Analista fala sobre conflitos no Oriente, em entrevista ao programa Visão da Política

Vivemos a desconstrução do mundo pós-segunda guerra com o fim da multipolaridade e dos acordos diplomáticos sobretudo porque a direita mais conservadora, em ascensão, é antiglobalista. A síntese é do professor de História e analista de geopolítica Norberto Salomão, em entrevista ao programa Visão da Política, da TV Assembleia.
A entrevista foi ao ar nessa terça-feira, 24, e pode ser assistida na íntegra no YouTube, além dos canais 3.2 (TV aberta), 8 da NET Claro e 7 da Gigabyte Telecom e no site da Assembleia Legislativa goiana.
Sobre o temor de que o conflito no Oriente Médio – com recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos ao Irã, além das respostas iranianas – escale para uma terceira guerra mundial, Salomão afirma já vivermos, aproximadamente desde 2010, uma espécie de novo conflito global.
Segundo ele, esse conflito é menos definido que os anteriores por ser uma mescla de guerra cibernética, conflitos armamentistas diversos e ataques terroristas. Apenas no continente africano, ressalta, há inúmeras conflagrações em andamento.
A motivação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para atacar o Irã seria sobretudo a de se manter no poder depois de não conseguir maioria no parlamento. “Nesse quadro de instabilidade, ascendeu a direita mais radical israelense, que é beligerante, e não da diplomacia”, contextualiza o professor.
Os EUA, por sua vez, teriam entrado no conflito por serem o mais antigo e fiel aliado de Israel. A então URSS também apoiou a criação do Estado israelense, mas ao longo da Guerra Fria se aproximaria mais dos países árabes, destaca Salomão.
O professor diz não ser possível ter certeza a respeito da capacidade iraniana de produzir uma bomba atômica, mas relembra que o ataque norte-americano ao Iraque, em 2003, sob George W. Bush, se deu sob o falso pretexto de que o país teria armas de destruição em massa.
Um conceito-chave para entender os tempos atuais, pontuou ainda Salomão, é o de sociedades líquidas, do sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman. Viveríamos hoje nessas sociedades e veríamos todos os nossos parâmetros se liquefazerem, declarou o professor na entrevista.