Talles Barreto realizou solenidade nesta 6ª-feira em homenagem aos profissionais que lutam pela prevenção ao suicídio

O deputado Talles Barreto (UB) realizou na manhã desta sexta-feira, 12, sessão solene em homenagem alusão a campanha "Setembro Amarelo". O intuito foi reconhecer autoridades, entidades, organizações não governamentais e profissionais que lutam pela valorização da vida e prevenção ao suicídio.
O evento aconteceu no Plenário Iris Rezende da Casa de Leis.
Além do parlamentar, participaram da mesa diretiva: o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, representando o governador Ronaldo Caiado (UB); a vice-prefeita de Goiânia, Coronel Cláudia; o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho 18ª região, Alpiniano do Prado Lopes; a secretária municipal de governo, Sabrina Garcez; o procurador do trabalho e coordenador do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, Luis Fabiano de Assis; o secretário adjunto Assistência Bombeiro Militar, Tenente Coronel Pimenta; o diretor do instituto Brasil Central de Educação e Saúde, Danilo Suassuna; e, ainda, a psicóloga da Rede Umbiguinho Umbigão, Karla Cerávolo.
Talles Barreto fez uso da tribuna e em seu discurso destacou que setembro é um mês de reflexão sobre a vida e ressaltou a importância do cuidado com a saúde mental. “Vivemos tempos desafiadores, em que o cuidado com a saúde mental se tornou um tema inadiável. Não há saúde plena sem equilíbrio emocional”, afirmou.
O parlamentar também destacou a necessidade de acolhimento: “É preciso reconhecer que defender a vida não é apenas impedir que ela se perca, mas garantir que ela seja plena, com oportunidades e possibilidade de recomeço.” O deputado ainda mencionou a rede de apoio formada por diferentes áreas: “Psicólogos, médicos, assistentes sociais, enfermeiros, policiais, voluntários e tantos outros formam uma rede de proteção e cuidado que são fundamentais no trabalho a favor da vida”.
Por fim, Talles reforçou o compromisso do Legislativo com a causa: “Apoiar políticas públicas eficazes, investir em saúde mental e levar a mensagem de que a vida importa e ninguém está sozinho é o nosso dever”, concluiu.
Psicologia
Os psicólogos do Instituto Suassuna, Karla Cerávolo e Danilo Suassuna, destacaram o acolhimento da sociedade como um diferencial nas ações voltadas à saúde mental.
Karla conclamou toda a sociedade a olhar nos olhos e sentir quando se percebe a dor, “para não deixar que ela fique grande demais”. Para a psicóloga, é preciso ter responsabilidade com o chamado para a vida, primeiramente com a própria vida. Ela seguiu com argumentos de que a tristeza e o adoecimento invadiram a internet, o mundo virtual, com tantos posts que falam de tragédia, deixando “nossa sociedade cada vez mais medicada”.
A psicóloga afirmou que é necessária a participação de todas as autoridades públicas quando se fala em saúde mental e destacou a campanha “Escolha Viver”, que, segundo ela, começa em cada uma das gestantes. Em seguida, ela cantou uma música temática, que reflete o direito de assistência ao parto e pós-parto com pré-natal com apoio psicológico para que as mães tenham suporte, acolhida.
O psicólogo e também diretor do instituto Brasil Central de Educação e Saúde Danilo Suassuna, ao abrir sua fala, agradeceu a recepção na Assembleia. “No dia que mandei um ofício sobre a ideia de pintar a Alego de amarelo, não imaginei que se transformaria em uma grande mobilização. Quando cheguei aqui, vi tanta gente envolvida, me senti em casa, acolhido por muitos braços”, declarou.
O diretor destacou que a campanha “Escolha Viver” não se restringe a uma categoria, é uma tarefa coletiva. “Muitas vezes se pensa que o Setembro Amarelo é só da psicologia, mas não é. Vocês são um pedacinho da psicologia na vida das pessoas”.
O diretor também lembrou do trabalho realizado no Centro de Atenção em Crise e Suicídio (CACS). Para ele, “o atendimento às tentativas de suicídio mostra homens e mulheres que arriscam suas vidas ao lado da população, buscando compreender e apoiar quem sofre”.
Danilo citou a importância de levar a psicologia para além do consultório. “É preciso ampliar os horizontes da psicologia. Ela não pode estar isolada. Se faz no cotidiano, no encontro, no território, em cada gesto, em cada escuta, em cada ato de cuidado, em cada movimento de esperança”, declarou.
Ao final, o psicólogo reafirmou sua missão: “um dia me perguntaram se eu queria mudar de Goiânia. Eu disse que não: eu quero mudar Goiânia. Essa é a minha causa. A defesa da vida é uma tarefa coletiva, de cada um que está aqui hoje”, concluiu.
Políticas públicas
A secretária municipal de Governo, Sabrina Garcez em seu discurso ressaltou a importância da prevenção ao suicídio e do fortalecimento da rede de apoio psicossocial.
Sabrina lembrou que, ainda como vereadora, trabalhou em pautas ligadas à saúde emocional. “Eu fiz isso sabendo que essas pautas não mobilizam multidões, não rendem manchetes, não trazem votos imediatos, mas trazem a vida, trazem a dignidade e trazem a humanidade à política”, afirmou.
