A luta continua

A categoria em Goiás tem conquistas recentes, aprovadas pelo Parlamento, mas a deputada Bia de Lima alerta para a persistência de problemas estruturais, como a sobrecarga de trabalho e a taxação de aposentados.
O Dia do Professor, neste 15 de outubro, encontra a categoria em Goiás em um cenário de contrastes. Enquanto conquistas recentes, aprovadas pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), prometem reajustes salariais e novos quadros, os principais líderes sindicais e parlamentares alertam para a persistência de problemas estruturais, como a sobrecarga de trabalho e a taxação de aposentados.
A deputada Bia de Lima (PT), presidente da Comissão de Educação da Alego e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), aponta a urgência na reversão do aumento da jornada e alerta para o risco de um "apagão da educação" no futuro. Segundo ela, a principal reivindicação dos professores goianos é relativa à carga horária de trabalho, que foi aumentada desde 2022 sem a correspondente elevação salarial. "O aumento da jornada de trabalho não só está exaurindo a nossa categoria, como também adoecendo."
A proposta de redução de jornada é vista pela deputada como o "melhor presente" que o Governo de Goiás poderia dar aos professores neste 15 de outubro. A medida inclui a redução de aulas para os professores das escolas de tempo integral, permitindo mais tempo para preparo e atendimento aos alunos, reconhecendo que "o trabalho do professor não é só estar na sala de aula".
Outro ponto de mobilização da categoria é o fim da taxação de 14,25% sobre os proventos dos professores aposentados. Lima critica a medida como um "desrespeito a quem dedicou a vida inteira à educação" e defende a urgência em "suspender, a eliminar" o desconto.
A luta da deputada e do sindicato foca em uma mudança de compreensão: "Se você valoriza a carreira, você respeita quem está na ativa, mas também quem já se aposentou. É uma mudança de compreensão e de olhar", defende.
Embora o reajuste do piso e da data-base de 2024 tenha sido aprovado em 4,62%, a deputada aponta que o índice é insuficiente para cobrir as perdas históricas, estimadas em quase 70% em perdas passivas.
Reestruturação
Apesar das críticas, o último ano trouxe alguns avanços para a categoria, materializados na Alego. Em outubro de 2024, foi aprovada a reestruturação da carreira do magistério, prevendo reajustes salariais a partir de 9,59%. A gratificação de regência subiu de R$ 1.111,54 para R$ 2.000,00, e a de coordenação pedagógica, de R$ 700,00 para R$ 1.260,00. As mudanças terão um impacto orçamentário de mais de R$ 600 milhões nas contas do Governo em 2025.
Foi aprovada também a possibilidade de o Executivo instituir um bônus por resultado em 2025. Além disso, a convocação de novos professores aprovados em concurso foi antecipada para novembro de 2025, sinalizando a necessidade de reforço no quadro.
Goiás também tem se destacado na área pedagógica, com programas como o AlfaMais Goiás e o Ser Goiás contribuindo para a melhora no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A Alego tem atuado como palco central nas negociações. A deputada Bia de Lima utiliza sua dupla função para pautar não apenas as questões salariais e previdenciárias, mas também a defesa da saúde mental e da dignidade profissional. O Legislativo, além de aprovar as medidas do Executivo após debates, também realiza homenagens para reforçar o prestígio social dos educadores.
A parlamentar, contudo, alerta para o risco de um "apagão da educação" nos próximos anos. "A juventude está buscando outras categorias. Ela luta por uma profissão em que vá proporcionar uma qualidade de vida melhor. Mas, hoje, infelizmente, na educação nós estamos tendo é agressões, violência e salário ruim", lamenta.
Neste Dia do Professor, a mensagem dos educadores goianos é de luta por dignidade e por melhores condições de trabalho, além de aposentadoria continua, buscando que o reconhecimento da profissão se traduza em respostas positivas e valorização da categoria.