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Mobilizar para prevenir

13 de Novembro de 2025 às 10:00
Mobilizar para prevenir

No penúltimo mês do ano, as campanhas chamam a atenção para os tipos de câncer mais comuns em homens (Novembro Azul) e entre o público infantojuvenil (Novembro Dourado). O objetivo é estimular a prevenção. 

Neste mês, o mundo inteiro celebra as campanhas Novembro Azul e Novembro Dourado. São cores que retratam as campanhas de saúde que se utilizam do simbolismo de laços de fita, uma prática que se popularizou nos Estados Unidos com o objetivo de chamar a atenção da população para a prevenção, o diagnóstico precoce e a conscientização sobre diversas doenças, especialmente os tipos de câncer.

O uso de fitas como símbolo de conscientização tem raízes no século XIX, quando mulheres americanas usavam laços (amarelos) no cabelo em apoio aos maridos na Guerra Civil. No entanto, a prática moderna das campanhas de saúde coloridas ganhou força e popularidade, levando outras organizações a adotarem cores e meses para suas próprias causas, resultando em um movimento global.

Para apoiar ações voltadas para a área da saúde, a Organização das Nações Unidas (ONU) fundou, em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma agência especializada que coordena as ações internacionais de saúde.

É a OMS quem tem a liderança em questões críticas para a saúde e envolvimento em parcerias, onde a ação comum é importante para determinar uma agenda de campanhas com a difusão de conhecimentos valiosos.

O Novembro Azul é uma campanha que busca conscientizar toda a sociedade a respeito da necessidade de cuidados especiais com a saúde integral do homem, abrangendo temas como doenças crônicas, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), saúde mental e o câncer de próstata, tipo mais prevalente de neoplasia entre os homens e que, infelizmente, vem apresentando crescimento ano a ano.

A campanha, que integra o calendário mundial, busca quebrar paradigmas e colaborar para a extinção de tabus ao divulgar anualmente informações importantes sobre o câncer de próstata.

No Brasil, o Ministério da Saúde apontou que o índice de mortalidade por câncer de próstata teve crescimento em 25 estados nos últimos 14 anos. Entre os que mais registraram aumento estão Pará (111,3%), Amapá (97,9%); Maranhão (82,6%), Mato Grosso (65,9%) e Bahia (63,8%). Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a mortalidade pela doença ainda é alta e vitima cerca de 25% daqueles que desenvolvem neoplasias malignas.

O Novembro Dourado é uma iniciativa que alerta pais, crianças e jovens sobre o câncer infantojuvenil, buscando levar informação para toda a população sobre os tumores mais frequentes na infância e na adolescência, como as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que aproximadamente 8 mil casos sejam descobertos anualmente, fazendo deste tipo de câncer uma das principais causas de morte (8% no total) por doença entre jovens de zero a 19 anos no Brasil.

Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina e o fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).

Segundo a Associação Brasileira de Câncer do Sangue (Abrale), a falta de diagnóstico precoce e de acesso a tratamento especializado faz com que a taxa de mortalidade do câncer infantojuvenil no Brasil seja o dobro da verificada em países desenvolvidos. Problemas de acesso e falhas de assistência adequada levam o país a manter o índice de morte estagnado há 20 anos.

Fatores de risco e prevenção

Em entrevista à equipe de reportagem da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa de Goiás, o médico oncologista Uira Resende explicou que todos os tipos de câncer têm em comum o crescimento desordenado e descontrolado de células que se multiplicam de forma anormal.

Esse processo ocorre porque as células normais se reproduzem desordenadamente. As células cancerosas também se caracterizam pela perda de função e pela capacidade de se espalhar pelo corpo, um processo chamado metástase.

Em sua abordagem, ele argumentou que o câncer aparece quando células do nosso corpo acumulam “erros” no DNA e perdem o freio de crescimento. Esses erros vêm do tempo (envelhecimento), do ambiente (cigarro, radiação UV, álcool, vírus como HPV e hepatite B) e, em menor parte, de herança familiar. Quando os mecanismos de reparo falham, a célula passa a se multiplicar sem controle e pode invadir outros órgãos.

De acordo com o especialista, existe uma variedade enorme de câncer e eles variam em termos de localização, velocidade de crescimento, agressividade e tratamento. Entretanto, alguns são mais comuns, como os de pele, mama, próstata, colorretal (intestino), pulmão e colo de útero. Outros tipos incluem leucemia, linfoma, estômago, fígado e esôfago. Os tipos de câncer podem ser classificados pela localização do tumor primário no corpo, como anal, de bexiga, de boca, de pâncreas, entre outros.

