Tarifaço e política nacional dominam debates no Plenário

Os deputados estaduais se revezaram na tribuna durante a sessão ordinária desta quarta-feira, 6, para discutir temas que estão no centro do debate nacional, como as tarifas impostas pelo Governo Trump ao Brasil, a atuação do Supremo Tribunal Federal e o contexto político do país. Parlamentares alinhados à direita condenaram a atuação do ministro Alexandre de Moraes. Já os deputados de oposição pediram foco no enfrentamento dos problemas locais e nos prejuízos a serem causados pela nova política tarifária norte-americana.
Marcada por intenso debate sobre o cenário político brasileiro atual, a sessão ordinária desta quarta-feira, 6, realizada de forma presencial no Plenário Íris Rezende, resultou na aprovação de iniciativa para incentivar o contato social com residentes de Instituições de Longa Permanência (ILPIs).
Trata-se de projeto de lei (22850/24), de autoria do deputado Coronel Adailton (Solidariedade), que institui a Campanha Estadual de Incentivo às Visitas aos Asilos, Abrigos e Instituições de Longa Permanência de Idosos. O incentivo à visitação é sobretudo uma forma de melhorar a saúde e o bem-estar dessa população. A matéria recebeu a validação definitiva e agora segue para sanção ou veto do governador Ronaldo Caiado (UB).
Para incentivar as visitas, propõe-se conscientizar e informar a sociedade acerca da sua importância; apresentar os trabalhos desenvolvidos no acolhimento de idosos; promover informações e debates sobre a relevância do cuidado com eles; e incentivar parcerias institucionais e estratégicas com instituições da sociedade civil e órgãos governamentais.
De acordo com a proposta, durante a campanha, poderão ser realizadas peças publicitárias, reuniões, palestras, cursos e congressos, além de outras formas de informação sobre a importância dos cuidados com os idosos, saúde, lazer e outras formas de acolhimento.
Deputados discutem política nacional
Antes da discussão ser tomada pela situação política nacional, Clécio Alves (Republicanos), primeiro a se manifestar no Pequeno Expediente, cobrou a Prefeitura de Goiânia em relação às falhas nos serviços prestados e à falta de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) da capital. O deputado mostrou comunicado oficial informando que, por equipe insuficiente, alunos seriam dispensados antes do final do turno matinal.
Alves afirmou que o mutirão da educação da prefeitura, previsto para este final de semana, não deve cumprir a promessa de oferecer mais de 5 mil vagas. “Essa Prefeitura de Goiânia está querendo privatizar as escolas, como fizeram com as OSs [Organizações Sociais de Saúde] e estão fazendo com a Limpa Gyn [consórcio especializado em limpeza urbana]”, criticou.
Manifestando-se em seguida, Lucas Calil (MDB) abordou o tema da taxação do Brasil pelos Estados Unidos e sustentou que a disputa ideológica acirrada dos últimos anos tem prejudicado os brasileiros. É preciso, ponderou, "que os políticos de centro, os moderados, aqueles da vida real, tomem seu espaço e posicionamento, para não ficarmos nessa guerra de esquerda edireita.”
Amauri Ribeiro (UB) se opôs a Calil dizendo não respeitar “quem fica em cima do muro” e que “não existe mais ou menos certo ou errado, ou é certo, ou é errado, ou defende os princípios de direita ou é esquerda disfarçada”. Ele acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de estar “destruindo a democracia desta nação.”
Líder do Governo estadual no Legislativo goiano, Talles Barreto (UB) endossou a fala de Ribeiro e argumentou que “a polarização que acontece hoje no Brasil vem de um conluio da Presidência da República com o Supremo Tribunal Federal”. O parlamentar afirmou, ainda, que Alexandre de Moraes “perdeu [o apoio dos] seus parceiros” na Suprema Corte.
Antônio Gomide (PT), já na Ordem do Dia, pontuou que é necessário trazer o debate para os problemas enfrentados especificamente por Goiás: “Temos muitos desafios aqui que precisam ser enfrentados com seriedade. O que acontece em nível nacional impacta, sim, o nosso Estado, mas não podemos desviar o foco do que está acontecendo por aqui.”
Bia de Lima (PT) estendeu uma bandeira brasileira no púlpito e criticou Amauri Ribeiro por ter, anteriormente, estendido a norte-americana. “É um absurdo”, criticou, “subir à tribuna com a bandeira de um país que está causando o maior prejuízo aos brasileiros do agronegócio e da indústria”. Trata-se, disse também, de “um sentimento pequeno” e de "um vexame para Goiás e para quem precisa da exportação da carne, do café”.
Na Ordem do Dia, outros temas são levados à pauta
Outros três temas levados à tribuna, durante a Ordem do Dia, foram o desalojamento de uma comunidade, o aniversário de Rio Verde e obras nas rodovias estaduais.
Mauro Rubem (PT) celebrou a reversão de decisão que desalojaria 400 famílias da comunidade Antinha de Baixo, em Santo Antônio do Descoberto. “Estive lá na segunda-feira [4], quando a ação de despejo ainda estava em vigor. Uma tragédia, as pessoas tendo suas casas destruídas, o interessado na destruição andando de caminhonete com um monte de seguranças armados”, relatou. “Mas conseguimos reverter essa decisão fragorosamente injusta com o ministro [Edson] Fachin [ministro do STF] e com o Tribunal Superior”.
Quem saudou os 177 anos de Rio Verde foi o deputado Karlos Cabral (PSB), que lembrou que os votos locais viabilizaram quatro eleições suas para deputado e destacou nomes importantes para o desenvolvimento de Rio Verde, sobretudo da produção agrícola.
As obras nas rodovias estaduais foram abordadas por Wagner Camargo Neto (Solidariedade). Ele destacou o início das obras na GO-460, no trecho entre Diolândia, distrito de Itapuranga, e o município de São Patrício.
Depois, disse querer se reunir com produtores agrícolas para discutir a pavimentação da GO-429, entre Itapuranga e Goiás, e a duplicação da GO-164, entre Goiás e São Miguel do Araguaia. “Em parte dessa região”, contextualizou, “a soja tem entrado com muita força, com certeza essa é uma rota de desvio da BR-153, que é a rodovia mais crítica no que tange à segurança de tráfego. Isso prejudica muito o desenvolvimento do Estado e traz muita insegurança a todos que trafegam nessa rodovia.”