade de se organizarem dentro dos espaços eclesiais, com a necessidade de estudar e conhecer melhor a realidade da comunidade negra, a entidade promove, desde o seu surgimento, uma série de ações. Dentre elas, promover mudanças na autoestima, saúde, educação e resgate da cidadania.
Por meio da conscientização e organização no sentido de combater o racismo e fortalecer a busca dos direitos. os APNs visam, também, uma maior participação de pessoas no processo de superação e marginalização sociocultural e econômica da população negra, além de assessorá-la em questões que envolvam discriminação de raça, de etnia e de religião, fazendo com que haja aplicação da pena prevista na lei, denunciando e repudiando todas as pessoas e instituições praticantes de qualquer forma de racismo.
Os pontos mais marcantes na história da instituição foram as contribuições na redemocratização do país, após o fim da ditadura militar, o despertar da identidade afro nas igrejas cristãs, a formação sociopolítica do povo negro, além da articulação e participação de todos os grandes momentos de luta e manifestação do movimento social no Brasil.
Macro ecumênico, a entidade não é mais vinculada à igreja católica, mas agrega pessoas de instituições cristãs e das religiões de matrizes africanas. “Não se trata de uma ‘pastoral negra’, mas de uma entidade voltada aos valores inter-religiosos, que vivencia sua luta a partir de uma mística que impulsiona para outras lutas e a personificação da identidade negra e suas consequências”, explica o coordenador Geral dos APNs, Nuno Coelho, com a afirmativa de que o termo “pastoral” é “sinônimo de agentes de diferentes credos religiosos inseridos na sociedade, tendo a fé como base”.
As atividades da associação contribuem para o intercâmbio voltado para os objetivos estratégicos na defesa da juventude, organização das mulheres negras, educação popular, segurança alimentar, saúde integral da população negra, fortalecimento das organizações sociais, sindicatos, partidos políticos, e representação nos parlamentos.