Autoridades falam da importância de políticas públicas no trabalho de pacientes de saúde mental
A secretária municipal de Governo, Sabrina Garcez, durante sessão solene em homenagem aos profissionais que lutam pela conscientização da vida e prevenção ao suicídio, dentro do mês “Setembro Amarelo”, nesta sexta-feira, 12, ressaltou a importância da prevenção ao suicídio e do fortalecimento da rede de apoio psicossocial.
Sabrina lembrou que, ainda como vereadora, trabalhou em pautas ligadas à saúde emocional. “Eu fiz isso sabendo que essas pautas não mobilizam multidões, não rendem manchetes, não trazem votos imediatos, mas trazem a vida, trazem a dignidade e trazem a humanidade à política”, afirmou.
A secretária ressaltou que o trabalho conjunto com instituições permitiu a criação de políticas públicas de acolhimento. “Institucionalizamos serviços, fortalecemos parcerias, capacitamos agentes públicos. Saúde emocional não é luxo, saúde emocional é urgência”, disse.
Sabrina defendeu também a importância da campanha de prevenção ao suicídio. “Setembro Amarelo é o mês da escuta, da empatia e da quebra de tabus. O suicídio não é fraqueza, é um pedido de socorro que a sociedade tem o dever de ouvir”, declarou.
Por fim, Garcez reforçou a necessidade de compromisso político com o tema. “A política precisa ter coragem de enfrentar o invisível. O sofrimento emocional é invisível até que se torne tragédia. E, quando chega esse ponto, já é tarde demais”, concluiu.
Por sua vez, o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho 18ª região, Alpiniano do Prado Lopes, relatou que há 27 anos foi procurado por um eletricista que sofreu um acidente de trabalho, depois de perder os dois braços, e, naquela ocasião, o rapaz pensava em se matar. “Nós buscamos de todas as formas ajudá-lo, até que, por meio de acordo, a usina de cana comprou uma casa para esse cidadão e pagou a faculdade do filho que na época tinha 3 meses, mas ainda assim ele nunca mais pôde carregar o filho nos braços”, destacou.
Seguindo seu relato, essa semana ele voltou a manter contato com ele e ficou feliz em saber que ele montou uma ONG para cuidar de outras pessoas na mesma situação. “Esse foi um dos casos que mais me marcaram na procuradoria, pois ele recuperou a vida graças ao trabalho do MPT. Só assim a gente percebe o quanto podemos fazer pelo outro com dignidade, respeito e consideração. Eu consegui carregar meus filhos nos braços, mas esse cidadão não pôde”.
O procurador do Trabalho e coordenador do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, Luis Fabiano de Assis, falou sobre a importância de políticas públicas fundamentadas em dados. Segundo ele, apenas 46% dos municípios brasileiros possuem serviços voltados a pessoas com transtornos mentais e, em Goiás, 55% das cidades ainda não oferecem atendimento.
“Entre 2022 e 2024, houve aumento significativo nos afastamentos por incapacidade temporária relacionados à saúde mental, passando de 201 mil para 472 mil casos. As principais causas são depressão, ansiedade e depressão recorrente”, afirmou.
Assis ressaltou que a atuação do observatório permite mapear onde os problemas são mais frequentes e orientar a criação de políticas públicas localizadas, fortalecendo a prevenção e o cuidado com a saúde mental.