Parlamento homenageou pesquisadores goianos, em sessão solene promovida por Bia de Lima nesta 2ª-feira, 23

A deputada Bia de Lima (PT) realizou, na manhã desta segunda-feira, 23, sessão solene em homenagem ao Dia Nacional do Pesquisador, celebrada anualmente em 8 de julho. O evento teve o intuito de valorizar a produção científica goiana e reconhecer o papel inovador desses profissionais que se dedicam ao progresso científico do nosso estado, com relevantes serviços prestados à sociedade. Na solenidade, foram concedidos a Medalha Pedro Ludovico Teixeira e o Certificado do Mérito Legislativo a profissionais de destaque.
Além da deputada, participaram da mesa diretiva: a reitora do Instituto Federal de Goiás (IFG), Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon; o reitor da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Christiano Peres Coelho; os homenageados com a Medalha Pedro Ludovico Teixeira, médico Ruffo de Freitas Júnior e professor Alan Carlos da Costa; o pró-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), professor Felipe Terra Martins; o pró-reitor da Universidade Federal de Catalão (UFCat), Moisés Fernandes Lemos; a pró-reitora da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Priscila Valverde de Oliveira Vitorino; e o chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão, Elcio Guimarães.
Bia de Lima ressaltou que foi a primeira deputada estadual a realizar essa homenagem oficial à categoria e enfatizou a relevância da ciência para o avanço social, econômico e humano do país. “É motivo de muito orgulho ser a primeira parlamentar a homenagear esses profissionais de todas as áreas do conhecimento, que têm papel fundamental no desenvolvimento da humanidade.”
A legisladora também expressou preocupação com os crescentes ataques à ciência, à vacina e ao conhecimento. “Em pleno século XXI, voltamos a discutir temas que julgávamos superados desde a Idade da Pedra. Isso mostra o quanto é urgente valorizar o trabalho científico e ampliar o investimento em educação, inovação e pesquisa”, destacou.
Vacinação
A deputada fez um apelo para que a sociedade compreenda que investimento em ciência não é gasto, mas uma condição essencial para garantir dignidade, saúde e cidadania a todos os brasileiros. Ela também chamou atenção para a queda nas taxas de vacinação infantil, classificando o cenário como alarmante.
“Enquanto vemos pais questionando vacinas, no campo ninguém hesita em vacinar o rebanho, porque sabem que, sem isso, não há produção, não há mercado. Mas por que não temos o mesmo zelo pela vida humana? É disso que estamos falando: garantir vida digna e não apenas força de trabalho”, pontuou.
A petista também fez referência aos conflitos no Oriente Médio, lamentando os ataques a cientistas e pesquisadores. “Graças a Deus, aqui vivemos em paz. Mas isso nos impõe ainda mais responsabilidade em proteger e fortalecer nossas instituições de ensino, nossos institutos federais e todas as estruturas que promovem o conhecimento.”
Por fim, Lima reafirmou seu compromisso com a ciência e a educação. “O trabalho de vocês baliza decisões políticas. Sem pesquisa não há inovação e sem inovação não há conhecimento. Reafirmo meu compromisso com a ciência”, concluiu.
Transformação
O professor Christiano Peres Coelho agradeceu o momento memorável que demonstra a preocupação com relação à pesquisa. Segundo ele, falar da pesquisa nos momentos atuais é difícil, pois a pesquisa necessita de rigor, disciplina e sistematização. "A sociedade precisa compreender que a pesquisa, apesar de ser difícil, pode transformar a vida das pessoas. Precisamos, ainda, divulgar os bons resultados das pesquisas científicas."
O reitor da UFJ afirmou que a divulgação deve ser um dos critérios da sustentação do trabalho científico. Também é necessário, colocou, trabalhar no processo da educação científica das crianças, entendendo a importância da transformação de muitas vidas. "É nosso papel produzir e divulgar o resultado e devemos fazer isso. Aprendi que a IA (inteligência artificial) é importante, mas a inteligência ancestral também deve ser resgatada.”
O acadêmico também se apresentou e disse que é professor, biólogo e hoje está como reitor da Universidade Federal de Jataí), situada numa região rica do agronegócio, onde as pesquisas se destacam no setor do agronegócio, da saúde e da área de humanas. “Agradeço e parabenizo aqueles que serão homenageados aqui, realizando o papel do conhecimento”, finalizou.
Resistência
A reitora do Instituto Federal de Goiás, Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon, também fez uso da palavra e destacou a importância do ato como gesto político. “Este é um gesto de resistência e de afirmação da importância do conhecimento científico como força viva e transformadora da nossa sociedade.”
