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1º Congresso de Direito Econômico teve prosseguimento nesta manhã com debates de vários temas de direito econômico

13 de Junho de 2025 às 12:45
Crédito: Denise Xavier
1º Congresso de Direito Econômico teve prosseguimento nesta manhã com debates de vários temas de direito econômico
Segundo dia do Congresso de Direito Econômico da Alego

Na manhã desta sexta-feira, 13, a Casa de Leis realizou o segundo dia de atividades do 1° Congresso de Direito Econômico. Durante a manhã, autoridades e profissionais do Direito promoveram discussões aprofundadas e atualizadas sobre temas essenciais para o desenvolvimento institucional e jurídico do Brasil.

Idealizado pela Subprocuradoria da Assembleia Legislativa, o congresso acontece durante todo o dia de hoje, finalizando o evento no Auditório Carlos Vieira do Palácio Maguito Vilela. Em entrevista à Agência de Notícias, nesta manhã, o subprocurador da Casa, Iure Castro, frisou que a Assembleia tem avançado em temáticas importantes que estão sendo discutidas tanto no Brasil quanto no mundo. “Abordamos a questão da autorregulação setorial, que envolve temas delicados, como as vítimas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) afetadas por desvios em associações. Também avançamos em discussões sobre o papel do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ainda debatemos reforma do Código Civil”, destacou.

Autorregulação setorial  

O primeiro painel abordou o tema de autorregulação setorial. Os trabalhos tiveram na presidência da mesa, o secretário-executivo da Procuradoria-Geral da República (PGR), André Maia; além da palestrante, professora Juliana Domingues, da Universidade de São Paulo (USP); o advogado da União Myller Kairo Coelho de Mesquita, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), Saulo Marques Mesquita, o advogado e desembargador eleitoral Guilherme Pupe da Nóbrega e o professor e advogado Dyogo Crosara.

Ao iniciar o debate, a professora Juliana Domingues explicou o que é autorregulação. “A autorregulação não exclui a supervisão estatal. Pelo contrário! Quando os agentes econômicos estão compromissados com a conformidade, a autorregulação passa a ser um mecanismo importante para a obtenção de dados mais qualificados e para a redução da assimetria informacional. Também é importante observar como a autorregulação responsiva pode colaborar para esse movimento”, disse a oradora.

A professora destacou que a Alego inaugurou um debate jurídico qualificado sobre os principais temas econômicos e regulatórios no Brasil, apresentando uma agenda muito atual, inovadora e propositiva. “Todos os temas jurídico-econômicos debatidos são aplicáveis à realidade do estado de Goiás. O Congresso Nacional também aproxima representantes de órgãos públicos, os reguladores, os representantes do poder judiciário, a academia e o setor privado, trazendo uma visão holística aos eixos temáticos. ”

Cooperação

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) Saulo Marques Mesquita, ao fazer uso da palavra, destacou a importância da cooperação entre instituições: “O TCE é um órgão autônomo e independente, mas estamos umbilicalmente ligados à Assembleia Legislativa e atuamos em parceria na consecução do interesse público”, introduziu.

Mesquita defendeu a centralidade do cidadão nas discussões sobre regulação: “Quando penso em regulação e autorregulação, o que me vem à mente é o cidadão. Ele deve ser o foco de toda atividade regulatória. Muitos trabalhadores não compreendem plenamente os conceitos de mercado ou economia, mas vivenciam, no dia a dia, os efeitos dessas decisões.”

Além deles, também fizeram uso da palavra o advogado da União Myller Kairo Coelho de Mesquita, o advogado e desembargador eleitoral Guilherme Pupe da Nóbrega e o professor e advogado Dyogo Crosara. Também participou da mesa de trabalhos e fez considerações, o procurador da Alego, Eduardo Henrique Lolli.

Papel do Cade

Na sequência, o superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Barreto, presidiu o segundo painel do dia, cujo tema foi "O papel do Cade e os Atos de Concentração no Agronegócio". Ele abordou os critérios legais para aprovação de fusões e aquisições, a defesa da concorrência e a importância do órgão para a regulação de mercados relevantes, especialmente no contexto do agronegócio brasileiro.

