Audiência Pública discute promoção da saúde da população negra e combate ao racismo
Na tarde desta quinta-feira, 27, no Auditório Costa Lima, a Assembleia Legislativa realizou audiência pública para discutir políticas de saúde da população negra. O debate foi proposto pela deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), que presidiu a mesa de abertura dos trabalhos.
“Essa reunião é muito importante para nós porque meu mandato tem como uma das prioridades lutar contra todas as formas de violência e discriminação. Minha equipe e eu estamos participando dessa audiência para registrar as demandas e sugestões de vocês e trazer essas propostas para o Poder Legislativo”, destacou a parlamentar.
Também compuseram a mesa diretiva da audiência a psicóloga Michele Ribeiro da Silva; a assessora de gestão participativa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e integrante do Comitê de Saúde da População Negra de Goiânia, Adriana Oliveira Barbosa; o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes de Jesus; o secretário municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Pedro Wilson Guimarães; o presidente da Associação de Anemia Falciforme Caroline Vitória de Aparecida, João Ferreira da Silva e a representante do grupo de mulheres Malunga e da Organização de Mulheres Negras do Brasil, Talita Monteiro.
Participaram da audiência representantes de diversas entidades que compõem o Movimento Negro em Goiás, servidores da Saúde, além de estudantes e professores do Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador (Cesam-GO), entidade que integra o Sistema Salesiano de Ação Social (SSAS).
Pesquisadora e servidora do Governo paranaense no setor da Saúde, Michele Ribeiro da Silva palestrou sobre os avanços e desafios no que tange à saúde da população negra no Brasil. Para ela, a discriminação racial é determinante nesse quadro. “O racismo faz com que doenças que atingem majoritariamente a população negra, como é o caso da anemia falciforme, sejam menos estudadas. Essa é apenas uma das diversas práticas discriminatórias que, ainda hoje, se inserem no Sistema Público de Saúde”, definiu.
A psicóloga citou casos em que, por preconceitos culturais, agentes de endemias deixam de visitar casas em que são praticadas religiões de origem africana. “Existe todo um cenário que prejudica a saúde dessas populações, como as condições sociais e financeiras, o tratamento desigual no acolhimento e atendimento em unidades hospitalares e os demais reflexos do racismo institucional”, exemplificou Michele.
A palestra também levantou dados e declarações que demonstram que o Estado brasileiro reconhece a existência do racismo institucional, e embora a passos lentos, vem buscando mais equidade ao tratamento hospitalar. “A instituição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, em 2010, foi um importante instrumento, uma resposta do Ministério da Saúde às denúncias e demandas do Movimento Negro”, destacou.
Findada a palestra, houve espaços para as falas dos participantes e dos demais integrantes da Mesa. O presidente do Conselho Estadual de Saúde criticou a inserção de Organizações Sociais (OS) na gestão das unidades de saúde. Venerando Lemes também pediu maior participação negra nos espaços de poder e controle social.
Adriana Oliveira Barbosa ressaltou a importância de se discutir a temática e convidou a todos a participarem das reuniões do Comitê de Saúde da População Negra de Goiânia. “Precisamos de vocês no Comitê e no Conselho Municipal de Saúde para construir juntos uma nova mentalidade nos gestores, nos profissionais de saúde e na população em geral”, reiterou a servidora.