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Saúde do coração

14 de Agosto de 2025 às 08:30
Saúde do coração

No Brasil, o Dia do Cardiologista é comemorado hoje, 14 de agosto. Além de valorizar os profissionais dessa especialidade, a data tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dos cuidados e da prevenção das doenças.

As doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, são responsáveis por aproximadamente 30% de todas as mortes no Brasil. Isso equivale a cerca de 400 mil mortes por ano. Essas doenças matam 2,3 vezes mais pessoas do que todas as causas externas somadas (acidentes e violência). Os dados mais recentes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e do Ministério da Saúde confirmam essa realidade.

Crescimento entre os jovens

Outro dado alarmante está relacionado ao crescimento dos casos em pessoas jovens. Embora a mortalidade por doenças cardiovasculares tenha diminuído entre os idosos, a taxa de prevalência tem aumentado entre homens e mulheres de 15 a 49 anos. Isso indica uma mudança nos fatores de risco em faixas etárias mais jovens.

Em entrevista à Agência de Notícias da Assembleia Legislativa, a médica cardiologista Juliana Coragem explicou que, nos últimos anos, tem se notado um aumento dos fatores de risco cardiovasculares em adultos jovens, como sedentarismo, alimentação rica em ultraprocessados, obesidade, tabagismo, uso de cigarros eletrônicos, álcool e drogas, estresse crônico e privação de sono. “Além disso, também percebemos o uso desenfreado de drogas anabolizantes, tanto em homens quanto em mulheres, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Condições como hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, que eram mais comuns em idosos, estão aparecendo, cada vez mais cedo, devido aos hábitos e ao estilo de vida sedentário”, afirmou.

A cardiologista detalhou ainda que os sintomas podem ser diferentes do “clássico” aperto no peito, principalmente nas mulheres, incluindo falta de ar, cansaço ao esforço, dor no braço, nas costas ou na mandíbula. Por isso, é importante passar por uma avaliação cardiológica detalhada.

Oportunidade de prevenção

Apesar desses números preocupantes, a maioria dos casos poderia ser evitada com medidas preventivas. A médica abordou que a cardiologia tem evoluído muito, tanto na prevenção quanto no tratamento das doenças que acometem o coração. “Atualmente, temos novas classes de medicamentos para insuficiência cardíaca, como os inibidores da SGLT2 (classe de medicamentos que inibem as proteínas de transporte de sódio-glicose no néfron), tratamentos para diabetes e obesidade, como a tirzepatida e a semaglutida, e controle do colesterol com anticorpos monoclonais anti-PCSK9. Na área intervencionista, técnicas minimamente invasivas, como o implante de válvula aórtica por cateter (TAVI) e novas tecnologias para angioplastia, oferecem tratamento eficaz com menos riscos de complicações”, frisou.

Juliana ainda enfatizou os avanços na área de imagem, que permitem diagnósticos precoces e mais precisos, reduzindo o risco de complicações a longo prazo como o desenvolvimento de insuficiência cardíaca.

“Mesmo assim, o Brasil ainda enfrenta desafios importantes. Embora tenhamos acesso a tratamentos modernos em muitos centros, o diagnóstico precoce e o controle dos fatores de risco ainda não alcançam toda a população. Existe uma enorme discrepância entre a medicina oferecida pelo SUS e a medicina privada, o que impacta diretamente a rapidez do diagnóstico, o acesso a exames e a disponibilidade de tratamentos. Essa desigualdade, associada à falta de acompanhamento regular e a hábitos de vida pouco saudáveis, contribui para que as doenças cardiovasculares continuem sendo a principal causa de morte no país. Por isso, investir em prevenção e educação em saúde é fundamental”, esclareceu a cardiologista.

Por fim, Juliana Coragem disse também que o check-up cardiológico é essencial para identificar precocemente os fatores de risco e prevenir complicações. “Em pessoas sem doenças conhecidas e sem fatores de risco, uma avaliação, a cada dois anos, pode ser suficiente até os 40 anos. Já para quem apresenta hipertensão, diabetes, colesterol alto, histórico familiar ou outros fatores, a avaliação deve ser anual, independentemente da idade. Lembre-se de que a prevenção é primordial”, finalizou.

Agência Assembleia de Notícias - Repórter - Bárbara Lauria
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