Aberta na Assembleia Legislativa de Goiás a 6ª edição do projeto Bonecas Negras, da artesã Eliane Moura
A artesã e advogada Eliane Moreira lançou na noite dessa segunda-feira, 18, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), a sexta edição do projeto Bonecas Negras. A atividade foi promovida pela Assessoria Adjunta de Atividades Culturais, com o objetivo de valorizar a representatividade das mulheres negras.
Nesta edição, a idealizadora do projeto escolheu oito mulheres para serem homenageadas. O único critério na escolha é que as mulheres sejam negras.
Conhecida por criar bonecas de pano inspiradas em crianças e mulheres negras, a artesã começou o projeto em 2018, a partir de uma encomenda de lembrancinha de maternidade. As bonecas são confeccionadas a partir das características reais das pessoas que fazem as encomendas, sendo produzidas bonecas pretas e pardas, com cabelos cacheados, crespos ou trançados.
O trabalho da artista não é apenas a criação de um simples brinquedo, mas uma oportunidade de criar identidade e autoestima, com as mulheres pretas. “Comprei tecidos, vesti as meninas e fiz as bonecas como elas se vestem, trazendo um pouquinho das características físicas, o tom da pele, a textura do cabelo e a roupa. Esse trabalho é de representatividade para que elas se sintam representadas”.
Eliane lembra que a representatividade negra é uma das formas de combate ao racismo, porque quando uma criança ou até mesmo uma mulher adulta preta se reconhece em lugar de protagonismo, isso fortalece sua autoestima, fazendo-a acreditar que sonhar é possível. “O meu intuito é que haja uma transformação no modo de nos ver, no modo de a gente se ver representada, não é apenas uma simbologia, que seja uma coisa real e representativa”, afirma.
Entre as homenageadas está a professora Cecília. A educadora ganhou uma boneca preta, com suas características, uma verdadeira personificação. Ela relata a paixão pelas bonecas. “Eu tenho uma coleção de bonecas negras e ter uma boneca negra personalizada não tem preço. É algo indescritível, é emocionante. Mas, por outro lado, eu penso no tanto que essa perspectiva da representatividade é importante para as crianças negras.”
Segundo a chefe da Assessoria Adjunta de Atividades Culturais da Alego, Ana Rita Castro, o processo de auto identificação é fundamental para o desenvolvimento da autoestima dessas mulheres. Por isso, ela reitera a importância do Legislativo reconhecer essas ações para alcançar as ideias de diversidade, de valorização do sujeito e de fortalecimento da negritude. “Esse projeto trata da valorização, do empoderamento, da visibilidade e do reconhecimento das mulheres negras e da população negra na construção do nosso País e da superação do racismo, em todas as esferas, principalmente no Poder Legislativo.”