O oncologista alertou para os principais fatores de risco que, segundo ele, são: o cigarro normal e eletrônico (disparado o maior vilão, para vários órgãos); a idade (quanto mais velha a pessoa, maior o risco); a obesidade; o sedentarismo; a alimentação pobre em frutas e verduras e rica em ultraprocessados; e o álcool em excesso.

Algumas infecções como o HPV podem contribuir para o surgimento do câncer de colo do útero, orofaringe e ânus; já as hepatites B e C podem levar ao desenvolvimento da doença no fígado. A exposição solar excessiva sem proteção; a história familiar; síndromes hereditárias (minoria, menos de 10% do total, mas importantes); e ainda exposições ocupacionais (solventes, agrotóxicos, amianto) também são fatores de risco para a doença.

“O câncer tem prevenção e envolve principalmente mudanças no estilo de vida, como não fumar, ter uma alimentação saudável e equilibrada, evitar o consumo excessivo de álcool, praticar atividade física regularmente e proteger-se do sol. Além disso, é fundamental realizar exames de detecção precoce, como mamografia, Papanicolau, colonoscopia e exames da próstata, além de se vacinar contra vírus como o HPV e a hepatite B, pois a rapidez no diagnóstico (biópsia e imagem) faz enorme diferença no resultado”, afirmou Resende.

“A prevenção requer visitas periódicas ao médico que passa a ter um histórico do paciente. Além disso, quando houver alguns sinais de alerta é necessário procurar um especialista para avaliação. Portanto, fique atento ao aparecimento de caroços, manchas, feridas ou pintas que não desaparecem e com cansaço excessivo e perda de peso sem explicação, sangramento, tosse ou rouquidão persistente”, alertou o médico.

Já o câncer infantojuvenil, conforme o oncologista, geralmente não está ligado a hábitos e surge por alterações do desenvolvimento das células, sendo mais comuns as leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas. Os pais devem estar sempre alertas aos seguintes sintomas: febre prolongada, palidez, manchas roxas, dor óssea persistente, aumento de linfonodos, dores de cabeça com vômitos matinais e aumento de massa no abdome.

Uira Rezende ressaltou que o Parlamento goiano tem papel importante na prevenção ao câncer, por conta da possibilidade de criar políticas públicas que possam, por exemplo, desestimular o fumo por meio do aumento de impostos, combater o marketing relacionado aos dispositivos eletrônicos (vapes); estimular a ampliação da vacinação contra o HPV e a hepatite B, entre outras propostas.

“O Parlamento Goiano tem papel central na construção de políticas públicas mais efetivas e capazes de prevenir doenças, dentre elas o câncer. Então, os deputados estaduais podem estabelecer metas para estimular o acesso a informações, controlar o acesso ao álcool e ao tabaco, porque essas substâncias aumentam exponencialmente o risco de doenças, dentre elas os diversos tipos de câncer”, declarou Rezende.

Projetos de lei

Conscientes do seu papel de caixa de ressonância social, os deputados goianos têm proposto medidas que visam ao cuidado da saúde, especialmente no que diz respeito à prevenção do câncer. Nesse sentido, o deputado Dr. George Morais (PDT) apresentou dois projetos de lei referentes ao tema.

Os projetos de lei nº 8198/23 e nº 8.183/23 buscam, respectivamente, instituir a Política Estadual de Prevenção e Tratamento do Câncer de Próstata e alterar a Lei nº 20.728/20, de 15 de janeiro de 2020, que institui a Campanha de Prevenção ao Câncer de Próstata denominada mundialmente de "Novembro Azul" em Goiás.

As matérias, de acordo com o deputado, têm o objetivo de diminuir a incidência do câncer de próstata por meio do estímulo à prevenção, detecção precoce e, ainda, melhoria da qualidade de vida dos pacientes já diagnosticados com a neoplasia, oferecendo o tratamento oportuno e cuidados paliativos quando necessário.

Em sua justificativa, o legislador explicou que “o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais incidente na população masculina em todas as regiões do país, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano, para o triênio 2023-2025. Atualmente, é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina, reafirmando a importância da prevenção desta doença em todo o território goiano”.

O pedetista destacou que a idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo mais incidente em homens a partir da sexta década de vida. Ele acrescentou que outro fator de risco é o histórico familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos, bem como a obesidade para tipos histológicos avançados. Destaca-se também a exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho, sendo responsável por 1% dos casos de câncer de próstata.

Agência Assembleia de Notícias
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