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125 anos do cinema brasileiro

19 de Junho de 2023 às 10:00
125 anos do cinema brasileiro
Patrimônio da nossa cultura, o cinema brasileiro tem ganhado cada vez mais destaque no mercado cinematográfico internacional, com filmes sendo exibidos e premiados em festivais renomados de vários países.

Em 19 de junho, o cinema brasileiro completa 125 anos. E tem muitos motivos para comemorar. Afinal, é mais de um século de muitos prêmios e momentos marcantes, com uma longa lista de filmes e artistas que conquistaram público e crítica de diferentes gerações no Brasil e em outros países.

Há controvérsias, mas a história do cinema brasileiro começa oficialmente em 19 de junho de 1898, quando foram gravadas as primeiras imagens com o cinematógrafo no Brasil, pelo italiano Afonso Segreto. Ele registrou  a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo de um navio.

Ao longo desses mais de cem anos, a produção nacional teve muitos momentos de glória. Exemplos recentes são Central do Brasil (1998), Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007), que foram aclamados em vários países e conquistaram prêmios internacionais.

Central do Brasil, dirigido por Walter Salles, ganhou entre outros prêmios, o nosso primeiro Urso de Ouro em Berlim e o Urso de Prata de melhor atriz para Fernanda Montenegro. Com roteiro de João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, o filme conta a história da ex-professora Dora (Fernanda Montenegro), que conhece o garoto Josué na estação de trens Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e o acompanha em viagem pelo interior do nordeste em busca do pai do menino, que ele não conhece.

Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, que relata como o tráfico de drogas se estruturou nas favelas do Rio de Janeiro nos anos 1980, é um dos momentos mais importantes do cinema brasileiro. Foi indicado para quatro Oscars em 2004: melhor diretor, melhor roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), melhor edição (Daniel Rezende) e melhor fotografia (César Charlone). Até então, nenhum filme brasileiro tinha sido escolhido para essas categorias e nem recebido mais de duas indicações ao prêmio da Academia de Hollywood.

Algo parecido aconteceu com Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), de Hector Babenco. O filme fala de uma realidade parecida com a de Cidade de Deus, mas com história ambientada em São Paulo. Conta a história de um garoto que foge de um reformatório para menores infratores e passa a se envolver em atividades criminosas com assaltantes e traficantes nas ruas da capital paulistana.

Fernando Ramos, o intérprete de Pixote, foi recrutado de uma favela paulista, para onde voltou depois do filme. É um retrato tão realista da situação daquela época, que o ator foi morto alguns anos depois, aos 19 anos, por policiais militares, sob a acusação de estar envolvido com atividades criminosas e ter reagido a uma abordagem.

Já são 16 anos de Tropa de Elite, de José Padilha, que denunciou de forma nua e crua a violência, a corrupção e a vida dura dos policiais do Bope carioca. Ao mesmo tempo, levou multidões aos cinemas. O sucesso foi tão grande que em 2010 veio uma continuação. Topa de Elite 2 repetiu o feito.

Dona Flor

A lista de sucessos de bilheteria é grande, com filmes para todos os gostos, como O Auto da Compadecida, Se Eu Fosse Você e Minha Mãe é Uma Peça. Se formos voltando a fita, chegamos em Os Trapalhões, Xuxa e, ao que, até pouco tempo, era a insuperável maior bilheteria do cinema nacional: Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976). A adaptação da apimentada história de Jorge Amado, com Sônia Braga, levou 10,7 milhões de espectadores às salas.

Este número foi superado por outros títulos da atualidade. Mas é preciso levar em conta que a população brasileira na década de 70, quando Dona Flor foi lançado, era a metade da atual.

O resgate da história do cinema nacional pode ser ampliado com muitos filmes de outras épocas, como as comédias de Mazaroppi ou o filão erótico representado por títulos como A Dama do Lotação, também estrelado por Sônia Braga.

Mas o cinema brasileiro é bem mais do que sucessos de bilheteria. Outros cineastas tiveram um importante papel no reconhecimento da crítica internacional, como os integrantes do movimento do cinema novo. Glauber Rocha conquistou o respeito dos europeus com filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe. Além deles, outros nomes também consagraram o movimento pelo mundo, como Nelson Pereira dos Santos, Arnaldo Jabor, Cacá Diegues e Joaquim Pedro de Andrade.

O Pagador de Promessas (1962), adaptado da peça de Dias Gomes, com direção de Anselmo Duarte, é o único filme brasileiro a ter recebido até hoje a Palma de Ouro em Cannes.

Mas já tínhamos um grande ícone da sétima arte nacional, lançado em 1931, no Rio de Janeiro. Trata-se de “Limite”, de Mário Peixoto, considerado um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro. Conta a história de três náufragos, duas mulheres e um homem, que vagam perdidos numa canoa em alto mar. Uma dessas mulheres conta como escapou da prisão com a ajuda de um guarda.

Carmem Miranda

Nos anos 30, sobressaíram ainda a obra de Humberto Mauro e a produtora Cinédia, no Rio de Janeiro, onde surgiu Carmem Miranda, a pequena notável que brilhou também nas produções hollywoodianas.

Também no Rio de Janeiro, foi criada, em 1941, a produtora Atlântida Cinematográfica, que lançou Grande Otelo. O ator surgiu para a fama ao interpretar a si mesmo no filme “Moleque Tião” (1943), baseado em sua própria vida.

Como se vê, são muitas histórias. E aqui não foram contadas nem a metade delas. O importante é que, depois de enfrentar muitas turbulências ao longo desses mais de cem anos, o cinema brasileiro está mais vivo do que nunca.

Importante lembrar que a produção nacional foi exterminada na década de 1990 no Governo Collor, que numa canetada extinguiu a Embrafilme e o País ficou longos anos sem produzir um longa. Mas depois renasceu das cinzas como o movimento da retomada, cujo auge foram filmes como Tropa de Elite e Cidade de Deus.

Goiás também participou desse movimento de efervescência do cinema nacional. Surgiu o Fica e inúmeros outros festivais. As leis de incentivo têm fomentado uma vasta produção local que, a cada ano, está consolidando a produção goiana. Bem antes, nas décadas de 1960 e 1970, tivemos João Bennio, ator e diretor que se instalou em Goiânia e projetou o nome do Estado no Brasil.

Com a pandemia do coronavírus, tudo voltou praticamente ao zero novamente em todo o País. Mas a situação vai se normalizando. Agora o cinema nacional chega ao público não apenas na sala escura, mas também na televisão, na internet e nos streamings. E, o que é melhor, atualmente é produzido nos mais diferentes sotaques, em todas as regiões do País.

 

 

Agência Assembleia de Notícias
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