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Saúde da mulher

17 de Março de 2025 às 09:30
Saúde da mulher

Dentro do mês que celebra o Dia Internacional da Mulher, ocorrem muitas discussões, inclusive sobre a laqueadura, um método anticoncepcional definitivo. Especialista recomenda cuidado na opção pelo método.

Ao celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), todos os anos, prepara uma programação com o objetivo de discutir os principais assuntos que podem fazer a diferença na vida das mulheres. Esse é um momento em que a sociedade, por meio de homenagens e debates, sensibiliza a comunidade, as lideranças políticas e as entidades públicas e privadas para disseminar informações que vão ampliar o conhecimento e fortalecer a busca pela autonomia feminina.

A data representa um desafio a toda incoerência e injustiça que ainda persistem no mundo em relação às mulheres. Dentre as diferenças existentes entre homens e mulheres, estão aquelas consideradas biológicas, já que o corpo feminino é o único capaz de gerar uma vida, o que implica maiores responsabilidades e uma corrida por métodos anticonceptivos diversos. 

Atualmente, existem diversos métodos à disposição das mulheres, mas a laqueadura é o único método considerado definitivo e irreversível, por isso costuma ser uma escolha para muitas mulheres. Ela é um procedimento de esterilização permanente, onde são ligadas as tubas uterinas, impedindo o encontro do espermatozoide com o óvulo. 

De acordo com a médica ginecologista e obstetra Mariana Melo, servidora da Alego, a mulher pode escolher fazer a laqueadura se houver desejo e preencher os novos critérios por lei (14.443/2022) para a sua realização. A atual legislação exige que a mulher tenha, no mínimo, 21 anos e haja um prazo mínimo entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico (pelo menos 60 dias). Além disso, após a decisão e obedecidos os prazos, é necessário que ela tenha em mãos o termo de livre consentimento e laudo psicológico. 

Conforme a especialista, a única possibilidade da mulher fugir a essas regras é quando o parto representa risco para a sua vida ou para a sua saúde, podendo o ginecologista, como seu médico responsável, agir rapidamente e optar pelo método da laqueadura. O aumento da busca pelo método irreversível é visto como um sintoma da situação das fragilidades das políticas públicas atuais de atenção à saúde reprodutiva feminina.  

A ginecologista entende, entretanto, que a laqueadura não deve ser utilizada como primeira opção como método contraceptivo, já que muitas mulheres jovens, com muitos anos de idade reprodutiva pela frente, costumam voltar aos consultórios para tentar reverter a cirurgia. O grande problema, segundo ela, é que nem sempre a reversão é possível e, muitas vezes, a única opção que resta acaba sendo a fertilização in vitro.  

Mariana Melo esclarece que, atualmente, no Hospital das Clínicas de Goiás existe uma fila muito maior de reversão da laqueadura do que de pedidos para a realização desta cirurgia.

“Por isso é tão importante que o médico informe à paciente tudo sobre a cirurgia e suas consequências e também sobre outros métodos anticonceptivos que podem ser até mais eficazes do que a laqueadura. Afora isso, é importante que o médico alerte a paciente para possíveis complicações que podem surgir após o procedimento, pois existem muitas mulheres que passam a ter um sangramento muito maior, já que a função ovariana pode mudar após a cirurgia e o padrão de sangramento da mulher pode sofrer alteração restando, depois, poucas alternativas para essa mulher”, alerta a especialista.

A ginecologista alerta ainda sobre a segurança do método, esclarecendo que todos eles possuem um índice de falha, no caso da laqueadura, ele é chamado Índice de Pearl, calculado pelo número de gestações em 100 mulheres usando o método em um ano. O da laqueadura é 0,5. Existem hoje métodos mais seguros do que a laqueadura, como por exemplo, o implante contraceptivo de etonogestrel, que possui índice de Pearl de 0,01.

Por último, a médica pontua que no caso dos homens que se predispõem a dividir com a mulher a responsabilidade sobre o planejamento familiar, existe à disposição a vasectomia, também um método considerado definitivo para eles, porém, devido à cultura machista que faz com que o homem tenha medo de perder a virilidade, ainda é pouco utilizado.

Reportagem: Ana Cristina Fagundes
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