Deputados repercutem em Plenário delações de empresários que envolvem Michel Temer e Aécio
Deputados estaduais da base aliada e da oposição avaliaram nesta quinta-feira, 18, antes do início da sessão plenária, a situação política e econômica do país diante dos efeitos da delação premiada dos irmãos empresários Joesley e Wesley Batista, do Grupo JBS. Em depoimentos ao Ministério Público Federal, os empresários revelaram que o presidente Michel Temer tinha conhecimento do pagamento de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador do PMDB, Lúcio Funaro, presos pela Operação Lava Jato, para não revelarem o que sabem. Em conversa gravada por Joesley Batista, Temer teria sido informado sobre o esquema e teria pedido para manter o pagamento pelo silêncio de ambos.
O empresário também gravou outra conversa em que o presidente da República indica o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR) para resolver assuntos de interesse do grupo junto ao Governo Federal. O parlamentar foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, referente a uma parcela da propina que receberia mensalmente, por um período de 20 anos, por ter atendido os pedidos do dono da JBS.
Na mesma delação premiada, os empresários confessaram o pagamento de R$ 2 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Também em conversa gravada, o tucano revela que utilizaria o dinheiro, que a Polícia Federal confirmou a entrega ao primo do político mineiro, para pagar despesas com sua defesa nas denúncias que responde no âmbito da Operação Lava Jato.
Antes de começar a presidir os trabalhos da sessão ordinária, o presidente da Assembleia, José Vitti (PSDB), também avaliou o momento político nacional. “Isso tudo é lamentável. A gente começava a sentir uma recuperação, sentir uma credibilidade externa em relação ao nosso país, de forma que isso foi jogado por terra novamente. Isso é muito triste”, pontuou. Vitti defendeu a renúncia do presidente Temer e a convocação de eleições diretas.
O deputado José Nelto (PMDB) disse à Agência Assembleia de Notícias que os dois casos são muito graves e defendeu a imediata renúncia de Temer. “O presidente não tem o direito de sangrar ainda mais a nação brasileira. Ele tem que renunciar rapidamente e o Congresso Nacional agir dentro da Constituição, nada fora da Constituição, escolher indiretamente um novo presidente da República que possa pacificar o Brasil e avançar e fazer as reformas necessárias para o crescimento do Brasil."
Humberto Aidar (PT) disse ver com tristeza os últimos acontecimentos na cena política brasileira. O parlamentar descarta a possibilidade de um novo impeachment, que segundo ele seria muito demorado e paralisaria o país. “O ideal seria que a presidente do Supremo Tribunal Federal pudesse assumir o país durante 60 dias e convocar uma eleição para presidente da República, seja por um ano e meio, seja para um mandato tampão. (...) Penso que o Congresso, hoje, não tem moral para bancar uma eleição indireta, por isso defendo eleições diretas”, disse Aidar.
Ex-presidente da Assembleia, o deputado Helio de Sousa (PSDB) lamentou a possibilidade de uma nova “paralisia” da economia do país. “O Brasil, lamentavelmente, ele vai parar no mínimo por seis meses pra saber ou achar qual que é o caminho pra seguir. Qualquer que seja ele eu entendo que tem que ser o mais rápido possível.”
Helio de Sousa concorda que mais cedo ou mais tarde Temer vai cair e defende que, seja qual for o sucessor, deva retomar a votação das reformas estruturais, como a Trabalhista e da Previdência. No entendimento dele, de extrema necessidade e importância para o país.
Lincoln Tejota foi taxativo ao defender a saída de Michel Temer e criticou a baixa participação da sociedade brasileira na discussão das questões políticas brasileiras. O parlamentar analisou ainda que, independentemente da solução para o impasse político, o “trauma” será inevitável. “Nenhuma das opções seria menos traumática. Toda ruptura, toda mudança drástica, como essa, ela implica várias situações (...), o que tem que ser feito é cumprir a Constituição e que os que forem condenados paguem”, concluiu.