“Sem jornalismo não há democracia”, disse o deputado Karlos Cabral (PSB), ao abrir sessão solene proposta por ele, na manhã desta sexta-feira, 9, no Plenário Iris Rezende da Casa de Leis. O evento se deu em virtude da recente sanção da Lei nº 23.404, de 6 de maio de 2025, de autoria de Cabral, que oficializou o 4 de maio como o Dia Estadual do Jornalista e criou a Semana Estadual do Jornalista.

A data escolhida celebra o nascimento do jornalista Isanulfo de Abreu Cordeiro, natural de Campos Belos, que construiu uma carreira notável no jornalismo do estado, tendo ocupado vários cargos na imprensa goiana, como editor-chefe do jornal O Popular, e foi secretário de Assuntos Internacionais do governo estadual. Cordeiro conquistou o respeito dos colegas e dos goianos por se pautar sempre pela ética e responsabilidade. Ele morreu em janeiro de 2018, em decorrência de um câncer no intestino, aos 66 anos.

Além do propositor da iniciativa, participaram da mesa diretiva: o filho de Isanulfo Cordeiro, Pedro Ivo, e a viúva, Maria Beatriz Ribeiro Costa; o ex-deputado federal Vilmar Rocha; a jornalista e mestre em Educação Silvana Monteiro; a jornalista e professora universitária Jordânia Bispo; o jornalista, especialista em Direitos Humanos e assessor parlamentar Luis Henrique Ribeiro Lima; e o presidente da Associação Goiana de Imprensa (AGI), Valterli Guedes.

Após a abertura da solenidade, o cantor Fernando Perillo, que era amigo de Isanulfo Cordeiro, se apresentou com duas canções em homenagem ao amigo.

Ao discursar, o propositor da sessão, Karlos Cabral, ressaltou que a escolha do nome de Isanulfo não foi uma decisão pessoal, mas, sim, fruto de um processo coletivo, que contou com a participação de profissionais da imprensa e do meio acadêmico. “Buscamos um nome representativo, que simbolize a trajetória de luta e dedicação ao jornalismo em nosso estado. Isanulfo foi uma unanimidade”, afirmou.

Embora o nome do jornalista não conste no texto final da lei, por exigência da técnica legislativa, Cabral declarou que a data será lembrada, de forma simbólica e permanente, como Lei Isanulfo Cordeiro, em reconhecimento ao legado deixado pelo profissional.

Participação

O deputado também destacou que a construção da proposta é um exemplo da forma como seu mandato é exercido: de maneira coletiva e participativa. “No nosso gabinete, as pessoas têm voz. E assim como o jornalismo escuta a população, nós também buscamos representar os 7 milhões de goianos e goianas com diálogo e respeito.”

Cabral fez uma reflexão sobre a pluralidade da profissão. “O jornalismo se reinventa todos os dias. Está na redação, na TV, na assessoria de imprensa, na produção cultural, na comunicação institucional, nas campanhas eleitorais, na cobertura rural e urbana, na defesa dos direitos humanos. É uma profissão essencial para a democracia.”

O legislador observou que jornalismo é muito mais do que uma técnica: é um exercício diário de humanidade. "Essa é uma homenagem justa, necessária e merecida. Afinal, sem jornalismo, não há democracia.”

Filho de Isanulfo, o corretor de imóveis Pedro Ivo Guerra também fez uso da palavra. Ele agradeceu a Cabral por ter criado a Lei nº 23.404, que instituiu o Dia Estadual de Jornalista, no dia 4 de maio, em homenagem ao nascimento de seu pai.

Ivo destacou um artigo escrito por seu pai, intitulado “A política não morreu para o povo”, texto publicado num momento delicado para a democracia do país. "Podemos entender que esse artigo reflete a importância que ele atribuía ao papel do jornalista como guardião da democracia, ao registrar e dar voz ao exercício da cidadania", afirmou.

O filho do homengeado disse que o pai tinha uma conexão com o sentimento da população do estado e conferia autenticidade e profundidade à sua análise, transformando-se assim num intérprete privilegiado dos costumes do povo goiano. “Ele via seu papel como fundamental para o debate aberto de ideias, defendendo uma imprensa independente e uma sociedade mais autônoma."

Pedro Ivo lembrou que o pai falava cinco idiomas, teve participação em importantes coberturas internacionais, além de fatos locais históricos, como o episódio do césio-137, em Goiânia, e a Guerrilha do Araguaia. “Sua abordagem era enraizada no cotidiano da população, seus dilemas e anseios. Vejo que ela é vista até hoje como inspiração para novas gerações de jornalistas comprometidos em dar voz ao seu estado e à população", pontuou.

Além da parte profissional, ele também pincelou o lado pessoal do pai. “Ele era um amigo leal, acessível, pai zeloso, marido presente, irmão atento, que tinha na família seu cerne", frisou.

Papel transformador

A jornalista, editora e mestre em Educação Silvana Monteiro discursou em nome dos homenageados. Ela compartilhou sua trajetória de mais de 30 anos na profissão, destacou o papel transformador do jornalismo na sociedade e na vida de quem o exerce. “Jornalismo é uma profissão que nos transforma em seres humanos melhores. Aqueles que passam pela formação e vivem o jornalismo ganham uma sensibilidade única, que nos humaniza.”

Por fim, o professor e ex-deputado federal Vilmar Rocha também fez uso da palavra na sessão solene. Rocha lembrou que foi colega de faculdade de Isanulfo Cordeiro, que também fez Direito, além de Jornalismo. “Isanulfo era uma figura humana com acertos e erros e que tenho gratidão por ter convivido com ele. Era um profissional diferenciado e todos nós que estamos aqui sabemos o valor que ele tinha para o jornalismo e para todos que conviviam com ele. Parabéns, Karlos Cabral, pela homenagem e parabéns a todos jornalistas goianos”, concluiu.

Após os discursos, os homenageados receberam o Certificado de Mérito Legislativo.