Pesquisador da UFG defende investimentos em manejo adequado para combater a degradação e evitar incêndios
O professor Nilson Clementino Ferreira, da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG), apresentou dados do desmatamento e degradação do Cerrado nos últimos 30 anos. O palestrante, que também é pesquisador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), mostrou estudos que revelam como pastagem degradadas e mal cuidadas acabam se tornando, no período de seca, combustível para incêndios florestais.
Clementino defendeu o investimento em manejo adequado para combater a degradação e evitar os incêndios. “Necessitamos de políticas públicas para ocupar melhor essas áreas degradadas, criando reservas de crédito de carbono e unidades de preservação com reflorestamento. Todas as pastagens em Goiás podem ser melhor aproveitadas sem necessidade de desmatamento ou uso de fogo para abrir novas áreas. Essa bolsa de recursos de terra pode ser aproveitada por pasto e agricultura de alto desempenho e produtividade e 70% delas se encontram em áreas viáveis de recuperação”.
O especialista informou que há uma diferença entre as queimadas, que são eventos de manejo controlado do fogo e regulado pelos órgãos ambientais do Estado, e os incêndios florestais, que são, em sua maioria, fruto de atos criminosos. “Incêndios naturais originados por raios ou por combustão espontânea são raros, a maior parte das ocorrências têm causa antropogênica (provocados por ações humanas)”.
Clementino defendeu a importância do aumento da proteção das áreas de preservação permanente das bacias de captação para evitar o desabastecimento hídrico e de unidades de conservação que guardam nascentes. “Para proteger a vegetação contra os incêndios, é necessário preservar as águas”.
O pesquisador também manifestou preocupação com a saúde e baixa remuneração dos brigadistas. “Há lacuna científica em relação a essa questão, mas já temos indicativos de problemas decorrentes da exposição prolongada à baixa umidade e altas temperaturas”, alertou.
Clementino participa de evento da Comissão de Meio Ambiente da Casa que debate, na manhã desta terça-feira, 17, estratégias de prevenção do Cerrado e combate às queimadas no Estado.