A gestora ressaltou a luta diária enfrentada pelos profissionais da ciência no Brasil, muitas vezes atuando com escassez de recursos, infraestrutura precária e políticas públicas instáveis. “A ciência e a educação são direitos, não privilégios. Se a ciência brasileira ainda está de pé é porque resistimos juntos, nos laboratórios, nas salas de aula, nas comunidades. Resistimos com trabalho, verdade, compromisso com a vida e solidariedade.”
Irigon celebrou a presença de nove pesquisadores do IFG entre os homenageados, representando mais de 2.100 servidores e mais de 20 mil estudantes da instituição, e também mencionou a consolidação de programas de pós-graduação, projetos de pesquisa e a inauguração recente do Porto de Inovação da instituição, resultado de esforços no atual mandato. “Os pesquisadores que estão aqui sabem o quanto lutamos diariamente para que essa instituição siga forte, pública e relevante para Goiás e para o país.”
A reitora finalizou com palavras da escritora Conceição Evaristo: “A nossa 'escrevivência' não se dá no luxo das palavras, mas na urgência de dizer. Resistimos escrevendo a ciência com a coragem de sonhar e a disposição de transformar. Parabéns a todos vocês”, concluiu.
Legado
Depois de receber das mãos da deputada Bia de Lima a mais alta honraria concedida pelo Legislativo goiano, a Medalha Pedro Ludovico Teixeira, o médico e pesquisador Ruffo de Freitas Júnior fez seu pronunciamento e agradeceu a homenagem recebida. “Estou entre a felicidade e tristeza. Mas obrigado, deputada, por valorizar a pesquisa em Goiás. A satisfação é indescritível, mas a tristeza é saber que, apesar de trabalhar com pesquisa, perdemos muitas vidas e por isso peço que todos fiquem de pé para que se faça um minuto de silêncio.”
Segundo Júnior, em Goiás existe o que há de mais pujante em pesquisa, cirurgia e as melhores técnicas do mundo, onde se recebe profissionais de diversos países do mundo para serem treinados aqui. Ele avalia que Goiás tem, certamente, o que há de mais moderno para o tratamento de câncer, principalmente o câncer de mama.
“É fascinante participar disso tudo, mas, por outro lado, revelo a minha insatisfação. Em 2023, em cada duas mulheres, uma teve seu tumor detectado em grau 3 ou 4, ou seja, mais de 50%. Essa é uma dor que a gente sente. Por um lado, podemos fazer o melhor, mas, por outro, vemos mulheres morrendo por não terem acesso ao tratamento”, lamentou o médico.
Ruffo Júnior falou do projeto desenvolvido na cidade de Itaberaí, como o primeiro estudo randomizado para reduzir em 50% os estágios 3 e 4 do câncer de mama de mulheres que puderam participar desse experimento científico. “Foi utilizado uma grande organização e conhecimento e nada de grande fortuna foi empregado. Fico feliz quando a gente consegue fazer alguma coisa diferente”, finalizou.
Visibilidade
Homenageado com a Medalha Pedro Ludovico Teixeira, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto Federal Goiano (IFG), professor Alan Carlos da Costa, também agradeceu à deputada Bia de Lima pela iniciativa e pela sensibilidade política de dar visibilidade a um trabalho essencial, que, muitas vezes, permanece nos bastidores. “É uma homenagem que reconhece não apenas os pesquisadores, mas também o impacto da ciência na vida das pessoas, das comunidades tradicionais, dos empresários e de toda a sociedade.”
O professor destacou o papel da interiorização da ciência como estratégia fundamental para o desenvolvimento social e econômico. Segundo ele, o IFG está presente em 13 unidades fora da capital, levando formação científica e tecnológica a regiões de alta demanda por inovação, como Rio Verde e Cristalina, mas também a áreas com maior vulnerabilidade, como Campos Belos. “Mesmo onde o recurso muitas vezes não chega, os pesquisadores estão lá, resilientes, fazendo um trabalho que muda vidas”, disse.
Costa ressaltou, ainda, o modelo de verticalização da formação científica, característica dos institutos federais, em que estudantes do ensino médio, técnico, graduação e pós-graduação compartilham o mesmo ambiente de produção científica. “Essa integração permite a formação sólida de recursos humanos e amplia a inserção de jovens e comunidades na rota do conhecimento.”
O pró-reitor parabenizou os homenageados, reafirmando o compromisso das instituições públicas de ensino com o desenvolvimento do estado e com a transformação social por meio da ciência. “A ciência transforma. E momentos como esse mostram que é possível aproximar a pesquisa da população, democratizando o conhecimento e promovendo autonomia, cidadania e qualidade de vida para todos”, concluiu