Profissionais da educação reclamam de "invibilização" da categoria
Por iniciativa da deputada Bia de Lima (PT), os profissionais administrativos da educação do Estado de Goiás estão sendo homenageados na manhã desta terça-feira, 26. A solenidade, no Plenário Iris Rezende da Casa de Leis, comemora o Dia Nacional dos Profissionais da Educação, celebrado anualmente em 6 de agosto.
Vários profissionais da educação fizeram uso da palavra e abordaram as principais demandas da categoria. O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, José Carlos Bueno do Prado (Zezinho), disse que a iniciativa de Bia de Lima deveria ocorrer em todas as assembleias legislativas. “É importante agradecer à deputada Bia, porque, na maioria das vezes, somos invisibilizados. As pessoas parece que fazem questão de não nos veren. Mas, como a Bia disse: somos nós que recebemos o aluno no portão, nós cuidamos, alimentamos e estamos ali no dia a dia de cada estudante”, frisou.
Zezinho enfatizou que, na maioria dos estados os funcionários administrativos não ganham nem um salário mínimo. “Eles precisam, na verdade, de um bônus para que o salário chegue ao mínimo, porque ninguém pode receber menos do que o salário mínimo. Isso sem falar nos penduricalhos, como auxílio-alimentação, auxílio-transporte, tudo isso para chegar ao tal do salário mínimo. E isso é uma questão que a gente tem que refletir, porque essa é uma realidade.”
Concursos
Secretário de Administração e Finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Napoleão Batista Ferreira Costa defendeu a realização de concursos públicos como forma de garantir plano de carreira, progressão e valorização salarial da categoria. Ele criticou a decisão da Prefeitura de Goiânia de terceirizar serviços nas escolas, afirmando que a medida desvia recursos públicos para a iniciativa privada e precariza ainda mais o trabalho. “Terceirizar não valoriza, mantém salários mínimos e condições precárias”, afirmou.
Costa citou casos de abandono de cargos por administrativos concursados devido à baixa remuneração e ressaltou que há orçamento suficiente para assegurar melhores salários e condições dignas.
A secretária executiva da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), Lúcia Maria de Assis, que está representando o presidente da entidade, Luiz Dourado, também fez uso da palavra. Ela colocou que, neste momento histórico, reforça-se tudo que já foi dito sobre a invisibilidade e a histórica desvalorização dos profissionais da educação como um todo, e focando, especificamente, nesta manhã, nos profissionais que já foram designados como "não docentes" ou "técnicos administrativos", nomenclatura que varia conforme os documentos de cada município e estado.
"Percebemos que essa ausência de definição contribui, em muitos casos, para a invisibilidade da categoria. Vivenciamos um momento crucial em nosso país, com a discussão do Plano Nacional de Educação. Essa homenagem chega em boa hora, pois é nesse plano que se definem as diretrizes políticas para a educação dos profissionais. É o momento de incluir os profissionais administrativos da educação na pauta”, salientou.
Marco para valorização
Por sua vez, a secretária do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Suely Coutinho, destacou a importância da data e agradeceu à deputada Bia de Lima pela iniciativa. “Este é um dia muito importante para todos nós. Assim como o 15 de outubro é reconhecido como o Dia do Professor, este momento é um marco para lembrar e valorizar os administrativos da educação”, afirmou.
Coutinho lembrou a trajetória do movimento sindical, ressaltando que o sindicato não representa apenas professores, mas toda a comunidade escolar. “O sindicato nasceu voltado para os docentes, mas, desde 1992, com a fundação do Sintego, passamos a representar também os trabalhadores administrativos da educação. Somos a voz de todos que fazem a escola acontecer”, concluiu.