A Praça do Coreto da quase trissecular cidade de Goiás recebeu, nesta segunda-feira ensolarada, 22, ao som de bandas e fanfarras, centenas de visitantes no evento de transferência simbólica da Capital goiana para o município, ao entardecer.

O dia teve mais cedo, pouco depois das 9 horas, visita do governador Ronaldo Caiado (UB) e de deputados estaduais às obras da Catedral de Sant’Ana, que exibe elementos neoclássicos e mescla, na fachada, fases construtivas do século 18 até a restauração do final do século 20.

A igreja se tornou catedral nos anos 1930, justamente a década em que Goiás perdeu para Goiânia o posto de Capital. O custo da reforma é de R$ 3,2 milhões, e seus responsáveis aventaram para Caiado a hipótese de que seja concluída até 28 de dezembro, data do Jubileu em Roma. O próprio governador estimou que a previsão talvez seja otimista, mas se mostrou confiante na conclusão da obra em 2025.

No meio da tarde, cinco deputados estaduais, entre outros representantes de poderes, reuniram-se com Caiado no Palácio Conde dos Arcos: Renato de Castro (MDB), Talles Barreto (UB), Wagner Camargo Neto (SD), o presidente da Assembleia Legislativa goiana, Bruno Peixoto (UB), e Anderson Teodoro (Avante).

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O evento de transferência da Capital teve início às 17h40. Após os Hinos Nacional e de Goiás, houve desfiles de todas as unidades que compõem a Polícia e o Corpo de Bombeiros Militares. Em seguida, discursaram os chefes dos Três Poderes estaduais e o prefeito de cidade de Goiás, Aderson Liberato Gouvea (PT). Wagner Camargo Neto discursou pela Assembleia, em nome de Bruno Peixoto. A fala de Ronaldo Caiado encerrou o evento, em torno de 19h30.

O governador recordou ter passado parte da infância e adolescência na cidade de Goiás, à beira do Rio Vermelho – que, inclusive, foi tema de proposta que assinou, com outras autoridades, no próprio evento, o protocolo de intenções “Cidade de Goiás 300 anos: preservação do Rio Vermelho”, que busca impactos positivos da recuperação e conservação da bacia do rio e dos cursos de água adjacentes, possibilitando a gestão adequada dos recursos hídricos e o desenvolvimento sustentável na cidade.

Foi assinado, ainda, no evento, ordem de serviço solicitando à Secretaria de Educação “providências imediatas para reforma e restauração” do Palácio da Instrução.

Caiado enalteceu o município: “O Liceu de Goiás foi referência a vida toda de educação, e o município teve a primeira faculdade de odontologia do Centro-Oeste brasileiro. Essa cidade pulsa cultura, sempre foi berço do que é referência para os goianos”.

Da sua gestão, o governador ressaltou o crescimento econômico de 6% em 2023; a segurança pública, que contrastou com a de outros Estados; a educação, que disse esperar conquistar a liderança do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]; a saúde, que afirmou não se concentrar mais apenas em Goiânia e entorno; e a política social, da qual destacou iniciativas como a Bolsa Estudo, o Aluguel Social e a entrega de 6 mil casas, além do trabalho da primeira-dama, Gracinha Caiado, coordenadora do Goiás Social e presente no evento.

Wagner Camargo Neto sublinhou que o ato de transferência, mais que uma cerimônia, é o “reconhecimento do que essa cidade representa na construção do nosso Estado”. Ao elencar obras recentes, o deputado elogiou pavimentações e recapeamentos no município, a reforma, “quase reconstrução”, da igreja de Areias; a inauguração de policlínica; e a disponibilização de leitos de UTI.

Morador de Itapuranga, a 90 km da cidade de Goiás, Neto relatou ter se encontrado com o presidente da Agência Goiana de Infraestrutura (Goinfra), na semana passada, e confirmado estar em fase de projeto para licitação a obra na Rodovia GO-429, que conecta os dois municípios.

Resiliência do município

O prefeito Aderson Gouvea sublinhou que a transferência da capital se dá na semana de comemoração dos 297 anos da cidade, na próxima quarta-feira, 24. Gouvea lembrou que o município foi a Capital goiana por mais de dois séculos.

“Se a Capital foi embora – parafraseando Cora [Coralina], ‘levaram o ouro e deixaram as pedras’ –, foi necessário aprender a transformar pedras em resiliência”, discursou o chefe do poder municipal. Em seguida, destacou marcos como a volta da Universidadde Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Federal de Goiás (IF-GO) para a cidade; a abertura de campus Cora Coralina, da Universidade Estadual de Goiás (UEG); o assentamento de terras promovido por dom Tomás Balduíno (1922-2014), que atraiu mais de 3 mil pessoas; e o reconhecimento de Goiás, em 2001, como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O prefeito listou diversas obras e iniciativas recentes e resultantes de um diálogo com Ronaldo Caiado, que superou “qualquer barreira partidária ou ideológica”. Também sublinhou obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, em especial um Centro Municipal de Educação (Cmei) no bairro João Francisco e uma unidade básica no distrito de Uvá, além da aquisição, pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), do Hotel Vila Boa, à qual seguirá, disse, investimento de cerca de R$ 50 milhões na estrutura.     

Também discursaram no evento o vice-governador, Daniel Vilela (MDB), o defensor público-geral do Estado, Tiago Gregório; o procurador-geral de justiça estadual, Cyro Terra Peres; e o presidente do Tribunal de Justiça, Carlos Alberto França.

Ao final, foi anunciado investimento de R$ 23,8 milhões em itens como instrumentos musicais, uniformes e materiais de arte para o Festival Arte Educativo de Goiás.