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Alego faz audiência pública para debater câncer de mama. Evento, de autoria de Cairo Salim, contempla ações do Outubro Rosa

15 de Outubro de 2024 às 11:45
Crédito: Will Rosa
Alego faz audiência pública para debater câncer de mama. Evento, de autoria de Cairo Salim, contempla ações do Outubro Rosa
Audiência Pública Do Outubro Rosa

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou audiência pública na manhã desta terça-feira, por iniciativa do deputado Cairo Salim (PSD), que teve por objetivo conscientizar a sociedade goiana sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. O evento teve lugar na Sala Júlio da Retífica, do Palácio Maguito Vilela, contemplando o mês Outubro Rosa. 

Além do propositor, participaram da audiência pública: o mastologista e oncologista Ruffo Junior; a coordenadora de ciclo de vida de gerência e atenção primária da Secretaria Estadual da Saúde, Amanda Caroline; o coordenador de oncologia da Secretaria Estadual da Saúde, Kléber Junior Rodrigues Monteiro; a gerente de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde de Goiânia, Daiane Pereira Faria; e a representante da Comissão de Direito da Saúde da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Fernanda Póvoa. 

 Salim, em discurso, reforçou a necessidade de manter um diálogo próximo com a população para que os parlamentares possam cumprir seu papel de maneira eficaz. “Toda essa estrutura, o Palácio Maguito Vilela e os equipamentos, são mantidos com recursos do contribuinte. Por isso, é importante que a população se sinta em casa e saiba que é sempre bem-vinda”, afirmou.

O legislador ressaltou que, além de legislar e fiscalizar, é obrigação dos deputados ouvir os cidadãos e receber suas críticas e sugestões. Segundo Salim, a saúde pública é uma das maiores preocupações dos goianos. “Os dados mostram que o principal anseio da população é a saúde. As pessoas estão sofrendo e enfrentando dificuldades para acessar exames, cirurgias e consultas especializadas.”

O deputado destacou a importância de conscientizar a população, especialmente no contexto do Outubro Rosa, sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer. Ele elogiou a presença do mastologista e oncologista Ruffo Freitas Júnior, que participou da sessão e compartilhou seu vasto conhecimento sobre a área, enfatizando a relevância da prevenção no combate ao câncer de mama.

Cairo Salim finalizou cobrando um atendimento mais eficaz por parte do Governo e das prefeituras e chamou a atenção para a inflação nos custos de saúde e a importância de equalizar o acesso aos serviços, tanto públicos quanto privados.

Rastreamento

O mastologista e oncologista Ruffo Júnior fez um retrato da situação atual do câncer de mama em Goiás. Ele considera que o Estado hoje é um celeiro de treinamento de câncer de mama, onde temos os melhores estudos da doença. Entretanto, o que chama muito a atenção é que o rastreamento dessa neoplasia não ultrapassa 19% das mulheres goianas. 

Ele enfatizou que esse é o ponto central ao qual as autoridades devem ficar atentas, pois é primordial reduzir o tempo em que a mulher descobre o nódulo na mama e inicia o tratamento, considerando que a descoberta dessa neoplasia, no Estado, ocorre em 72% dos casos, quando a doença já está num estágio avançado. 

De cada dez goianas, oito têm tumor avançado e, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), essas mulheres quase sempre não vão conseguir realizar um tratamento que atinja a recidiva, pois o SUS ainda não dispõe da medicação. Junior registrou que existe uma diferença muito grande do acesso da mulher que se trata pelo SUS e daquelas que se tratam na rede privada. 

O especialista alertou que o SUS é o maior sistema público de saúde do mundo, mas precisa ser redimensionado, pois a taxa de rastreamento não aumenta desde a sua criação e apenas 30% das mulheres têm acesso aos exames necessários para detectar o câncer de mama.  

Desafios

Coordenadora de Ciclo de Vida - Gerência Atenção Primária da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, Amanda Caroline ressaltou os principais desafios enfrentados no rastreamento do câncer de mama no Estado. Segundo ela, fatores como a demora nos fluxos de regulação e o desconhecimento de alguns profissionais de saúde têm dificultado o processo de diagnóstico precoce da doença.

“Ainda enfrentamos resistência por parte de algumas mulheres quanto à realização da mamografia, mesmo quando aconselhadas e encaminhadas. Isso é algo que precisamos trabalhar com mais afinco”, disse Caroline.

A coordenadora destacou a realização do primeiro encontro goiano voltado para profissionais de saúde, que teve como foco discutir o câncer de mama e a importância do rastreamento nas unidades básicas de saúde.

Amanda Caroline ressaltou a importância da regionalização da saúde por meio das policlínicas estaduais, que têm intensificado os serviços de mamografia. “As mulheres podem procurar diretamente as policlínicas para o exame, sem a necessidade de encaminhamento”, explicou.

Por fim, a gestora mencionou o programa “Goiás Todo Rosa”, pioneiro no Brasil, que oferece sequenciamento genético para câncer de mama e ovário, além de ampliar o acesso a biópsias. “Programas como esse são fundamentais para conscientização e na redução das mortes e incidência do câncer de mama”, concluiu.

Políticas

Coordenador de Oncologia da SES-GO, Kleber Júnior Rodrigues Monteiro lembrou que o câncer de mama é o que mais mata a população feminina. Ele disse que esta é uma oportunidade de discussão que pode buscar o aperfeiçoamento do sistema de saúde que vem sendo oferecido à população.  “Precisamos aperfeiçoar as nossas políticas e as nossas práticas”. 

O coordenador disse que é preciso alinhar os conhecimentos para elevar as práticas. O enfrentamento precisa ser efetivo pois o câncer vai se tornar a maior causa de morte no País, segundo estudos. A SES-GO trabalha buscando ofertar o melhor tratamento possível, especialmente nas seis unidades de alta complexidade espalhadas pelo Estado. 

A gerente de Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Daiana Pereira Faria, ressaltou, em sua fala, os esforços e desafios no rastreamento do câncer de mama em Goiás. Segundo Daiana, a pasta tem intensificado o número de mastologistas na rede pública, o que permitiu ampliar os serviços de consulta e biópsia de agulha grossa nas regiões Noroeste, Sul e Oeste do Estado.

A gerente também destacou que, embora sejam ofertadas mensalmente mais de 17 mil mamografias, muitas vagas não são preenchidas. “É preocupante que, mesmo com essa quantidade de exames disponíveis, não estamos ocupando todas as vagas. Isso demonstra a necessidade de continuar capacitando os profissionais da atenção primária e sensibilizando a população para a importância do rastreamento.”

Daiana enfatizou que a Secretaria de Saúde de Goiânia tem trabalhado continuamente para aumentar o número de diagnósticos precoces, destacando ações como a capacitação dos médicos da atenção primária e a ampliação do acesso aos exames em unidades de saúde. Além disso, mencionou iniciativas como o Dia D de conscientização, que acontecerá no Parque Vaca Brava, em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia e outras entidades.

A gerente concluiu reforçando o compromisso da secretaria em continuar promovendo ações ao longo do ano para garantir o acesso à saúde e reduzir as mortes por câncer de mama.

Representando a OAB-GO, a advogada Fernanda Póvoa, numa breve participação, discorreu que é satisfatório acompanhar essas ações do Outubro Rosa. Ela contou que a sua avó veio de Uberaba (MG) para tratar um câncer de mama em Goiás e o resultado foi positivo.

Agência Assembleia de Notícias
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