Representantes do CB-GO e síndicos pontuam particularidades sobre veículos elétricos em prédios
Durante a audiência pública que debate a questão de carregamento de veículos elétricos em edifícios, o comandante do Comando de Atividades Técnicas (CAT), do Corpo de Bombeiros de Goiás (CB-GO), coronel Marcos Vinícius, trouxe a perspectiva da corporação sobre a segurança e os riscos de incêndio. O oficial afirmou que a preocupação principal da instituição é com a edificação e a vida das pessoas.
"Muitas pessoas querem colocar o veículo elétrico como o vilão da história, mas,se observarmos a evolução dos veículos ao longo dos anos, podemos notar que, com ela, tivemos o aumento de materiais combustíveis", explicou
O representante do CB-GO destaca um problema específico em garagens do tipo "gaveta" (onde um veículo fica à frente do outro), a qual o protocolo de segurança impede a remoção de carros em caso de incêndio, dificultando a ação dos bombeiros. Ele também ressalta que, mesmo com o pouco tempo que um veículo leva para se incendiar por completo, a segurança dos ocupantes do prédio é a prioridade máxima.
"Pensando nesses itens de segurança, o Corpo de Bombeiros elaborou uma nova diretriz que estabelece critérios e protocolos para a instalação e a gestão de veículos elétricos em ambientes residenciais e comerciais, visando mitigar riscos e garantir a proteção de vidas e patrimônio”, colocou Marcos Vinícius.
Major Raphael Paiva, chefe do Departamento de Normatização e Doutrina do CB-GO, discorreu sobre as regras técnicas para a instalação de carregadores elétricos: os tipos 1 e 2, que usam tomadas comuns, só poderão ser instalados em áreas externas, enquanto os tipos 3 e 4, com dispositivos de proteção intrínsecos, são autorizados em estações de carregamento rápidas. Cada ponto terá desligamento individual, além de um ponto geral para garagens com múltiplos carregadores, garantindo segurança elétrica e proteção contra sobrecarga.
Paiva reforçou que as normas foram definidas após dois anos de estudo pelo Conselho Nacional de Comandantes-Gerais de Bombeiros, com participação de todos os estados, buscando padronização, mitigação de riscos e estímulo seguro ao mercado de carros elétricos. “Queremos que o consumidor e o setor entendam que a prioridade é a proteção das pessoas, com sistemas preventivos adequados e prazos de adaptação”, concluiu.
Diálogo
Posteriormente, o deputado Amauri Ribeiro (UB), autor da audiência, passou o uso da palavra para os presentes colocarem suas demandas. Josué Krishnamurti, presidente das Associações dos Síndicos, explica que o objetivo não é ir contra a inovação, mas sim garantir a segurança coletiva e a integridade da moradia de cada um. "Nós não queremos ir contra a tendência do carro elétrico, a modernização que está aí. O que queremos é garantir a segurança coletiva, a moradia de cada um, e para isso precisamos ter regras e procedimentos", afirma.
Krishnamurti ressalta que o carregamento dos veículos não pode ser feito de qualquer maneira e que é essencial seguir um protocolo de segurança para buscar soluções efetivas.
A advogada Larissa Nunes, membro da Comissão de Direito Condominial da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), pontua a necessidade de normativas claras para lidar com a situação. Ela destaca os custos elevados que envolvem a adaptação estrutural dos edifícios e a dificuldade de se obter o quórum necessário para a aprovação das mudanças. "Precisamos da normativa. É necessário dois terços dos condôminos para aprovação de várias questões da temática, e sabemos que não teremos dois terços de moradores com carro elétrico. Isso dificulta a aprovação."
Além das barreiras legais e financeiras, a advogada aponta para potenciais conflitos entre moradores sobre o rateio dos custos de consumo de energia e levanta questões ambientais, o que amplia a complexidade do tema.