A secretária ressaltou que o trabalho conjunto com instituições permitiu a criação de políticas públicas de acolhimento. “Institucionalizamos serviços, fortalecemos parcerias, capacitamos agentes públicos. Saúde emocional não é luxo, saúde emocional é urgência”, disse.
Sabrina defendeu também a importância da campanha de prevenção ao suicídio. “Setembro Amarelo é o mês da escuta, da empatia e da quebra de tabus. O suicídio não é fraqueza, é um pedido de socorro que a sociedade tem o dever de ouvir”, declarou.
Por fim, Garcez reforçou a necessidade de compromisso político com o tema. “A política precisa ter coragem de enfrentar o invisível. O sofrimento emocional é invisível até que se torne tragédia. E quando chega esse ponto, já é tarde demais”, conclui.
Por sua vez, o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho 18ª região, Alpiniano do Prado Lopes relatou que há 27 anos foi procurado por um eletricista que sofreu um acidente de trabalho, depois de perdeu os dois braços e, naquela ocasião, o rapaz pensava em se matar. “Nós buscamos de todas as formas ajudá-lo, até que por meio de acordo, a usina de cana comprou uma casa para esse cidadão e pagou a faculdade do filho que na época tinha 3 meses, mas ainda assim ele nunca mais pôde carregar o filho nos braços”, destacou.
Seguindo seu relato, essa semana, ele voltou a manter contato com ele e ficou feliz em saber que ele montou uma ONG para cuidar de outras pessoas na mesma situação. “Esse foi um dos casos que mais me marcaram na procuradoria, pois ele recuperou a vida graças ao trabalho do MPT. Só assim a gente percebe o quanto podemos fazer pelo outro com dignidade, respeito e consideração. Eu consegui carregar meus filhos nos braços, mas esse cidadão não pôde”.
O procurador do Trabalho e coordenador do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, Luis Fabiano de Assis falou sobre a importância de políticas públicas fundamentadas em dados. Segundo ele, apenas 46% dos municípios brasileiros possuem serviços voltados a pessoas com transtornos mentais, e em Goiás 55% das cidades ainda não oferecem atendimento.
“Entre 2022 e 2024, houve aumento significativo nos afastamentos por incapacidade temporária relacionados à saúde mental, passando de 201 mil para 472 mil casos. As principais causas são depressão, ansiedade e depressão recorrente”, afirmou.
Assis ressaltou que a atuação do observatório permite mapear onde os problemas são mais frequentes e orientar a criação de políticas públicas localizadas, fortalecendo a prevenção e o cuidado com a saúde mental.
Prevenção
A vice-prefeita de Goiânia, Coronel Cláudia (Avante), assegurou que o ‘Setembro Amarelo’ fala do bem mais precioso que nós temos: a vida. “Os profissionais da psicologia têm o desafio de fazer o ser humano compreender que na nossa existência não existem somente alegrias, mas também perdas e frustrações, muitas vezes somos confrontados com situações difíceis”, disse.
Coronel Cláudia afirmou que “as responsabilidades precisam ser compartilhadas. O nosso prefeito recebeu Goiânia com muitos desafios e vamos olhar para o que se pode fazer e fazer acontecer. O nosso programa é ter uma cidade mais humana, olhando para cada um com empatia, entender a dificuldade para fazer a diferença”.
Segundo ela, o ‘Setembro Amarelo’ convida à reflexão exigindo a quebra de tabus. “Parabenizo todos os profissionais que fazem a diferença na área da saúde mental”, pontuou.
Em seguida, o Coronel Washington, representando o governador Ronaldo Caiado (UB), subiu à tribuna para seu rápido pronunciamento. Ele disse que a corporação é um termômetro e ela percebe nas ruas o que tem acontecido, pós-pandemia os índices de tentativa de suicídio aumentaram. Ele disse que o comando especializado atua melhor com profissionais que sabem colocar as palavras com técnicas mais assertivas. “O que dói é quando dentro da corporação se percebe heróis adoecidos”.
“Acredito que é necessário colocar um filtro nos pensamentos e nas emoções. O profissional do Corpo de Bombeiros muitas vezes precisa ser duro, mas também precisa relaxar. Que a gente possa ter maiores conexões e também possa ser luz. O pós-parto do meu primeiro filho e segundo filho foi muito exigente pois a minha esposa teve um puerpério difícil, já no terceiro filho tivemos acompanhamento psicológico ainda na gestação e tudo ficou mais fácil”, destacou.
Por fim, o presidente do Instituto de Desenvolvimento de Mercado Interno (IDNI), Ricardo Borges Pereira falou em nome dos homenageados e destacou a importância do compromisso das autoridades e profissionais envolvidos em ações de prevenção e cuidado com a sociedade.
“Eu não estou cabendo de orgulho de ver o compromisso de vocês. As ações ganham potência quando pessoas, como vocês, assumem o compromisso e dão tamanho, voz e sentido a elas”, afirmou.
Ricardo reforçou o papel do IDNI na promoção de impacto social e prevenção, ressaltando a importância de atuar próximo à vida das pessoas e nos territórios dos municípios. “A inércia de quem pode é a trava do mundo. O mundo trava quando cada um que pode fazer alguma coisa deixa de fazer. Hoje, estamos celebrando pessoas que não são inertes”, finalizou.