Barreto explicou a estrutura de atuação do órgão: “Para cumprir nossa missão institucional, o Cade atua em três eixos principais: controle de estruturas, controle repressivo e promoção da advocacia da concorrência”, elencou, detalhando cada um desses pilares, explicando como se aplicam à dinâmica do setor agropecuário. O superintendente também apresentou exemplos concretos de casos já analisados e julgados pelo órgão, reforçando o compromisso com a transparência e a segurança jurídica no ambiente de negócios.

Ao final, agradeceu o convite e destacou a importância do diálogo com a sociedade: “É nossa obrigação vir a público para mostrar o trabalho que o Cade realiza e, principalmente, ouvir as contribuições de um painel tão qualificado, com palestrantes de alto nível”, concluiu.

Além de Barreto, participaram da mesa o consultor do Senado e conselheiro do Cade Carlos Jacques Vieira Gomes, e os debatedores:  advogada Thalita Fresneda Gomes de Castro, o conselheiro do Cade Vitor Oliveira Fernandes; o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (Casag/OAB-GO), Eduardo Cardoso Júnior; o procurador de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Aylton Flávio Vechi, e a professora e advogada Ana Flávia Mori Lima Cesário Rosa.

Reforma do Código Civil

O tema central do terceiro painel foi a reforma do Código Civil, destacando as propostas em discussão, os impactos nas relações jurídicas e a modernização da legislação para acompanhar as transformações sociais e econômicas do país. 

O painel foi presidido pelo advogado e presidente da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Rafael Lara, que pontuou as propostas em discussão sobre reforma do Código Civil, os impactos nas relações jurídicas e a modernização da legislação para acompanhar as transformações sociais e econômicas do país.

A palestrante foi a juíza e presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego), Patrícia Carrijo, integrante da comissão de juristas formada pelo Senado Federal para debater o Código Civil. Carrijo explicou alguns dos motivos que levaram a atualização e reforma do Código Civil – Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002

A oradora lembrou que o nosso Código Civil não é recente e a que a reforma que temos hoje foi aprovada em 2002, mas seu processo começou lá nos anos 1960 e início dos anos 1970. "Foram quase 50 anos de discussão, o que é natural, pois temas tão importantes para a nossa vida, para o nosso dia a dia, para a família, para a propriedade e para os negócios, sempre despertam paixões e até ideologias. Não seria diferente nos debates em torno do Código Civil. No entanto, é importante refletir que uma norma que leva quase 50 anos para ser aprovada dificilmente nasce totalmente atualizada. Espero que isso não aconteça com essa reforma. Vivemos o presente da inteligência artificial. Essa é a nossa realidade hoje, não é uma perspectiva para o futuro. Esse progresso tecnológico já está entre nós.”

A juíza frisou que, apesar de o Código Civil conter várias normas gerais e princípios como equidade e outros, no dia a dia do Judiciário, não existe a previsibilidade em muitos julgamentos. “Isso compromete a segurança jurídica para o cidadão que busca uma resposta para seu caso”, afirmou.

Inteligência artificial

Ao participar do painel, a conselheira federal da OAB e presidente da Comissão Nacional de Legislação, Anna Vitória Caiado, destacou a velocidade com que as transformações tecnológicas têm ocorrido, especialmente no campo da inteligência artificial. Para ela, o avanço tecnológico supera não apenas a capacidade da sociedade de acompanhar essas mudanças, mas também a própria evolução do ordenamento jurídico.

“O meu entendimento sobre inteligência artificial e direito digital é que tudo tende a ser muito mais rápido do que nós vamos conseguir acompanhar, é muito mais rápido do que a lei vai conseguir acompanhar”, afirmou a advogada. Ela questionou a proposta de inserção de um livro específico sobre direito digital dentro do Código Civil. “Será que um livro de direito digital deveria estar dentro do Código Civil? O Código Civil traz normas de antes de nós nascermos para depois da nossa morte. Será que uma área que vai mudar tanto como o direito digital deve estar dentro desse código?”, provocou.

Também fizeram parte da mesa desse painel a advogada e secretária-geral adjunta da OAB-GO, Thais Sena e a advogada e conselheira da OAB-GO, Flávia Torres, e o mestre em Direito Civil e professor da Escola Superior de Advocacia da OAB-GO, Ezequiel Morais.

Após os debates, teve início a solenidade de entrega de Título de Cidadania Goiana aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Dias Toffoli e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Agência Assembleia de Notícias
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